As flores rejeitadas

“O sacrifício dos ímpios é abominável ao Senhor, mas a oração dos retos é o seu contentamento.” Prov 15; 8

O padrão Divino que rejeita os sacrifícios ímpios e aprova a oração dos retos dá o que pensar. Afinal aqueles oferecem “mais” que esses. Ao menos, nos ensinos de certos semoventes ditos evangélicos que defendem a “demonstração da fé” mediante sacrifícios; em dinheiro, claro.

Mas, por que um ímpio ofereceria sacrifícios enquanto um reto se limitaria a orar? Imaginemos dois homens que deixam seus lares rumo ao trabalho. O primeiro, fiel à esposa desempenha seu labor e chega ao lar para descanso e saúda sua amada com um beijo; o outro, que tem uma relação extraconjugal com a secretária movido pelo remorso vai do motel à floricultura e compra um buquê para presentear a esposa . Se uma mulher pudesse optar entre um e outro exemplos, qual escolheria para marido? Por certo o que dá “menos”, não faz extravagâncias, apenas, é fiel.

Acontece que, Deus é Onisciente, pode fazer essa escolha a despeito das aparências, e faz. “Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101; 6 O motor do sacrifício ímpio é o remorso; o motivo da oração do reto, a preservação do relacionamento.

Espere, os sacrifícios não tinham o fito de expiar pecados? Tinham, porém, deveriam suceder ao arrependimento, não serem usados como se fossem moedas comprando o direito de seguir pecando. Na consagração do primeiro templo Salomão movido pelo Espírito Santo pediu que Deus atendesse súplicas sinceras de quem arrependido fizesse o “mea culpa”. “Quando os céus se fecharem, e não houver chuva por terem pecado contra ti e orarem neste lugar, confessarem teu nome, se converterem dos seus pecados; quando tu os afligires, então, ouve desde os céus e perdoa o pecado de teus servos e do teu povo Israel ensinando-lhes o bom caminho, em que andem; e dá chuva sobre a tua terra, que deste ao teu povo em herança.” II Cron 6; 26 e 27

É digno de mentecaptos supor que O Criador prefira coisas à retidão; ofertas, ao caráter. Antes, na falta desse, aquelas são rejeitadas, como admoestou O Salvador. “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, depois, vem e apresenta a tua oferta.” Mt 5; 23 e 24

Afinal o verniz religioso pode ser usado nas maiores impiedades, qual Jezabel que assassinou ao inocente Nabote como se fosse no zelo de Deus, dizendo que ele blasfemara.

Disse mais, o Mestre, que a oferta de uma pobre viúva que dera duas moedas valia mais, para Deus, que exibicionismo de ricos sem Deus no coração.

Já nos dias de Isaías essa distorção foi denunciada veementemente; “De que serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; não me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, os sábados, a convocação das assembleias; não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene.” Is 1; 11 a 13

Depois de dizer o que não queria, o Senhor exortou segundo o Seu desejo; “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas. Vinde então, e argui-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra.” Vs 16 a 19

As ofertas do ímpio trazem um pedido oblíquo, indireto de gente que recusa a obedecer. A oração do reto nem sempre tem pedidos, às vezes é de louvor, gratidão pelo que recebe, a própria retidão o faz perceber e ser grato.

Não que esse recuse a ofertar, sua vida é a oferta. Deixa o Espírito Santo fazer dele um templo para Deus, como disse Paulo: “No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.” Ef 2; 21 e 22