SEPTUAGÉSIMA SEXTA AULA DE TEOLOGIA.

SEPTUAGÉSIMA SEXTA AULA DE TEOLOGIA.

POR HONORATO RIBEIRO.

Como se sabe que há muitas glosas nos evangelhos? Sempre se percebe, pois os pergaminhos eram escritos a mão, isto é, manuscritos. Os escritos originais há talhos de letras perfeitas com as mesmas caligrafias; enquanto as glosas o talho de letra é outra, se percebe bem com clareza que foi inserida no texto muito depois por outro relator ou escriba. Há, também, relatos, tanto em Mateus e Lucas que em Marcos, onde foi a primeira fonte, não existem. Como por exemplo: Lucas relata sobre o anjo Gabriel anunciando a Maria que ela daria à luz o Messias; fala da perda do menino Jesus e encontrado no templo entre os doutores. Nem Marcos, nem Mateus e nem João falam desses episódios. João relata a mulher adúltera que iria ser apedrejada, mas levaram a Jesus para passar-lhe à prova. Não existe esse relato em nenhum dos três evangelhos, somente em João. Parece que esses versículos de um a sete foram inseridos depois por outro relator, pois não se encontra em outros manuscritos.

Os evangelhos são textos formativos. Não são livros de história e nem tampouco da biografia de Jesus. Foram escritos baseados na oracidade, que vivia tradicionalmente de boca em boca pelos apóstolos e cristãos de suas comunidades. Conservaram por mais de quarenta anos até que foram escritos. Ao escrever houve três níveis. O primeiro nível nos anos vinte da vida pública de Jesus. Nesse nível nem tudo que está escrito foi falado por Jesus, mas, provavelmente teriam sidos conservados muitas coisas. O segundo nível foi conservado a oracidade até chegou a ser escritos. O terceiro nível, Marcos, nos anos setenta a oitenta começou a escrever o seu evangelho, este foi a primeira fonte. O quarto nível foi escrito por Mateus e Lucas cinco anos depois, anos oitenta e cinco. Os relatos são breves e difíceis de ser entendido se não fosse o estudo avançado e aprofundado da teologia e cristologia, que houve uma evolução e um progresso muito grande e chegou até nós. O terceiro nível é como escreveu cada um dos evangelistas com bastante brevidade. Como por exemplo: “Um dos seus discípulos lhe disse: “Senhor, Deixe-me ir primeiro enterrar meu pai.” Jesus, porém, lhe respondeu: “Segue-me e deixe que os mortos enterrem seus mortos.” [Mt 21, 22]. Muito abreviado esse diálogo de Jesus ao seu discípulo. Como pode Jesus violar o amor paternal, se a Lei diz: “Amará o teu pai”? Explicando exegeticamente Jesus afirmou-lhe que o primeiro mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas. Segundo quem deixa de seguir a Jesus, o caminho, a verdade e a vida, está morto totalmente para Deus, porque Jesus é o único caminho, a revelação de Deus. Sendo ele discípulo de Jesus deveria saber a quem ele teria de seguir: ou o caminho da vida, que era o próprio Jesus ou seu pai que já havia morrido. Quem mais importante dos dois? Nessas breves palavras ao discípulo seu, Jesus deixa-o a refletir sem exigir ou forçá-lo a segui o seu Mestre. Será que o discípulo entendeu? E nós entendemos? Será que nós sabemos interpretar essa breve palavra que Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”? Será que sabemos o que significa a revelação de Deus a toda a humanidade? O caminho não é geográfico, mas é toda vida vivida e ensinada por Jesus. O seu caminho foi sempre a obedecer o Pai essa revelação, porque ele é, não somente o caminho que leva ao Pai, mas é a verdade revelada do Reino de Deus; a vida que nos deu através da Paixão, morte e ressurreição. Cada um segue esse caminho, verdade e vida sem adulterar nada do seu jeito de ser cristão, dentro e fora da igreja. Não importa que religião seja a praticar, mas que sinta Deus em si mesmo e nos outros, pois cada ser humano é insubstituível e nenhum de nós é igual ao outro. Somos todos muito importante e o Espírito da verdade que é o próprio Jesus Cristo, o Paráclito, que nos ilumina a seguir esse caminho que é o próprio Jesus ressuscitado: na vivência da palavra, na leitura da palavra evangélica, na convivência entre os irmãos, dentro da comunidade, que vive em comunhão e no amor ágape. Este amor ágape é que nos transforma no corpo místico de Jesus Cristo; Ele é a cabeça desse corpo que é a sua Igreja, povo de Deus. Cada um segue seu caminho, que é Jesus, do seu modo praticando a justiça, a partilha, a caridade, mas o caminho é um só, Jesus Cristo. Somente Ele é o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por esse caminho, verdade e vida, pois, somente Jesus é o Salvador da humanidade. [Ecumenismo]. Temos que conviver com todos e respeitar as outras religiões, pois todas adoram o mesmo Deus; sendo em espírito, verdade e vida. Nisso formamos o mesmo corpo místico, onde o próprio Jesus, que é a revelação de Deus e Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, o “logos”, a sabedoria, que falou pelos profetas; que nasceu do Pai antes de todos os séculos. Jesus é o esplendo, é a revelação de Deus, por isso, ele é o único caminho a chegar ao Pai e ver o Pai face a face. Ele foi quem nos trouxe a paz para sermos felizes, bem-aventurados. Mas a paz que ele nos deu, não é a do mundo. A do mundo é o sucesso, é a fama, é a competição, é a promoção, é a desigualdade. A de Jesus é a das bem-aventuranças: “Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim”. [Mt 5, 11]. Mateus escreve uma escatologia no capítulo 24 como um apocalíptico, ou seja, o fim do mundo. Mas a maioria dos exegéticos e estudiosos da cristologia, afirmam que esse relato foi feito por um judeu cristão fugindo das guerras judaicas, e relembrando o que Jesus teria profetizado de sua vinda, sua parusia, escreveu esse relato. Nesse relato apocalíptico a comunidade de Mateus acreditou piamente num sincronismo, isto é, simultaneidade ao pensar erroneamente que iria chegar brevemente a volta de Jesus. Não entenderam, que a sua volta já havia acontecido com a vida do Paráclito para dar continuidade aos seus ensinamentos. Chegou como língua de fogo [teofania] e pousou sobre cada um dos apóstolos, no cenáculo de Jerusalém. Pedro fez um discurso falando numa só língua que todas as nações, sem intérpretes compreenderam como se estivessem ouvido na sua própria língua de todas as nações. O amor ágape não é diferente a linguagem. É única e universal. Não precisa de intérpretes. Todos compreendem, pois, o amor é o próprio Deus em cada um. Todos compreenderam a Pedro, porque eles viram o grande amor recíproco dos apóstolos. Por isso os pagãos disseram: “Como eles se amam! Parece que só há um coração e uma só alma”. [Atos 2, 1-13]. Não podemos ler qualquer trecho da Bíblia ao pé da letra. Muitos interpretam que Pedro falou várias línguas, e, por isso, os estrangeiros entenderam sem intérpretes. Pedro falou a linguagem do amor; o amor é universal.

Devemos compreender que os relatos evangélicos são relatos teológicos e precisa saber interpretar dentro do sentido real da interpretação hermenêutica. Terá que conhecer bem exegese para depois compreender a escrita metafórica e simbólica que aparecem sempre nos relatos dos evangelhos.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 17/08/2013
Código do texto: T4438338
Classificação de conteúdo: seguro