Liberdade condicional
“O teu Deus ordenou tua força; fortalece, ó Deus, o que já fizeste para nós.” Sal 68;28 Interessante figura nesse rogo; “fortalece o que já fizeste para nós.” Algo como: Termina, Senhor, o que começaste a fazer; ou, como disse Davi em sua oração, “faze como disseste”.
Embora não seja próprio do Senhor começar algo e não acabar, é sempre sábio orarmos na direção que o Intento Divino aponta. Certamente as orações que têm a mais pronta resposta são as que se coadunam à Vontade de Deus.
Paulo escrevendo aos Filipenses assegura-os desse acabamento Divino; “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra, a aperfeiçoará, até ao dia de Jesus Cristo;” Fp 1;6
Entretanto, malgrado a iniciativa seja do Senhor, a responsabilidade de cooperar é nossa. Deus dá os dons, de nós, espera os frutos. O Espírito Santo escolhe para quem, e, quais dons, ensina Paulo: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;” I Cor 7 e 8
Temos aqui dois dons, ditos, sapienciais; com eles, quem os recebe deve produzir os frutos que são do agrado Divino. “Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, o meu próprio. Exultarão os meus rins, quando os teus lábios falarem coisas retas.” Prov 23;15 e 16
“Se o teu coração for sábio...” é uma condicional, depende de minhas escolhas; posso receber dons de sabedoria, e ainda, agir como tolo. Se alguém duvidar, que estude a biografia de Salomão, que, mesmo sendo o mais sábio dos homens, graças aos dons Divinos, muitas vezes agiu como néscio.
Assim, o aperfeiçoamento da Obra de Deus em nós, requer nossa participação voluntária. É comum, na meninice e adolescência espiritual confundirmos dons com frutos. Dons são ferramentas; frutos, resultados auferidos no exercício dos mesmos.
O Salvador mencionou uns que, exercitaram-se nos dons, mas, foram relapsos nos frutos, no caráter; “Em teu nome profetizamos, operamos milagres, expulsamos demônios...” Diziam; “Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” Foi a réplica do Senhor.
Assim, se orarmos como o salmista: “Fortalece, Senhor, o que já fizeste para nós.” Devemos esperar disso, que O Senhor nos capacite a fazermos nossa parte, na execução dos planos que Ele tem para nós.
Na Parábola do Semeador O Senhor ensinou que em todos os tipos de solo, a semente lançada é a mesma; A Palavra de Deus. A resposta da “terra”, todavia, é diferente, conforme o coração da cada um. Quando O Eterno assegura que a Palavra não volverá a Si vazia, não significa que salvará a todos que ouvirem; antes, que não obstantes as adversidades, a rejeição, sempre haverá um tanto de “boa terra” que produzirá o que o Agricultor anela.
Ele lança a semente e faculta os demais meios necessários à produção; mas, como essa “terra” é arbitrária... como Adão, me ocorre, que foi feito do pó, e O Criador nele soprou o Espírito, assim somos; igualmente pó; após a conversão nos é “Soprado o Espírito”, mas, igual àquele, ainda podemos desobedecer.
Como Deus é amor, e amor carece ser livre, O Santo jamais nos coage a fazermos Sua Vontade; insta, exorta, capacita, mas, a decisão sobre cooperar, ou não, é nossa. Essa é a sina humana; estamos “condenados” à liberdade condicional. Liberdade porque temos escolha; condicional porque as escolhas são apenas duas, excludentes; servimos Deus, ou, ao inimigo; as demais nuances são meros desdobramentos de uma escolha ou, outra.
Na parábola dos dois fundamentos ensina que é possível, tanto fundar a casa na rocha, quanto, na areia; na alegoria da edificação diz que, sobre o Fundamento certo, se pode tentar edificar com material vil, “feno, palha, madeira”, onde deveriam ser pedras preciosas.
A casa em questão é nossa vida; A pedra Angular, Jesus Cristo; o Fundamento, a doutrina dos apóstolos; o material de construção precioso, A Palavra de Deus. Assim, as “pedras vivas” no Edifício Santo são edificadas, como ensinou Pedro.
Entretanto, se, dada a Semente, as chuvas, mesmo assim, os frutos não vierem, estragamos em nossa obstinação, o que Deus fez por nós. “Porque a terra que embebe a chuva... e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas, a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, perto está da maldição; seu fim é ser queimada.” Heb 6;7 e 8
Em suma, para Deus fortalecer o que já fez por nós, é necessário que nossa natureza rebelde fraqueje, mortifique-se, dando lugar a Ele; como disse Paulo: “Quando estou fraco, sou forte.”