Comentário de João 1.2,3

Por João Calvino

“1:2 Ele estava no princípio com Deus.

1:3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.”

2. “Ele estava no princípio”. A fim de impressionar mais profundamente em nossa mente o que já foi dito, o Evangelista condensa as duas frases anteriores em um breve resumo, que o verbo sempre foi, e que ele estava com Deus; de modo que pode ser entendido que o princípio foi antes de todos os tempos.

3. “Todas as coisas foram feitas por ele”. Depois de ter afirmado que o Logos é Deus, e de ter afirmado a sua essência eterna, ele agora prova a sua Divindade a partir de suas obras. E este é o conhecimento prático, ao qual devemos estar principalmente acostumados; porque o mero nome de Deus atribuído a Cristo nos afetará pouco, se a nossa fé não sentir isto como por experiência. Em referência ao Filho de Deus, ele faz uma afirmação que estrita e corretamente se aplica à sua pessoa. Às vezes, de fato, Paulo simplesmente declara que todas as coisas são de Deus (Romanos 11.36), mas sempre que o Filho é comparado com o Pai, ele é normalmente identificado por esta marca. Por conseguinte, o modo normal de expressão é aqui empregado, que o Pai fez todas as coisas por meio do Filho, e que todas as coisas são por Deus através do Filho. Agora, o propósito do evangelista é, como eu já disse, mostrar que assim que o mundo foi criado, que o verbo de Deus veio em operação externa; porque tendo sido anteriormente incompreensível em sua essência, ele se tornou então publicamente conhecido pelo efeito de seu poder. Há alguns, de fato, mesmo entre os filósofos, que fazem de Deus o arquiteto do mundo de tal modo a atribuir-lhe a inteligência na elaboração deste trabalho. Até aqui, eles estão corretos, pois concordam com as Escrituras; mas como eles imediatamente voam para especulações frívolas, não há razão pela qual devemos ansiosamente desejar ter seus testemunhos; mas, pelo contrário, devemos ficar satisfeitos com esta declaração inspirada, bem sabendo que ela transmite muito mais do que a nossa mente é capaz de compreender.

“E, sem ele, nada do que foi feito se fez”. Embora exista uma variedade de interpretações desta passagem, de minha parte, não tenho hesitado em entendê-la continuamente assim: nem qualquer coisa que foi feita foi feita sem ele; e nisto quase todos os manuscritos gregos, ou pelo menos aqueles dentre eles que são mais aprovados, encontram-se de acordo; além disso, o senso exige isto. Aqueles que separam as palavras, o que foi feito, a partir da frase precedente, de modo a ligá-la com a seguinte, apresentam um senso forçado: o que foi feito era nele vida; isto é, viveu, ou manteve-se em vida. Mas eles nunca vão mostrar que este modo de expressão é, em qualquer instância, aplicado a criaturas. Agostinho, que é excessivamente viciado na filosofia de Platão, é levado junto, segundo o costume, à doutrina das ideias; que antes de Deus ter criado o mundo, ele tinha a forma de todo o edifício concebida na sua mente; e assim a vida daquelas coisas que ainda não existiam estava em Cristo, porque a criação do mundo foi designada nele. Mas quão amplamente isso é diferente da intenção do evangelista veremos imediatamente.

Volto agora ao primeiro período. Esta não é uma redundância defeituosa (perittologia), assim como isto parece ser; porque como Satanás se esforça, por todos os método possíveis, para tirar qualquer coisa de Cristo, o evangelista declara expressamente que, das coisas que tinham sido criadas lá não há uma única exceção que seja.

Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.

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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 06/09/2014
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