Muito além de Moisés

“… por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? … Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas no princípio não foi assim.” Mat 19; 7 e 8

Os discípulos perguntaram sobre divórcio e receberam a resposta que não era plano Divino. Então questionaram porquê, que o texto mosaico prescrevia. O Mestre ensinou que a “bondade” de Moisés era devido a ruindade deles, não, expressão exata da Justiça Divina.

Na verdade, mais de uma vez o Senhor reinterpretou Moisés, em padrões mais altos que estavam acostumados. “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;” Mat 5; 43 e 44 Outra vez: “Porém, vos digo; qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” V 28 mais: “Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de desquite. Porém, vos digo: Qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.” VS 31 e 32 etc. de modo que já tinha relido Moisés sobre o tema.

Mas, quem pretendia ser Ele para ousar alterar a visão religiosa dessa forma? Tudo o que disse de Si mesmo; o que João Batista afirmou e muito mais.

Na carta aos hebreus, esse “conflito” com Moisés foi dissipado. “Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem quem a edificou. Porque toda a casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus. Na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; mas Cristo, como Filho, sobre sua própria casa; a qual casa somos nós, se, tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim.” Heb 3; 3 a 6

Aqui temos algo a considerar sobre o que nos está proposto. Mesmo sendo fiel, Moisés foi chamado de “Servo.” A “releitura,” o upgrade moral e espiritual ensinado pelo Salvador traz uma ascensão posicional também. “… para que sejais filhos de vosso Pai que está nos Céus…”

Ao servo, mera obediência faz digno do salário. Do filho se espera mais; comprometimento, identificação, amor, iniciativa… Tanto que, somos desafiados a ir além, em termos claros. “E qual de vós terá um servo a lavrar ou apascentar gado, que, voltando ele do campo, diga: Chega-te, assenta-te à mesa? E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, cinge-te, serve-me até que tenha comido e bebido; depois comerás e beberás tu? Porventura dá graças ao tal servo, porque fez o que lhe foi mandado? Creio que não. Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.” Luc 17; 7 a 10

Assim, enquanto o servo busca razões “bíblicas” para justificar-se, o filho tem motivos afetivos para agradar ao Pai.

O ministério do Espírito em Cristo vai além do que está escrito. Moisés trouxe um “conservante” para que os servos não degenerassem de vez usando-o. Cristo traz regeneração, o novo nascimento, adoção de filhos, uma glória muito superior. “O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica. E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória, como não será de maior glória o ministério do Espírito?” II Cor 3; 6 a 8

Entretanto, se a condição de filho é maior que servo, a responsabilidade também. “Porque o Senhor corrige o que ama, açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não filhos.” Heb 12; 6 a 8

Se a Lei e os Profetas dependem de uma palavra; amor; como ensinou o Mestre, amando-O não teremos um texto, mas, Ele, ( A Palavra ) habitando em nós. “…Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14; 23