Comentário de João 7.18
Por João Calvino
“Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça.” (João 7.18)
“Aquele que fala por si mesmo”. Até agora Jesus mostrou que não é por nenhuma outra razão que os homens são cegos, senão porque eles não são regidos pelo temor de Deus. Ele agora coloca outra marca na própria doutrina, quanto a que pode ser conhecida se é de Deus ou se é do homem. Porque cada coisa que exibe a glória de Deus é santa e divina; mas cada coisa que contribui para a ambição dos homens, e, para exaltá-los, obscurece a glória de Deus, e não somente não tem direito de ser crida, mas deve ser veementemente rejeitada. Quem faz a glória de Deus ser o objeto em todos os seus desejos, nunca irá errar; aquele que provar esta pedra de toque que exalta o nome de Deus jamais será enganado. Também somos lembrados pelo ninguém pode desempenhar fielmente o cargo de professor na Igreja, a menos que seja desprovido de ambição e esteja determinado a fazer ser seu único objetivo promover, ao máximo, a glória de Deus. Quando ele diz que não há injustiça nele, ele quer dizer que não há nada ímpio, nem hipócrita, mas aquilo pode tornar alguém em um reto e sincero ministro de Deus.
(Nota do tradutor: A grande prova da maturidade espiritual se encontra justamente no fato de aprendermos que tudo o que Deus faz é por meio de Jesus Cristo, e pela operação do Espírito Santo. De modo que os crentes não têm do que se gloriar em si mesmos em tudo o que façam no Reino de Deus, uma vez que toda obra genuína do Espírito sempre nos leva a dar toda a glória a Deus, e a não nos gloriarmos o mínimo em nós mesmos. Como toda a plenitude do Espírito Santo habitava em Jesus e nele operava, entende-se que, ainda que sendo Deus juntamente com o Pai e o Espírito, tributava toda glória ao Pai em tudo o que o que Ele fazia. Na verdade o Filho sempre glorificou o Pai quer na criação de tudo o que há no céu ou na terra, e sempre há de glorificá-lo, porque é assim que sucede com todo aquele que conhece de fato a Deus, e sabemos que Jesus possui este conhecimento em toda a extensão de sua plenitude, em razão de não ser finito e imperfeito como nós.)
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.