Comentário de Levítico 26.21-24
Por João Calvino
Lev 26:21 E, se andardes contrariamente para comigo e não me quiserdes ouvir, trarei sobre vós pragas sete vezes mais, segundo os vossos pecados.
Lev 26:22 Porque enviarei para o meio de vós as feras do campo, as quais vos desfilharão, e acabarão com o vosso gado, e vos reduzirão a poucos; e os vossos caminhos se tornarão desertos.
Lev 26:23 Se ainda com isto não vos corrigirdes para volverdes a mim, porém andardes contrariamente comigo,
Lev 26:24 eu também serei contrário a vós outros e eu mesmo vos ferirei sete vezes mais por causa dos vossos pecados.
“E, se andardes contrariamente para comigo”. Tradutores dão várias acepções à palavra קרי, Keri – “contrariamente”. O Caldeu a traduz como dureza, como se fosse o seu propósito lutar contra Deus. Jerônimo a toma como “ex adverso mihi” (em oposição a mim), mas, desde que a palavra significa uma ocorrência acidental, ou contingência, esse sentido, pareceu-me muito mais adequado. "Andar em aventuras" (fortuito) com Deus, portanto, é equivalente a passar por seus juízos, com os olhos fechados; e ainda assim atribuir insensatamente as suas adversidades ao destino, e, portanto, não se humilhar sob Sua poderosa mão; porque daí surge obstinação invencível, quando o pecador imagina que tudo o que ele sofre acontece por acaso. Portanto Jeremias protesta contra os judeus em uma repreensão severa, porque eles pensavam que o mal e o bem não procedem da ordenança e do decreto de Deus (Lamentações 3.38) porque daí se origina uma loucura brutal, para que os homens ímpios corram com todo seu poder para a sua própria destruição. Disto decorre então, que, se os homens não dão a devida atenção aos juízos de Deus, senão que se lançam adiante como animais furiosos, Seu encontro com eles será, por assim dizer, fortuito, quando ele lhes afligir indiscriminadamente, da direita para a esquerda, ou do alto para baixo. Isto, portanto, o pecador longamente obtém por sua obstinação insensta, que, dominado por suas aflições múltiplas, ele não vê fim para seus problemas. Enquanto isso, não há dúvida de que Moisés repreende a obstinação férrea do povo, como declara Davi, “para com o benigno, benigno te mostras; com o íntegro, também íntegro.” (Salmo 18.25,26). Ele finalmente aponta a fonte de obstinação, quando o pecador é intoxicado por sua estupidez em desprezar a Deus, enquanto ele afasta de si mesmo, tanto quanto possível, o sentido da Sua ira. Vamos aprender, então, a retirar os nossos pensamentos de especulações vagas para a consideração da mão de Deus em todas as punições que ele inflige; porque daí surgirá o reconhecimento da nossa culpa, o qual pode levar ao arrependimento. Outra coisa que ocorrerá a qual Isaías parece ter tomado a partir desta passagem, é que a ira de Deus nunca será afastada; senão que, quando pensarmos que fomos absolvidos, Sua mão ainda estará estendida (Isaías 9.12).
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
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