Profecias Cumpridas e que Continuarão se Cumprindo
A profecia bíblica não tem o mero caráter de prognosticar o futuro das coisas que são essenciais e que acompanham a salvação, mas de ser uma palavra autoritativa, de peso, para qual a devemos atentar seriamente para observá-la ou cumprir.
Por isso, temos a expressão “carga da Palavra do Senhor” que lemos em Zacarias 12.1, que aparece em outras passagens bíblicas como por exemplo Jer 33.38 e Mal 1.1.
A palavra carga vem do hebraico massau, que significa peso.
Em outras passagens do Antigo Testamento é usada com o sentido da carga que era carregada pelos animais; e deste modo, significa fardo.
Quando vinha como Palavra do Senhor, era geralmente na forma de profecia, daí ser traduzida em algumas versões como profecia, ou sentença, em vez de carga.
Em Jeremias 23.33, 34, 36, 38, nós vemos o Senhor repreendendo o povo por chamar de carga a Sua vontade revelada pela Palavra.
E isto estava associado ao fato de que sendo um Deus misericordioso, que demonstraria o Seu amor ao Seu povo, dando o Seu próprio Filho unigênito para morrer pelos pecadores, jamais poderia ser visto como quem coloca fardos sobre os outros, porque Ele mesmo é quem carrega os nossos fardos.
Por isso, no mesmo contexto da profecia de Jeremias 23 é feito menção a Jesus como sendo dado para justificar o povo do Senhor (Jer 23.5,6), e seria por causa dEle, que haveria pastores fiéis para apascentarem o Seu rebanho (Jer 23.4), que agiriam de modo muito diferente daqueles que estavam destruindo e dispersando as ovelhas (Jer 23.1).
Jesus havia repreendido os fariseus por atarem fardos pesados às costas do povo (Mt 23.4), porque o ministério dos homens de Deus não é o de colocar fardos sobre as pessoas, mas de aliviar os seus fardos.
Devemos lembrar que Jesus carrega as ovelhas perdidas em Seu próprio ombro, porque na verdade, as tem carregado em Seu coração.
Como pois pode ser carga a Palavra de Deus?
Ela será uma carga somente para aqueles que resistem à vontade do Senhor, por serem rebeldes.
E é para estes que a Palavra desta profecia seria uma carga.
Para todos que se opõem ao sucesso de Jerusalém.
Deus tem colocado Jerusalém para ser objeto de louvor na terra.
Na profecia, esta cidade tem um simbolismo espiritual de representar a Igreja do Senhor, porque seria nela que a Igreja seria iniciada com aquele primeiro grupo de 120 discípulos, que estavam reunidos no dia em que o Espírito Santo foi derramado.
É por isso que se faz a promessa do derramar do Espírito, na profecia de Zacarias 12.10.
Mas para aqueles que gracejam da Palavra do Senhor, e que brincam com as coisas sagradas, Jerusalém seria uma pedra pesada, uma carga.
Jerusalém será uma pedra pesada para as nações, porque os exércitos coligados do Anticristo que vierem sobre ela serão destruídos pelo Senhor, na Sua segunda vinda (Zac 12.2,3).
Jesus é a pedra angular do edifício da Igreja, e muitos judeus o rejeitaram e o têm rejeitado, assim como muitas pessoas em todas as nações do mundo, mas Ele diz que sobre quem esta pedra cair será despedaçado e reduzido a pó (Mt 21.44).
Importava que o evangelho começasse a ser pregado primeiro em Jerusalém e em Judá, para dar cumprimento à profecia do verso 7 deste 12º capítulo de Zacarias.
Nos capítulos anteriores se vê que apesar de a Igreja (Jerusalém) ser um peso para os inimigos de Deus de todas as nações, estes se oporiam duramente a ela (Zac 12.3).
Mas o Senhor pronunciou uma sentença sobre eles de feri-los de espanto e de loucura (Zac 12.4).
Os inimigos de Deus tentarão apagar o fogo do Espírito, mas os líderes fiéis da Igreja, designados na profecia por governadores de Judá, serão como um braseiro ardente e um facho de fogo (v. 6).
Deus prometeu enfraquecer a coragem e a força dos inimigos da Igreja (v. 4).
Assim, a Igreja deve cumprir a Sua missão com coragem, sem temor, sem assombro e sem se deixar intimidar por qualquer tipo de inimigo, porque o Senhor tem feito a promessa de protegê-la e de fortalecer o mais fraco dos seus membros, a ponto de compará-lo com Davi, que foi um grande guerreiro de Deus, e a casa de Davi (uma referência à Igreja reunida) como sendo como o próprio Deus, como o anjo do Senhor diante dela (v. 8).
O Senhor mesmo destruirá todas as nações (ajuntamentos de pessoas ou povos) que tentarem vir contra Jerusalém (a Igreja), para destruí-la (v. 9).
Diante de tão grande promessa que tem sido cumprida fielmente pelo Senhor, nestes dois mil anos de pregação do evangelho, como enfraqueceremos na fé e deixaremos de prosseguir adiante com a realização da Sua obra através de nós?
Foi por se firmar nestas promessas que os apóstolos puderam enfrentar toda oposição que se levantou contra eles, e prevaleceram.
Veja a palavra que o Senhor dirigiu a Paulo quanto às perseguições que havia sofrido em Corinto:
“9 E de noite disse o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas fala e não te cales;
10 porque eu estou contigo e ninguém te acometerá para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade.” (At 18.9,10).
Assim, portanto, incentivemo-nos mutuamente dizendo: “Adiante! Adiante!”. Adiante com a adoração, com o louvor, com a pregação, com o ensino, com as orações, com a comunhão, com a santificação, com a evangelização, com o testemunho.
Adiante! Adiante!
Não olhemos para trás conforme o Inimigo quer que façamos.
Sejamos corajosos e não temamos o mal, porque fiel é O que fez a promessa de proteger a Sua igreja!
O Espírito Santo é derramado como Espírito de graça e de súplicas, e o Seu trabalho é principalmente o de convencer do pecado, da justiça e do juízo, por se olhar o Cristo crucificado pelos nossos pecados e que conduz todos os que são da casa de Davi, os habitantes de Jerusalém (duas formas de se referir à Igreja que está em todo o mundo) a chorarem amargamente pela morte do Senhor na cruz, porque entenderão não apenas o quanto Ele sofreu por amor de nós, mas porque aquela morte é a nossa própria morte, que Ele morreu em nosso lugar (Zac 12.10).
Por isso este choro não é apenas um pranto da Igreja reunida, como o povo de Israel chorou pela morte do piedoso rei Josias, no vale de Megido, mas um pranto em cada família, e nos membros individuais destas famílias (v. 12-14). E é exatamente isto o que tem ocorrido em todo o mundo, desde que Cristo morreu na cruz.
O choro do arrependimento tem operado conversões em muitos corações, porque Ele morreu para este propósito mesmo.
A promessa do derramar do Espírito é feita em conexão com a morte de Cristo na profecia do verso 10, porque foi por causa da morte do Senhor que a promessa do derramar do Espírito foi cumprida, e porque o Espírito é verdadeiramente derramado somente quando a cruz é pregada.
É pela pregação do evangelho da cruz, e por se viver crucificado com Cristo, que o Espírito de graça e de súplicas é derramado em nossos corações.
É dito que é Espírito de graça, porque a salvação é pela graça, somente por se olhar com os olhos espirituais da fé para Cristo, para o Cristo traspassado pelos nossos pecados.
E é Espírito de súplicas porque é Ele quem intercede pelos santos, porque não sabemos como orar e nem como convém orar (Rom 8.26).
Então em toda verdadeira oração é Ele que intercede através de nós.
Devemos aprender a descansar nestas promessas e a ter completa fé nesta Palavra que Deus tem proferido acerca da vitória da Sua igreja, para que nos empenhemos na obra de Deus, com paz e alegria nos nossos corações, a par de toda oposição do inferno que possamos sofrer.
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