LUCAS É O EVANGELISTA DAS APARIÇÕES DE ANJOS.

LUCAS É O EVANGELISTA DAS APARIÇÕES DE ANJOS.

POR Honorato Ribeiro dos Santos.

Há muitos relatos nos livros do Antigo Testamento de aparições de anjo às figuras privilegiadas de Deus. O anjo apareceu a Abraão que Sara, a sua esposa, que era estéril, na sua velhice daria à luz um filho. E ela deu à luz a seu filho Isac. [Gen 18, 9-15]. É uma angelologia de Lucas fazendo um paralelismo de personagens do Antigo Testamento ao Novo, a fim de unir o AT. ao NT numa união hipostática a mostrar que Jesus é o novo Adão, o novo Moisés. Mateus descreve o gênero literário dos sonhos. “O sonho era de fato considerado, no Antigo Oriente, como o vínculo da comunicação divina.” Como exemplo: Deus falou a José por sonho; por sonho Deus falara aos magos; e mais ainda a José, esposo de Maria. [Mt 2, 13-19]. No Antigo Testamento, Deus se comunica a Abraão durante o sonho. [Gn 15, 12]. Os sonhos de José do Egito, filho de Jacó. Ele faz um midraxe relatando uma virgem que daria à luz um filho. “Esse texto não se refere a Jesus e a Maria, e sim à jovem mãe do rei Ezequiel e ao próprio Ezequiel. O futuro rei Ezequiel seria o sinal de salvação que Deus enviara ao seu povo”. [Is 7, 17]. Aqui nesse relato, Mateus faz um midraxe do Antigo Testamento e coloca na vida de Jesus, pois, ele quer mostrar que Jesus é o novo Moisés. Ele usa um texto midráxico ao relatar: A visita dos magos, a fuga de José, Maria e o menino Jesus fuga para o Egito, e cita as mortes dos inocentes assassinadas por Herodes e a volta de José, Maria e Jesus do Egito para Nazaré. Nada disso aconteceu, mas Mateus relata passagem do Antigo Testamento e coloca na vida de Jesus. Veja o relato no livro de Oseias: “Eu chamei do Egito meu filho”. [Os 11, 1]. Jamais José, Maria e Jesus fugiram para o Egito. Sobre as mortes dos inocentes, Mateus faz um midraxe da narração de Jeremias. Veja o relato: “De Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolar, porque já não existem!” [Jer 31, 15]. Raquel era considerada a mãe do povo hebreu que estava asilado na Babilônia. Eis a morte psicológica de seus filhos sendo escravos de um rei pagão. Mateus faz um paralelismo desse relato do Antigo Testamento e coloca na vida de Jesus, ainda na infância, sendo zelado por José e Maria. Quanto a visita dos magos Mateus “usa esse trecho do livro dos Números e o interpreta como profecia sobre Jesus e põe essa profecia nos lábios dos magos; faz deles o veículo da relação do oráculo profético: “a estrela de Balaão previra Jesus.” [Nm 22, 1-41]. Quando o evangelho relata que o anjo em sonho avisou a José para fugir com o menino Jesus para o Egito, ele cita um texto do livro dos Gênesis, [4, 19-20], o texto fala que o Senhor mandou Moisés voltar para o Egito, porque os que queriam matá-lo já havia morrido. Se você ler os dois relatos virá que são relatos sinóticos. Veja outro relato: “O anjo do Senhor apareceu a Abraão, que já era de idade avançada, sua esposa era estéril, também de idade avançada e anunciou que ele iria gerar um filho na sua velhice e poria o nome de Isac. [Gen 18, 9-15]. Outro relato semelhante a do evangelho: “O anjo do Senhor apareceu a esposa de Manué, (esse é o pai de Sansão) que era estéril, que iria dar à luz um filho. Esse filho foi Sansão. [Jz 13, 1-4; 24-25. Lucas relata que o anjo apareceu a Zacarias na sua velhice e disse-lhe que a sua esposa Isabel iria dar à luz João Batista. Isabel era parenta de Maria a mãe de Jesus. [Lc 1, 11-20]. É bom que leia os textos relatados nos livros para melhor análise.

O Magnificat ou cântico de Maria é tirado e inspirado no livro de Samuel. [ISam 2, 10-15]. É inspirado no cântico de Ana e entretecido de citações do AT. Eis as principais passagens por ordem de citações: Salmos 110, 9; 102, 17; 88, 11; 97, 3 e Isaias 411 8...

Isaias profetisa o nascimento do Messias. Messias significa ungido do Senhor, Emanuel, o Deus conosco. [Is 7, 14-15]. A palavra virgem em hebraico significa moça.

Mateus relata que o anjo avisou a José em sonho, que procurasse a Maria sua esposa; que Jesus nasceu em Belém, terra de Davi para afirmar que Jesus é descendente de Davi. Fala que o anjo avisou a José que fugisse com sua esposa e o menino para o Egito. Quando Herodes morreu, o anjo avisou a José que ele voltasse para Nazaré. Foi aí onde Jesus nasceu. Porque digo isso? Os conterrâneos de Jesus e seus parentes, quando ele foi a Nazaré, ficaram escandalizados quando Jesus disse: “(Jesus), depois, foi para a sua pátria, (Onde nasceu e viveu) seguido de seus discípulos. Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos o ouviram e, tomados de admiração, diziam: “Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada, e como se operam por suas mãos tão grandes milagres? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs?” [Na cultura deles os parentes são chamados de irmãos]. Essa afirmação é óbvia que Jesus nasceu, cresceu e se tornou adulto no meio deles em Nazaré. Se se ele nascesse em Belém e teria fugido para Nazaré, é e vidente que os seus conterrâneos não iriam escandalizar e nem citar que ele viveu ali entre seus amigos e parentes. Eles o conheciam muito bem de onde Jesus tinha nascido. Quando o evangelho narra que Jesus nasceu em Belém ele tirou do Antigo Testamento e colocou fazendo um midraxe dos textos. Como Davi nasceu em Belém e foi enterrado lá, o texto segue esse pensamento por descendência. “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”

Mas não se pode interpretar ao pé da letra, pois José, Maria e o menino nunca fugiram para o Egito. [já foi explicado acima]. Seria impossível essa fuga, pois, o Herodes citado no evangelho que queria matar o menino Jesus, era muito carrasco, inteligente e tinha uma força policial em todo território como vigilantes para quem falasse dele ou fugisse seria logo preso. A distância de Jerusalém ao Egito era muitos quilômetros para irem a pé; e havia muitos animais ferozes que iriam enfrentá-los. Portanto o relato é um paralelismo que os evangelistas fazem comparações com o AT citando no Novo. Quem ler a Bíblia e quer interpretar ao pé da letra, não irá entender nada, pois os relatos são teológicos e não notícias jornalísticas; como a gente ler o jornal Folha de São Paulo, a Revista Veja. Os evangelhos não são relatos aferíveis e nem poderia ser, pois, eles relatam o que havia já acontecido há muitos anos. Lucas não conheceu a Maria, José e Jesus. Lucas era da Grécia, não era judeu. Ele não viu o nascimento de Jesus, e, quando ele narra o seu evangelho, Jesus já havia morrido a mais de quarenta anos.

O primeiro evangelho foi o de Marcos, nos anos setenta. Lucas e Mateus se basearam em Marcos e escreveram nos anos oitenta e cinco. Jesus, Pedro e Paulo já haviam morrido. Veja que Marcos não relata sobre o nascimento de Jesus e nem João. Somente Mateus e Lucas, mas fazendo um midraxe do Antigo Testamento e colocado no evangelho como colorido catequético e pastoral para os cristãos. Os relatos dos evangelhos são das testemunhas que de boca em boca anunciavam tudo sobre Jesus. Mas nada foi ao vivo e nem gravado ou filmado. Os relatos dos evangelhos foram escritos em outra língua e não a de Jesus. Jesus não escreveu nada sobre ele mesmo. Foram escritos em grego e depois, a pedido do papa Dâmaso a São Jerônimo, que verteu-se para a vulgata; [o latim falado no mundo romano], e, depois, para as outras línguas. Ao passar de uma língua para outras sofre mudanças radicais. Nem tudo o que está escrito nos evangelhos foi Jesus que disse. Há muitas glosas neles, mas eles são a palavra de Deus, nisso ninguém poderá duvidar. Seria muita ingenuidade de quem afirmar dizendo: “A Bíblia diz assim mesmo como estou lendo”. Seria muito ingênua essa pessoa, pois, não poderá interpretar ao pé da letra, porque são relatos teológicos e não a biografia da Jesus e nem os evangelistas ouvindo ao vivo e escrevendo. Há muita simbologia e metáforas. Em toda Bíblia há muitas glosas, mas não deixam de ser a palavra de Deus e canônicos aprovados pelo Concílio de Trento.

Muitos relatos são uma catequese e pastoral aos cristãos. Os três evangelhos são sinóticos e todos fazem um midraxe e relatam textos do Antigo Testamente e encaixam nos textos do Novo Testamento. Os Atos, as epístolas e o Apocalipse há muitas coisas tiradas do Antigo Testamento. Para nós cristãos não podemos ignorar nada sobre como foram escritos os evangelhos. Nada foi escrito ao vivo e nem poderia ser. Nenhum exegético até hoje não sabe quem foram José e Maria. A mariologia apareceu depois do século IV. Os estudiosos teológicos e exegéticos afirmam que só conhecem um décimo da vida de Jesus. Nove décimos são mistérios. Só conhecemos o que os evangelhos narram, mas não é a biografia de Jesus, mas os seus ensinamentos. Há muitos mistérios que somente a fé poderá afirmar e crer nos ensinamentos de Jesus. Por exemplo: Nós acreditamos que existe o céu. Entretanto não podemos provar, porque ninguém foi lá e nem quem partiu daqui para lá veio nos contar como e lá. Assim também é a vida eterna e a ressurreição. Cremos pela fé em Jesus, porque somos cristãos, mas não podemos provar nada, pois, tudo isso está em outra dimensão e ninguém nem imagina como será a nossa vida após a morte. Cremos porque os evangelhos são relatos verdadeiros e nenhum evangelista ira inventar o que escreveu narrando sobre o projeto de Jesus que recebeu do Pai para nos ensinar. Nada que está escrito nos evangelhos são coisas daqui da terra, mas do céu trazido por Jesus. Por isso é difícil para a gente viver e entender, pois somos agarrados à terra; às coisas materiais e fica difícil de viver a vida espiritual como fora a de Jesus e seus apóstolos. Ser cristão é ser como Cristo para o outro.

Os anjos aparecem depois da ressurreição de Jesus às mulheres e anunciam que Jesus havia ressuscitado e que elas fossem avisar os apóstolos. Mas, no evangelho de Lucas ele, somente ele narra a anunciação do anjo Gabriel a Maria. “Depois ele, somente ele relata que Maria e José todos os anos iam a Jerusalém para a festa da páscoa. Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem. Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos.” [Lc 2, 41-52].

Esse relato lucano, historicamente não aconteceu. Essa história de Jesus aos doze anos, Lucas faz da história uma alta teologia, a fim de mostrar que Jesus desde sua infância estava a serviço do Pai. Mostra-o, ainda menino com doze anos, que tinha uma sabedoria messiânica ao ponto de os doutores da Lei ao fazer muitas perguntas ele respondeu todas, por isso ficaram admirados com a sabedoria dele. Mas, quando os pais o encontram e Maria lhe disse que ele e José ficaram a sua procura sem o achar. A resposta dele foi: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas do meu Pai?” Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera.

Como não entenderam o que ele lhes dissera? O anjo já havia dito a José em sonho e a Maria que ele daria à luz o filho de Deus, o Messias? Como é que agora eles não entenderam nada? Fazendo história é pobre a narração e obscura. Mas como teologia Lucas faz da história uma teologia altíssima para afirmar que Jesus desde menino é Deus. Maria e José também já sabiam e guardaram esse segredo até que ele se revelou quem o era após o batismo, no Rio Jordão por João Batista. Para o leigo entender esse relato lucano deverá procurar estudar teologia, porque é muito difícil. Ao pé da letra é mais ainda, pois o texto não é claro; é complicado e não tem clareza.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 07/01/2014
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