Assalto à fortaleza
“Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento.” Prov 3; 5
Sempre que pensamos num obstáculo à salvação cogitamos as tentações do mundo, satanás, falsos profetas… certo, esses óbices existem e são pujantes; entretanto, a exortação supra coloca em oposição à revelação Divina nosso próprio entendimento como algo que deve ser descartado em favor daquela. Afinal, todos os desvios aqueles e outros mais só terão eficácia uma vez que conquistem nossa vontade; lograrão isso se, de alguma forma, ao nosso entendimento parecerem desejáveis, úteis, probos, etc.
O pretenso entendimento autônomo foi a origem de tudo na mentirosa promessa diabólica; “sereis como Deus…” Quando o Salvador afirmou: “Conhecereis a verdade e a verdade os libertará.” Jo 8; 32 Não se referia a um anexo futuro à revelação, digo, mais da Palavra; antes, à luz do Espírito Santo, que possibilitaria, enfim, conhecer a Vontade Divina.
O câmbio da “letra” para o Espírito vaticinado em Jeremias atinava precisamente a isso, conhecimento de Deus mediante fato novo. A Epístola aos Hebreus que é o elo mais claro entre Antigo e Novo Testamentos reafirma o vaticínio do profeta: “E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito: Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos;…” Heb 10; 15 e 16
Entendimento no espírito; aqui está a causa pela qual devemos abdicar de nossa natural compreensão. Afinal, disse o Mestre: “O que é nascido da carne é carne.” Paulo acresce: “E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.” I Cor 15; 50 Daí, a exortação para que andemos em espírito; “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” Rom 8; 12 a 14
A verdade é plena de conteúdo; deve ser abraçada de modo irrestrito sem nenhuma imposição arbitrária das inclinações humanas, para , depois, alcançarmos o devido entendimento. “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem;…” o 7; 38 e 39 Mesmo os que andaram com o Mestre precisaram assessoria do Espírito Santo para entendê-lO em tempo futuro; “O que eu faço não o sabes agora, mas tu o saberás depois.” Jo 13; 7
Muitos proponentes da “batalha espiritual” que se perdem em exorcismos imaginários de potestades espirituais melhor fariam se aprendessem a natureza real do conflito; Paulo ensina: “Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo; estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência.” II Cor 10; 3 a 6
Começa admitindo que o pleito, deveras, é espiritual; mas, consiste de conselhos orgulhosos que, laborando contra o conhecimento de Deus constroem suas fortalezas no coração humano. Se, as armas são espirituais, verdade e mentira são a munição.
Assim, mais eficaz que “expulsar” nefastas influências espirituais devemos desmascarar errôneos ensinos à luz da Verdade, afinal, é uma arma poderosa. “Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.” II Cor 13; 8 Nossa coerência entre profissão e modo de vida, autenticidade, será o selo da autoridade Divina operando em nós; por isso o conselho supra: “Estando prontos para vingar toda desobediência quando for cumprida a vossa obediência.” Em suma: A bem da verdade, não posso pretender que meu semelhante cumpra ordenanças que recuso cumprir; fazendo isso serei mero hipócrita.
Ante Deus nada valem evasivas tão comuns entre certos corruptos da política; a culpa é da FIFA, da “herança maldita”, da Imprensa, da oposição, dos militares… eles, sempre inocentes.
Somos mordomos exclusivos de nossas almas, e nenhum de nós peca por culpa de terceiros, antes, por seguir a vontade enferma ou o entendimento doentio.
E não é pequena a razão para cambiarmos o nosso pelo de Deus, como ensina Isaías: “Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” Is 55; 9