Em que Consiste a Riqueza Espiritual e Celestial  - Parte 1
 
Ser pobre de espírito não é o mesmo que ser pobre de bens terrenos, mas reconhecer que é dependente de Deus para tudo no que se refere especialmente à vida espiritual.
É pelo reconhecimento da nossa necessidade que recorremos ao Senhor para vencer o pecado, e receber graça, do Espírito, para sermos santificados.
 Pobre de espírito significa então aqueles que são trazidos ao senso da sua própria miséria, em razão dos seus pecados, e que não veem nenhuma bondade em si mesmos, e que se entregam completamente à misericórdia de Deus, recebida por causa dos méritos de Cristo.
Nós vemos esta pobreza de espírito sendo citada no texto de Isaías 61.1:
“O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;”.
É pelo reconhecimento de nossa pobreza que recebemos maiores medidas da graça, para sermos enriquecidos espiritualmente, no progresso da nossa transformação à imagem e semelhança com Cristo.
É portanto, pelo reconhecimento da nossa pobreza, que somos conduzidos à riqueza de Deus.
Tiago nos diz em Tg 2.5:
“Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?”.
Jesus diz em Mateus 5.4, que os que choram são bem-aventurados porque serão consolados (segunda bem-aventurança).
Aqueles que estão muito satisfeitos com a vida que têm neste mundo, com aquilo que são, sem terem se convertido ao Senhor, não são bem-aventurados, porque enquanto mantiverem este estado de espírito, dificilmente se humilharão diante de Deus, lhe pedindo que transforme os seus corações.
Mas os que lamentam pela condição da natureza pecaminosa que possuem (que é comum a todas as pessoas), e que têm buscado o conhecimento do que é justo, santo e verdadeiro, são bem-aventurados, porque haverão de conhecer ao Senhor.
Muitos lamentam e choram pelo que perdem ou  não podem desfrutar, e outros pelos danos e más consequências que sofrem por causa do pecado, mas nunca choram por causa dos seus próprios pecados. Não é portanto, a estes, que se refere a segunda bem-aventurança.
Um arrependimento verdadeiro é espiritual, pois nos faz lamentar muito mais pelo pecado do que pelo sofrimento ao qual o nosso pecado deu causa.
Um pecador pode assim lamentar os juízos que acompanham os seus pecados, e não lamentar propriamente pelo pecado.   
É para evitar o endurecimento do nosso coração que o apóstolo Tiago nos ordena a transformar o nosso riso em pranto, quando há pecados em nós ou em outros para serem lamentados, em vez de vivermos nos alegrando desconsiderando tais pecados, numa clara demonstração de desprezo aos juízos de Deus.
“Senti as vossas misérias, lamentai e chorai; torne-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza.” (Tg 4.9).
É melhor chorar pelo pecado e ser alegrado por Deus, do que se alegrar agora no pecado, e depois chorar eternamente num juízo eterno.
É neste sentido que entendemos as palavras proferidas por Cristo em Lc 6.24,25:
“24 Mas ai de vós que sois ricos! porque já recebestes a vossa consolação.
25 Ai de vós, os que agora estais fartos! porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides! porque vos lamentareis e chorareis.” (Lc 6.24,25).
Não há misericórdia para aquele que não pretende abandonar o pecado, que não chora por causa dos seus pecados.
Por isso se diz que apenas os que choram são bem-aventurados.
Somente os de coração contrito podem receber a graça e a habitação de Deus, conforme Ele falou através do profeta Isaías.
E aos que choram e são de coração quebrantado é feita a promessa que serão consolados por Deus.
Deus tornará o seu pranto em pura e verdadeira alegria, pelo poder do Espírito Santo.

 
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Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 04/08/2014
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