Pelo direito de utilizar a palavra
Fazer uso da palavra
é ocupar uma lasquinha do oco do mundo
tornar o nada nomeável
o branco da folha habitável
fazer valer o direito de ser irrefreável
apresentar uma petição ao incognoscível
antes que o peso da existência doa
antes que o ‘é’ se torne ‘foi’ sem ter ‘sido’
até que o versificável cotidiano se mostre
apto a uma garatuja ou a um rabisco
então,
sejamos gota derramada
página marcada
letra a ser decifrada.