SEPTUAGÉSIMA QUINTA AULA DE TEOLOGIA.
SEPTUAGÉSIMA QUINTA AULA DE TEOLOGIA.
POR HONORATO RIBEIRO.
Os capítulos 14, à 17, do evangelho de João há muitas glosas, foi acrescentado depois por um relator talvez um discípulo seu. Como foi já explicado em lições interiores, que não podemos ler os evangelhos e afirmar que foi deste mesmo jeito que Jesus falou. Há muitas glosas que foram colocadas depois como complementação em forma de catequese por outros relatores. [se não houvesse esses capítulos não iriam fazer falta, porque o capítulo 18 fala tudo claramente]. Como catequese são aceitas as glosas e fazem partes dos evangelhos canônicos. É aceita dentro da Igreja como uma pedagogia litúrgica internamente nas pregações. Mas como prova científica e estudo teológico dos exegetas, não, porque não têm conteúdo científico e nem teológico.
A encíclica do Papa Pio XII, Divino Affante Spiritu, fala e ordena aos exegéticos para aprofundarem sobre esse ponto de um estudo profundo dentro do avanço teológico moderno e com o estudo aprofundando junto aos antropólogos nas descobertas de escritos primitivos encontrados nas escavações comparando com os textos sagradas paralelamente já conhecidos, no Novo Testamento, e aprovados canonicamente por nossa Madre Igreja Católica, no Concílio de Trento, sem deixar de ser autêntico que, cientificamente, sejam textos em pergaminhos manuscritos originais o que já são de nosso conhecimento. A teologia avançou progressivamente e não pode ser antagônica à ciência, pois, ambas caminham juntas com um só objetivo: A verdade cristológica.
Quero relatar, agora, nessa aula de teologia que estou ministrando, achei por bem ilustrar um assunto polêmico e, que agora, já com mais clareza que possa entender à luz da razão numa visão mais profunda da teologia. Não é mais aceito afirmar assunto bíblico como sendo antagônico à ciência. “Segundo a ciência, porém, a perfeição não é própria das origens; na origem há imperfeição, e a perfeição é alcançada através de uma evolução natural. Daí, a perfeição a que se refere a Bíblia só pode ter sido alcançada mais tarde. (Nesse sentido o pecado, relatado na Bíblia em Gênesis, capítulo 3 como que de um estado de perfeição anterior, é visto por alguns estudiosos não como erro, pecado, mas como passo à frente na busca da perfeição: o homem quis conhecer mais, saber mais, avizinhar-se da total liberdade!).
Hoje o relato bíblico sobre as origens não é mais aceito, incondicionalmente, como documento histórico. [aferível]. A narração bíblica passou pela crítica científica, exegética, histórica e literária; temos hoje bem clara e bem definida a intenção do autor ao escrever isso. Hoje temos a síntese. Antigamente toda a narração [bíblica] era considerada histórica; na Idade Média, alegórica, baseada nas tradições do povo, na cultura do Antigo Oriente e principalmente na fé.
Há, porém, muitos que apressadamente julgam ainda a narração bíblica de ontem com os critérios científicos de hoje. E atribuem à Bíblia erros que ela não comete, pois ela não faz ciência, mas teologia. Desconhecer isso e julgar o autor bíblico como anti-científico é cometer erro maior do que aquele que se atribui a ele.
Hoje sabemos também, provadamente, que a narração bíblica sobre as origens do mundo e do homem não é relato religioso único e específico do povo hebreu. Tal tipo de relato faz parte dos escritos religiosos de muitos povos inseridos no contexto cultural-religioso do Antigo Oriente. Tais escritos religiosos usam forma literária específica comum, onde entra o simbolismo, as imagens, as concepções populares, a intenção do autor, a cultura do tempo etc.
Nesse contexto cultural e também histórico é que podemos inserir o relato do Gênesis sobre a criação do mundo em seis dias e o “descanso” de Deus no sétimo. [Gen 1, 1-2, 3].
Se você ler com atenção os dois primeiros capítulos do Gênesis, perceberá que a criação é narrada duas vezes. A primeira em [Gen 1, 1-2,4 a], e a segunda em [Gen 2, 4b-25]. (O versículo quarto do capítulo dois é o final da primeira narração sobre a criação e também o começo da segunda. Por isso ele é dividido pelos estudiosos em 4a e 4b, porque fala de coisas diferentes.
Por que duas narrações? Porque foram feitas em épocas diferentes, por pessoas diferentes, com intenções diferentes, e que foram mais tarde juntadas numa narração só porque se completavam. A primeira narração [Gen 1, 1-2,4a] foi escrita por um grupo de sacerdotes, e a segunda [Gen 2, 4b-25] foi escrita por gente do povo. No tempo do escriba Esdras [século IV a.c.] essas duas narrações foram juntadas e formaram a atual.” [A intenção deles era, naturalmente, religiosa e litúrgica.”]. (Frei Mauro Strabeli Bel em teologia e mestrado em teologia bíblica).
Se você ler a Bíblia e afirmar que é desta maneira que está escrita e achar que religião é antagônica à ciência, só serve para a igreja internamente como catecismo ou homilia ou seita religiosa. Não tem valor nenhum cientificamente. Deixará de ter valor o livro Sagrado da palavra de Deus. Mas você, agora, ao estudar a teologia compreenderá que não é verdadeira a sua visão de ler como fundamentalista, pois a teologia é o estudo exegético dos relatos bíblicos à luz da verdade.
Há, porém, muitos que fazem perguntas em textos soltos da Bíblia achando até que não houve realmente essa passagem, como Por exemplo: Como poderia Jesus ter sido interrogado pelo governador romano, Pôncio Pilatos, no julgamento condenatório, se ele falava a língua latina e Jesus falava o aramaico? Naquele tempo não havia intérpretes como hoje. Como explicar esse diálogo que aparece nos evangelhos? A resposta é fácil e bem compreensível. Se você viajar para qualquer capital do Brasil que cita às margens marítimas, como Salvador, Rio de Janeiro, verá muitas crianças e jovens falando espanhol, francês, inglês simplesmente pelo convívio que têm de ouvir conversando com os turistas de diversos países, vendendo ora sendo guias, orientando sem terem estudado língua nenhuma. Falam fluentemente, porém, não sabem escrever.
O governador Pôncio Pilatos viajava bastante em todos os territórios dominados por Roma e aprendia a conversar com seus súditos. Jesus e o povo judeu, também se comunicavam com eles, os romanos, por questões de convivência. Agora está explicado o julgamento de Jesus por Pilatos. Ambos se comunicaram legalmente e entenderam um ao outro sem precisar de intérpretes.
hagaribeiro.