Comentário de Levítico 26.26-28

 
Por João Calvino
 
Lev 26:26 Quando eu vos tirar o sustento do pão, dez mulheres cozerão o vosso pão num só forno e vo-lo entregarão por peso; comereis, porém não vos fartareis.
Lev 26:27 Se ainda com isto me não ouvirdes e andardes contrariamente comigo,
Lev 26:28 eu também, com furor, serei contrário a vós outros e vos castigarei sete vezes mais por causa dos vossos pecados.
 
“E quando eu vos tirar o sustento do pão”. Com estas palavras Deus afirma que, embora Ele não deveria puni-los com esterilidade da terra, ainda assim Ele estava preparado com outros meios para destruí-los pela fome. Vamos ver daqui em diante, de fato, que, quando Deus se indignou muito, a terra de certa maneira fechou suas entranhas, de modo a não produzir mantimento; e o céu também se fechou para não fertilizá-la com o orvalho ou chuva. Em uma palavra, todas intempéries e infertilidade do solo são um sinal da maldição de Deus; mas agora ele vai mais longe, porque, embora não haja escassez de alimentos, ainda devem sofrer com a fome, quando Ele  tirasse as qualidades nutritivas do seu pão. Esta maldição confirma a instrução que temos visto em outros lugares, que o homem não vive somente de pão, mas por toda ordem de Deus, como se a eficácia contida no pão saísse da Sua boca (Deuteronômio 8.3). E certamente uma coisa inanimada não poderia dar vigor aos nossos sentidos, exceto pela ordem secreta de Deus. Ele emprega uma comparação muito apropriada, chamando o sustento de pão, em que a força do homem é revigorada - "o cajado" como vemos apoiando o homem velho e fraco,  quando de outra forma teria cambaleado e caído. Deus diz, então, que  está em Seu poder quebrar esse cajado, porque o pão somente  encheria seus estômagos sem revigorar a sua força. Ezequiel  emprestou de Moisés esta figura, da qual ele faz uso em vários lugares, (Ezequiel 4.16; 5.16 e 14.13), embora ele não alerte para os dois tipos de punição, como um outro profeta, quando diz "Tendes semeado muito e recolhido pouco; comeis, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado.", e ainda, "Esperastes o muito, e eis que veio a ser pouco, e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu com um assopro o dissipei;" (Ageu 1.6, 9) porque ele aponta a escassez de alimentos como um dos flagelos de Deus, e a incapacidade para ter proveito da sua abundância; e com isto Miqueias também está de acordo, pois disse: "Tu comerás, mas não ficarás satisfeito", e ele acrescenta, " Semearás; contudo, não segarás; pisarás a azeitona, porém não te ungirás com azeite; pisarás a vindima; no entanto, não lhe beberás o vinho." (Miqueias 6.14,15).
Moisés, porém, a fim de que a maldição possa ser mais aparente, diz que haverá abundância de pão; e também que não haverá falha no trabalho de amassar e assar; porque dez mulheres viriam a um forno juntas, para que pudessem manter o trabalho do preparo de pães em dia. Ele afirma, portanto, que haveria abundância em suas mãos e, no entanto, quando eles estivessem cheios, eles não seriam saciados.
 
(Nota do Pr Silvio Dutra: Isto é muito comum e acontece com pessoas que não andam de modo fiel com Deus, pois apesar da muita abundância de bens, todavia suas almas são definhadas por Ele, de modo que não encontram satisfação no que possuem.) 
 
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
 
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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 23/08/2014
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