I DOMINGO DA QUARESMA

O Evangelho segundo São Marcos (Mc 1,12-15) nos mostra que impelido pelo Espirito, Jesus vai ao deserto para ser tentado pelo demônio. Comenta São João Crisóstomo que “sendo impelido, para que compreendas que isso foi feito de acordo com a palavra da disposição divina: e por isso também indicou que não deve o homem lançar a si mesmo contra a tentação, mas, como que impelido de outra parte rumo à tentação, deve dela sair vencedor” (Catena Áurea, Vol II, p.41)

Observamos que Jesus parte para o deserto após o seu batismo (Mc 1,9-11), e vence a tentação antes de iniciar sua vida pública, mostrando-nos – cristãos batizados –  que sofrendo as tentações, se seguirmos o exemplo de Cristo, podemos vencer. Ensina Santo Afonso de Ligório que “Os meios de que nos devemos servir para vencer as tentações são os mesmos que o nosso Divino Redentor nos ensina com seu exemplo no Evangelho de hoje. Jesus jejuou quarenta dias. Para vencermos as tentações e em particular as dos sentidos, é mister que nós também, especialmente neste tempo da quaresma, mortifiquemos a carne pelo jejum, pela penitência, e pelo recolhimento, e que ao mesmo tempo, avigoremos o espírito com meditações e orações, por que não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Meditações, III, p.299)

      Santo Tomás de Aquino comenta que “Era apropriado que Cristo fosse tentado”, pelas seguintes razões:

1 -  Para que Ele pudesse nos assistir em nossas próprias tentações. Por isso diz

São Gregório: “Era de fato justo que Ele vencesse as nossas tentações pela sua própria, do mesmo modo que Ele veio vencer a nossa morte pela sua morte”

2 – Para nos alertar que nenhum homem, não importa quão santo for, deve pensar que está salvo e livre de tentações. Comenta Santo Hilário que “O demônio prepara seus ardis especialmente para os momentos que acabamos de ficar santos, porque ele não deseja outra vitória, senão a vitória sobre o mundo da graça”     

3 – Para dar um exemplo de como nós devemos vencer as tentações do demônio. Comenta Santo Agostinho que “Cristo se dispôs ao demônio para ser tentado, para que ao termos nós de superar aquelas mesmas tentações, Ele servisse de ajuda não somente por seu auxílio direto, mas também pelo exemplo que deu”

 

4 -  Para preencher e impregnar o nosso espírito com a confiança em sua misericórdia. Lemos na carta aos Hebreus: "Porque não temos nele um pontífice incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado."(Hb 4,15)  

 

Uma Santa Quaresma a todos!

In caritate Christi

Léo Martins,

21/02/2021

Referencias Bibliográficas

AQUINO, Tomás (Santo); Mézard O.P., Pe. Denys (org). Meditações para QUARESMA.  1ª ed. Ecclesiae (CEDET), Campinas-SP, 2017.

LIGÓRIO, Afonso Maria de (Santo). Meditações para todos os dias do ano. Tomo I, Heder e Cia. Edição de 1921/1922. (Tradução: Pe. Thiago Maria Cristini e Pe. João de Jong)  

Leandro Martins de Jesus
Enviado por Leandro Martins de Jesus em 21/02/2021
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