Odeio poesia
Odeio poesia e beija-flores,
esses ladrões de mágoas atrevidos,
que pairam de súbito e, desconvidos,
provar de minha lágrima suplicam.
Odeio poesia e borboletas,
essas aberrações multicoloridas,
de errantes, mutantes ciclos de vida,
que a meus males simplificam.
Odeio poesia e vaga-lumes,
esses tolos, renegados, fanfarrões,
que frustram negrumes, escuridões,
e em minhas dores cores salpicam.
Odeio poesia e qualquer poeta-vodu
que de minha emoção tome posse
e, sem permissão, ao mundo a endosse,
ainda que helicóptero doce,
lepidóptero fosse,
luzincu.