Volta

Quanto tempo! Estive e ainda estou extremamente cheio de afazeres, mais decidi parar para redigir este texto.

Vivi toda minha juventude em outra nação. Parte dos primeiros dias eram de total desespero pois nada nem ninguém além de minha adorável Emi era capaz de me aliviar os sofrimentos. Suas lágrimas se misturavam com as minhas quando nos sentávamos do lado de fora do lugar onde morávamos e nos lembrávamos de tudo que havíamos deixado. A pequenina Yuri, nossa bebê, nossa pedrinha preciosa, nosso selo de matrimônio. Sentimos o peso das decisões mais amargas que podíamos pensar existir em nossas vidas.

Ao longo dos anos que foram passando fomos sendo cauterizados pelo tempo em nossa enormes feridas. Nos movíamos na maior parte do tempo, apenas por instinto. Não houve em nós, ou pelo menos em mim real ou maior necessidade de fazer alguma coisa senão que voltar.

Voltar se tornou tão impossível em alguns muitos momentos que nos esquecemos que precisávamos voltar. Nos esquecemos que precisávamos simplesmente dizer não para a hipócrita vida que levávamos, movidos pela falsa ideia de que tudo daria certo no dia seguinte. Isso nos tirou o direito de viver os melhores momentos ao lado de quem realmente nos importava. Nossos pais foram duramente castigados com nossa falta. Sofreram a separação e a preocupação diária de, pelo menos ter notícias sobre nós. Nos deixamos ir cada vez mais em direção a terra do “nunca”.

Posso compreender, no dia de hoje, o valor de voltar. Ir é sempre um alvo, mais voltar é uma necessidade vital para todos nós, pois um dia precisamos voltar.

Muitos anos passaram e o “voltar foi estendido e prorrogado”, deixei de lado o retorno e decidi permanecer. Meus pais se foram, eu não os pude enterrar, sequer senti o que meus irmãos sentiram, não compartilhei com eles a dor da perda, da despedida, do abraço, do consolo. Eu estava longe demais para isso e ir era meu alvo. Seguir em frente era o que fazia.

Embora muitos de nós consideremos o caminhar e a maturidade como resultado de livrar-se de restos da infância e juventude, me obrigo a dizer que estamos inteiramente enganados. Quando se cresce demais é natural não querer agir mais como criança, nisso perdemos a inocência, a simpatia e a simplicidade.

Compreendo que demorei voltar, não sei o porquê, mais demorei muito e em muitos lugares eu cheguei tarde demais. Em alguns relacionamentos eu me demorei tanto que os perdi. Eu me acostumei a dizer que; “Quando for o tempo de Deus eu volto.” Falei isso a vida toda.

O que acontece é que quando se decide caminhar sempre em direção a frente e olhando somente para aquilo que queremos, podemos acabar ignorando o ponto de partida, o cais, o porto seguro, os pilares de nossas vidas.

Quantos enquanto estão lendo este escrito se esqueceram de voltar para dar um abraço, se esqueceram de voltar para dar um beijo, se esqueceram de voltar pra dizer que ama. Quantos estão lendo este texto e se esqueceram que sua casa é o melhor lugar para estar e é para lá que um homem deve retornar.

Quantos se alimentam tanto de ir e ir em frente que se esquecem de prepara um lugar melhor para retornar. Quando tudo da errado todos precisamos voltar e se não deixamos a casa limpa como a encontraremos?

O filho pródigo decidiu ir e seguir em frente, caminhar para seu futuro. Fez isso deixando sua casa, seu pai, seu irmão. Foi tão em frente que quando descobriu que *_o avanço de um homem não está naquilo que ele conquista e sim naquilo que ele se torna_*, decidiu voltar.

Sua decisão custara muito caro, pois seus bens foram todos perdidos. Seu tempo foi desperdiçado, seus relacionamentos se fizeram em experiências apenas.

Houve apenas uma coisa que Ele não perdeu, apenas uma atitude com a que ele se surpreendeu, o pai esperando!

Quando desci no aeroporto de Guarulhos há um tempo, não vi meu pai, não vi minha mãe. Seus nomes e suas memórias estão vivos dentro de mim, mais não tive coragem de visitar suas lápides, pois já não estavam aqui quando voltei. Voltei tarde demais para ver meu pai, tarde para estar com minha mãezinha, tarde para reconhecer que o tempo não foi meu amigo, ele não respeitou minhas imperfeições e me trouxe maturidade a qualquer custo.

Sugiro a você que faça uma reflexão sobre “voltar” e descubra de onde você precisa voltar.

Descubra de onde e com quem você quer desfrutar seus melhores ou piores momentos, de onde ou de qual forma precisa fazer isso. O filho pródigo reconheceu apenas a fome e a necessidade e daí, “voltar” se tonou possível.

Se retornarmos apenas em tempos de escassez jamais teremos a maturidade que o futuro preparado por Deus, nos espera.

Deus fale ao seu coração e você simplesmente volte, já não é tempo de estar aí!!