O QUE É MESMO SER CRISTÃO?

Meus irmãos, ao longo dos anos e com o passar dos séculos, muitas lutas e atrocidades foram cometidas usando como justificativa a crença e a fé no Cristo. Quantas guerras religiosas aconteceram e continuam acontecendo em nome da defesa das religiões(onde a maioria se diz Cristã) e seus respectivos dogmas .Cada doutrina ,e seus adeptos , julga-se a dona da verdade absoluta e portanto superior a todas as outras. Daí surge o desrespeito e a intolerância, responsáveis por tantos conflitos existentes no nosso planeta. Povos que só aceitam a sua verdade, desprezando e atacando todas as que pregam ideias e pontos de vistas diferentes.

Os conflitos e guerras “religiosas” geradas ao longo de toda a nossa existência, entre os mais diversos povos da humanidade, foram responsáveis pela morte de milhões de indivíduos, os mesmos que deveriam ser vistos como irmãos, uma vez que o próprio Cristo assim nos ensinou.

Religiões que se dizem Cristãs, admitiram e continuam admitindo por todo esse tempo, que sejam praticadas atrocidades em nome da defesa do nome de Cristo; o mesmo que veio à terra pregar o amor e a igualdades entre todos os seres.

Mas o que é mesmo ser Cristão?

Ser Cristão é pertencer a esta ou àquela religião? É conhecer a Bíblia em sua totalidade sem no entanto colocar em prática as leis do Cristo? É permitir que em defesa de qualquer que seja a religião ou doutrina sejam massacrados aqueles que são nossos irmãos? É discriminar e desprezar aqueles que não têm a mesma crença? É usar o nome de Jesus em proveito próprio usando da ingenuidade de alguns e enganando os desesperados à custa de promessas que nenhum de nós pode cumprir?

Ser Cristão é praticar os mandamentos de Cristo que se resumem em dois: “Amar a Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo. Todo o Evangelho de Cristo pode se resumir nestes dois mandamentos, pois todos os outros podem ser vistos como consequência deles. Quem ama a Deus e ao próximo não mata, não rouba, não ludibria, não trai nem mulher, nem marido, nem amigo e principalmente não trai ao Cristo que confia em cada um de nós para espalhar o amor e a igualdade entre irmãos.

Quando se diz amar aos seus irmãos, não se refere àqueles que professam a mesma religião que nós(pois isto seria restringir a um grupo), mas a todos sem distinção. Jesus quando aqui veio não pregou religião alguma, mas a sua palavra e a sua lei e foi claro quando disse “ todo aquele que me confessar e me reconhecer diante dos homens , eu o reconhecerei e confessarei também, eu mesmo, diante do meu pai que está nos céus (São Lucas,cap.IX, v. 32,33). Vem com isso afirmar que todo ser que aceita a sua ideia e a pratica pode ser chamado Cristão.

É preciso que se entenda que o que salva cada um não é a religião, mas a forma com que cada um a emprega ou vive. A vontade de seguir os passos do Cristo procurando melhorar a cada dia, ser hoje um pouco melhor do que se era ontem. E vivendo a ideia pregada por Ele.

E em que se resume a ideia trazida por Cristo?

A sua ideia resume-se simplesmente à pratica do amor ao próximo e por conseguinte da caridade para com ele. É certo dizer que só Jesus salva, mas é certo também afirmar que o instrumento que Ele quer que usemos para a nossa salvação e a de todos os nossos irmãos é a prática da caridade.

Como se pode amar a Deus sobre todas as coisas e ter jesus como salvação se não fizermos nada por aquele necessitado de ajuda? Como podemos dizer que pregamos o Evangelho de Cristo quando vemos tantos irmãos necessitados e carentes sobre os mais diversos aspectos? Como podemos nos declarar Cristãos abrindo mão de fazer o bem e de auxiliar aqueles que têm fome? que não têm as suas necessidades básicas satisfeitas? Que não têm o consolo de uma palavra amiga?

A caridade é a lei máxima pregada pelo nosso irmão Jesus Cristo e Ele nos dá diversas formas de praticá-la. É tão justo e sábio que dá a todos a oportunidade de fazer algo por outrem. Mesmo aqueles que se dizem incapazes, ou pobres, que não podem dar ao outro aquilo que não tem nem para si. A estes ele deixa a opção da caridade moral, da doação do pão espiritual que pode ser feita através de uma simples palavra, de um gesto de carinho, um bom pensamento, uma oração vinda do fundo do coração, um afago, um sorriso afetuoso, do perdão das ofensas, da capacidade de ser indulgente com as falhas alheias e de tantas outras maneiras de mostrar ao outro o quanto ele é importante no universo, elevando assim sua auto estima. Em fim todos os recursos que não dependem da riqueza para serem distribuídos.

Aos mais abastados ele deixa a missão de ajudar com os recursos que deverão ser adquiridos através do dinheiro: o alimento, o abrigo, as vestes, etc. Mesmo porque tudo que hoje possuem é um empréstimo de Deus e de nada poderá dispor quando daqui partir, nem se quer o seu corpo. Levará apenas a nobreza das suas obras e o bem que fez aos seus semelhantes pobre de bens materiais.

Esqueçamos portanto todas as diferenças possíveis entre os seres humanos, sejam elas de credo, cor, posição social, opção sexual, gênero, pois nada disso será perguntado ou contado quando partirmos para o mundo espiritual. O que será contado sem dúvida será o amor que tivemos pelos nossos semelhantes e a preocupação em tornar a vida de cada um que passou pelo nosso caminho, mais digna e justa e suas dificuldades mais amenas e suportáveis. Essa é a base ou pelo menos deveria ser, daquele que se confessa CRISTÃO.