A Finalidade da Santificação
É para o fim da renovação da imagem de Deus em nós que a santificação se faz necessária. E este fim é, para que possamos viver para Deus; sermos feitos à semelhança de Deus, para que possamos viver para Deus. Por causa da depravação de nossa natureza, ficamos alienados desta vida de Deus, esta vida espiritual divina; Ef 4.18. Nós não gostamos disto, senão que temos aversão a esta vida divina. Sim, estamos sob o poder da morte, isto é universalmente oposto à vida; "porque a inclinação da carne é morte;” Rom 8.6. Isto se refere à vida de Deus, e a todos os atos que pertencem a esta vida.
Essa mente carnal tem uma inimizade contra Deus; "não está sujeita à lei de Deus, e nem na verdade pode estar” Rom 8.7. Esta é a inclinação que se encontra diretamente contra as coisas espirituais, ou à mente e vontade de Deus, em todas as coisas que dizem respeito a uma vida de obediência para si mesmo. Agora, como esse princípio da santidade é aquele que é introduzido em nossas almas, em oposição e para a exclusão da mente carnal, assim esta disposição e inclinação é oposta à fraqueza da mente carnal, como tendendo sempre para ações espiritualmente boas, de acordo com a mente de Deus.
Isto é aquilo que é pretendido na promessa da aliança; Jeremias 32.39: "Eu lhes darei um só coração, para que me temam”, que é o mesmo que vemos em Ez 11.19: “com espírito novo”. Um coração novo, como se tem declarado, é a nova natureza, a nova criatura, o novo princípio sobrenatural espiritual de santidade. O primeiro efeito, o primeiro fruto disto é, o temor de Deus permanente, ou uma nova inclinação espiritual e inclinação da alma em toda a vontade e os mandamentos de Deus. E este novo espírito, este temor de Deus, ainda é expressado como a inseparável consequência do novo coração, ou a escrita da lei de Deus em nossos corações, o que é o mesmo. Por isso é chamado de “temer o Senhor e a sua bondade;” Os 3.5. Da mesma forma, isto é expressado pelo amor, que é a inclinação da alma para todos os atos de obediência a Deus e comunhão com ele, com prazer e satisfação. É um respeito a Deus e à sua vontade, com uma reverência devida à sua natureza, e um prazer nele adequado à relação da aliança que ele fez conosco.
Isto é expressado ainda de modo mais espiritual: "A inclinação do Espírito é vida e paz;” Rom 8.6; isto é, a tendência e inclinação da mente para as coisas espirituais, é o meio pelo qual vivemos para Deus, e desfrutamos de paz com ele. Isto é vida e paz. Por natureza, nós somente apreciamos as coisas da carne, e pensamos nas coisas terrenas; Fp 3.19. Nossas mentes ou corações são inclinados para elas, dispostos para elas, prontos para todas as coisas que nos levam ao gozo delas, e satisfação nelas. Mas, nós nos inclinamos para as coisas que são de cima, ou inclinamos nossas afeições para elas; Col 3.3. Em virtude disto Davi professou que a sua alma estava apegada a Deus, Salmo 63.8. Ou inclinada fervorosamente a todos aqueles caminhos pelos quais ele poderia viver para ele, e que seriam o seu prazer.
Cada natureza tem a sua disposição aos desempenhos adequados a ela. O princípio da santidade é tal natureza, uma natureza nova ou divina; onde quer que esteja, sempre inclina a alma para os deveres e atos de santidade; que origina uma disposição constante para eles. Assim como pelo princípio contrário, o princípio do pecado e da carne é prejudicado e subjugado, por essa disposição graciosa, a inclinação para o pecado que está em nós, é enfraquecida, prejudicada, e gradualmente removida.
Texto extraído do tratado de John Owen, intitulado A Obra Positiva do Espírito na Santificação dos Crentes, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.
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