A Torre; força dos fracos

“Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84; 5 “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, e não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jr 17; 5 e 6

Temos bênção ao que deriva sua força do Senhor e maldição ao que presume ser capaz em si mesmo. O próprio texto de Jeremias apresenta os dois lados, mas, chamei o salmista para que sejam duas testemunhas.

Será que Deus abençoa aos que O temem e amaldiçoa presumidos fortes por concorrência? Na verdade não é prerrogativa das criaturas serem algo em si mesmas, totalmente originais. “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, depois se desvanece.” Tg 4; 14 Se somos tão frágeis, incapazes de saber do amanhã, como ameaçaríamos o Poder de Deus? O piedoso salmista se espantou por Ele ter dado algo tão grande como o domínio de um planeta, a seres frágeis como nós. “Que é o homem mortal para que te lembres dele e o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés:” Sal 8; 4 a 6

Acontece que, a presumida independência em relação ao Criador, necessariamente nos coloca sob o domínio do que sugeriu isso. “Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Gen 3; 4 e 5

Assim, nos tornamos malditos ao fazermos tal escolha por submeter nossa sorte ao maldito mor, fonte de toda a maldição. Seguindo seu conselho associamos nossa sorte à sua, pois, obedecendo-o nos fazemos servos, como ensina Paulo. “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Rom 6; 16

Gostemos disso ou não, o fato é que não nos foi conferida autonomia. Somos postos ante uma dualidade excludente, diametralmente oposta e incitados a fazer a boa escolha; foi expresso desde dias antigos; “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência,” Deut 30; 19

Isso coloca como necessário que, para a força de Deus atuar em nós abdiquemos de nossas pretensões e confiemos inteiramente Nele. Essa é a cruz proposta; “…Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” Luc 9; 23 Paulo ilustra isso de modo eloquente: “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” II Cor 12; 10

Embora alguns pregadores, sobretudo, pentecostais incitem seus ouvintes a buscarem poder pra realização da obra, não encontramos tal mandamento nas Escrituras. Ainda que o Salvador tenha ordenando a permanência em Jerusalém até serem revestidos de poder do alto, a “busca” se restringia a obedecer Seu mandado, simplesmente. Obediência é o cerne da questão; ela não nos dá poder, mas, coloca-nos numa condição que agrada a Deus; Ele se alegra ao ver filhos obedientes; Neemias disse: “…a alegria do Senhor é a vossa força.” Nee 8 ; 10

Por outro lado, a rebeldia contumaz leva à apostasia que obra algo mais que enfraquecer; conduz à morte espiritual. “Quando Efraim falava, tremia-se; foi exaltado em Israel; mas ele se fez culpado em Baal, e morreu.” Os 13; 1

Embora os da prosperidade exaltem os “sacrifícios” ( oferta$$ ) como a excelência na demonstração de fé, isso foi rejeitado já nos dias de Saul. “Porém Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar…” I Sam 15; 22

Enfim, seja obediência a nossa busca o que em sí é já grande demonstração de poder; diz não, ao traidor; refugia-se em Deus. “Torre forte é o nome do Senhor; a ela correrá o justo, e estará em alto refúgio.” Prov 18;10