PRÓLOGO DE MEU LIVRO: SAMUEL O GRANDE REFORMADOR

Houve uma época na terra de Israel, um período obscuro que podemos chamar de “Idade das Trevas sem o Conhecimento de Deus” ou, se preferir, “Período do Absolutismo do censo comum”.

“Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto aos seus olhos”. (Jz 21.25)

Esta era uma época em que as “estórias” não poderiam ser iniciadas com o verbo “Era” e as palavras “uma” + “vez” (Era uma vez), e os epílogos não seriam: “... e foram felizes para sempre.” como mostram as estórias da Idade Média. A historiografia datada deste período relata acontecimentos de paz e guerra, santificação e transgressões alternadas. Tudo isso cooperando para um cenário caótico, imoral e lúgubre.

O povo de Deus, desde a morte de Josué e dos anciões que viveram nos seus dias, andavam de maneira repreensível, fazendo o que é mau aos olhos do Senhor. A Bíblia diz que, nos dias que os filhos de Israel se viram sem guias espirituais, se afiliaram com as outras nações, as quais Deus lhes tinha dito que não deveriam fazer aliança. A falta de conhecimento e a insensibilidade dos filhos de Israel, com relação a Deus e suas ordenanças, alcança o seu apogeu.

Na tentativa de trazer o povo ao arrependimento e reatar a amizade com aqueles considerados seus, Deus envia um anjo que sobe de Gilgal a Boquim e diz:

“Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe à terra que a vossos pais tinha jurado, e disse: Nunca invalidarei o meu concerto convosco. E, quanto a vós, não fareis concerto com os moradores desta terra; antes, derrubareis os seus altares. Mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso? Pelo que também eu disse: Não os expelirei de diante de vós; antes, estarão às vossas costas, e os seus deuses vos serão por laço”. (Jz 2.1-3)

Depois de ouvidas todas aquelas palavras, o povo congregado ali chorou amargamente, e chamou aquele lugar de Boquim, que quer dizer: “chora dores”. E esta geração foi congregada a seus pais (Jz 2.10) e uma nova geração se levantou em seu lugar. Diz a Bíblia que esta nova geração não conhecia ao Senhor, muito menos seus estatutos. Fazendo aliança com aquelas nações, das quais Deus ordenara que não fizessem, antes, destruíssem os seus altares e exterminassem os falsos deuses. Os filhos de Israel foram laçados pelos ídolos, como disse o anjo do Senhor: “seus deuses lhes serão por laço”.

Deus, em sua justiça, sujeita o seu povo aos mais severos castigos. O Senhor ficou irado por seus atos, e os entregou nas mãos de todos seus inimigos ao redor. Por onde quer que saíam, a mão do Senhor era contra eles para mal. Neste período difícil, o povo se achava em grande aflição.

Em suas atitudes volitivas (ato ou manifestação de sua vontade), Deus levanta juízes capazes de livrar o povo oprimido. Estes juízes eram territoriais, isso significa que poderiam ter vários juízes julgando o povo, no mesmo período de tempo, em lugares diferentes, nos termos de Israel. Eles eram homens que Deus revestia com seu Espírito para aquela missão (Jz 6.34). Através da intervenção divina nas batalhas, o povo recebia grandes livramentos da parte de Deus, através dos juízes. Houve um total de treze juízes, num período de 350 anos (daí dizer-se que poderiam ter vários juízes no mesmo período de tempo, pois a idade média de um patriarca destes tempos era de mais de cem anos. Se fosse sempre um juiz, em todo o Israel para jugar o povo, seria, possivelmente, mais pesada a tarefa. Treze juízes, julgando de forma absoluta, estenderiam o período dos juízes para mais de 1200 anos na história de Israel). Apesar de estes juízes serem destacados como pessoas que levavam o povo à adoração a Deus (com exceção do mau exemplo de Sansão), eles nunca vão ter todas as repostas das perguntas do povo, nunca teriam uma base na Lei de Moisés para ensinar o povo.

Justamente por falta de conhecimento, em todo o livro de Juízes, vamos ver as pessoas agindo com base no “censo comum” (o que eles achavam estar certo) da época. O conhecimento era muito pobre nestes dias. No capítulo 17 de Juízes, encontramos a história de Mica e sua mãe. Este era um homem nobre que tinha cem ciclos de prata, que lhe foram entregues por sua mãe em “dedicação da parte do Senhor”. Estas moedas são devolvidas a sua mãe, a qual acrescenta mais cem ciclos de prata (200 ciclos = 4 mil reais em valores atuais) e as entrega a um artífice que constrói um terafim (os terafins eram deuses ou ídolos da família (Gn 31.30,34), eram conhecidos como protetores do lar ou da pessoa, uma espécie de anjo da guarda). Mica consagra um de seus filhos para ser sacerdote e ... pronto! Deus está em minha casa! Ela achava que Deus aprovava o que se fazia.

Nos nossos dias, muitas pessoas querem se aproximar de Deus, com base no censo comum, e o mais estranho é que querem que a Bíblia crie uma plataforma para a confirmação de suas ideias. Isto foi previsto pelo apóstolo Paulo, quando, inspirado por Deus, escreve a Timóteo três meses antes de ser decapitado (2Tm 4.4). Contudo, não pode ser assim, os que se aproximam de Deus precisam buscá-lo, de acordo com sua palavra. Deus não tem o culpado por inocente. O sacerdote Uzá, por exemplo, tentou segurar a arca porque os bois haviam tombado e acabou sendo fulminado por Deus (2Sm 6.1-11). E por quê? Não parece que ele estava fazendo uma coisa boa? Foi fulminado simplesmente pelo fato de que a arca deveria ser carregada pelos sacerdotes filhos de Coate, sobre varas (Êx 25.12-15; Js 3.8), não por bois, segundo a lei de Deus. E, também, a arca de Deus não poderia ser tocada (Nm 4.15). Deus não mudou. Se alguém quer se aproximar dele, deve reverenciá-lo.

O livro de Juízes termina com a seguinte expressão: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21.25). Esta era uma época em que o povo necessitava de gigantes e não os tinha. Mas uma nova geração estava por vir, geração esta que nasceria de muitas lágrimas de uma mãe que não se conformava com um ventre estéril, geração que receberia o ministério de trazer o povo ao arrependimento. Esta seria a geração de Samuel.

PRÓLOGO DE MEU LIVRO: SAMUEL O GRANDE REFORMADOR

Mesequias Oliveira
Enviado por Mesequias Oliveira em 20/01/2020
Código do texto: T6845928
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