Comentário de 2 Tessalonicenses 1.6
Por João Calvino
“Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam,” (2 Tessalonicenses 1.6)
“Dê em paga tribulação”. Já temos dito por que Paulo faz menção da vingança de Deus contra os ímpios – para que aprendamos a descansar na esperança de um juízo futuro, porque Deus ainda não tomou vingança dos ímpios, embora seja necessário que sofram o castigo de seus crimes. Contudo, os fiéis, ao mesmo tempo, entendem por meio disto que não há razão para invejarem a felicidade momentânea e evanescente dos ímpios, que em breve será trocada por uma terrível destruição. O que ele acrescenta quanto ao descanso dos que são piedosos, está de acordo com a declaração de Pedro (Atos 3.20), em que ele chama o dia do juízo final de dia de refrigério.
Contudo, nesta declaração, quanto aos bons e aos maus, ele pretendia mostrar mais claramente quão injusto e confuso seria o governo do mundo se Deus não deferisse os castigos e recompensas até outro julgamento – pois deste modo o nome de Deus seria algo morto. Por isso, ele é privado do seu ofício e poder por todos os que não estão atentos a essa justiça de que Paulo fala.
Ele acrescenta “conosco” a fim de obter crédito para a sua doutrina a partir da experiência de crer em sua própria mente; pois mostra que não filosofa quanto a coisas desconhecidas, ao colocar-se na mesma condição, e no mesmo nível deles. Por outro lado, sabemos quanto maior autoridade é devida àqueles que têm, por longa prática, sido exercitados nas coisas que ensinam, e não exigem de outros nada além do que eles mesmos não estejam preparados para fazer. Portanto, Paulo não dá instruções aos tessalonicenses quanto a como deveriam lutar sob o calor do sol enquanto ele mesmo está na sombra; mas, lutando valorosamente, exorta-os ao mesmo combate.