Sobre a Vida Cristã – Parte 4
CAPÍTULO II
Por João Calvino
Um Resumo da Vida Cristã – A Autonegação
Além disso, vemos com estas palavras que a auto-negação diz respeito, em parte, aos homens e em parte (mais especialmente) a Deus, (sec. 8-10.) porque quando a Escritura nos ordena, no que diz respeito aos nossos semelhantes, a preferi-los em honra a nós mesmos, e sinceramente trabalhar para promover seu interesses (Rm 12.10; Fp 2.3), ela nos dá comandos que nossa mente é absolutamente incapaz de obedecer até que seus sentimentos naturais sejam suprimidos. Porque fazemos tão cegamente tudo o que corre na direção do amor-próprio, que cada um acha que tem uma boa razão para exaltar a si mesmo e desprezar todos os outros. Se Deus nos tem concedido algo, confiando nisto, imediatamente nos tornamos exaltados, e ficamos inchados com orgulho. Os vícios nos quais abundamos cuidadosamente escondemos dos outros, e retratamos favoravelmente a nós mesmos como leves e triviais, ou melhor, às vezes, os abraçamos como virtudes...
Por isso, não há outro remédio senão arrancar pela raiz aquelas pragas mais nocivas, o amor-próprio e o amor de vitória. Isto a doutrina da Escritura faz. Porque ela nos ensina a lembrar, que as habilidades que Deus nos concedeu não são nossas, mas seus dons, e que aqueles que se gloriam sobre eles traem a sua ingratidão. "Quem te faz diferente", diz Paulo, "E que tens tu que não tenhas recebido? Agora, se tu recebeste, por que te glorias, como se não o houvesse recebido?" (1 Coríntios 4.7). Então, por um exame diligente de nossas faltas, vamos nos manter humildes. Assim, enquanto nada restará para inchar nosso orgulho, não haverá muito para dominá-lo. Ainda, somos conclamados a sempre que virmos os dons de Deus, em outros, devemos reverenciar e respeitar os dons, como também a honrar aqueles em quem residem. Deus, tendo se agrado de conferir honra a eles, seria ruim para nós privá-los disto. Então, é-nos dito para ignorar suas faltas, não para encorajá-las por louvá-los, mas para não insultarmos aqueles que devemos considerar com honra e boa vontade. Desta forma, no que diz respeito a todas as pessoas do nosso relacionamento, o nosso comportamento não deve ser apenas moderado e modesto, mas cortês e amigável. A única maneira pela qual você pode sempre alcançar a verdadeira humildade, é ter seu coração imbuído de uma opinião humilde de si mesmo e respeito pelos outros.
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
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