SEXAGÉSIMA SÉTIMA AULA DE TEOLOGIA.
SEXAGÉSIMA SÉTIMA AULA DE TEOLOGIA.
POR HONORATO RIBEIRO.
No evangelho de Lucas 24, 13-49, conta que dois discípulos de Jesus iam para uma aldeia chamada de Emaús e, no caminho, enquanto conversavam sobre os acontecimentos da Paixão e Morte de Jesus, apareceu um desconhecido e lhes perguntou: "De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?" Um deles chamado Cléofas, respondeu-lhe: "És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?" Perguntou-lhe ele: Que foi? Disseram: "A respeito de Jesus de Nazaré”... Era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo. Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele quem haveria de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam.
Os discípulos de Emaús não reconheceram aquele forasteiro, porque também não acreditaram que Jesus havia ressuscitado. [Muitos que se dizem cristãos, também, não acreditam]. Foram caminhando e Jesus explicava a eles o que os profetas haviam dito Dele. Quando chegaram à aldeia eles o convidaram para entrar na casa, pois já era tarde. O forasteiro entrou. Sentaram à mesa, talvez para jantar. E quando foi distribuído o pão, o forasteiro pegou o pão abençoou e o partiu e deu-lhes para comer. Quando eles começaram a comer abriram os olhos [os da alma] e reconheceram que, aquele forasteiro era Jesus. Mas Ele desapareceu misteriosamente diante deles.
Muitas vezes a gente se encontra com Jesus nas estradas da vida e não O reconhece, pois, Jesus se transforma num forasteiro mendigo, faminto, sem roupa, sem agasalho à toa na vida e a gente não o reconhece. [Por falta da luz do alto e da sabedoria]. Só enxerga como um forasteiro, um Zé ninguém. Às vezes a gente toma o pão eucarístico e ainda enxerga o Jesus como um forasteiro, [o pão material] e como uma simples hóstia feita de trigo, porque não compreende onde é que ele aparece à gente de forma tão diferente. Não O reconhecemos, quando Ele aparece num hospital doente; nas penitenciárias presos, com fome pelas ruas e avenidas, rasgado, maltrapilho; e descalço sem roupa, com sede, deitado debaixo de viaduto e dormindo no banco de jardim [queimado com álcool por jovens de classe alta em Brasília] e, às vezes a gente tem a tendência de julgar: É um vagabundo, um maconheiro, um ébrio, um doido. Não enxergamos o Jesus que nos ensinou a amar e cuidar desses pobres [como o bom samaritano], que estão caídos à beira da estrada, excluídos do meio social e religioso. Talvez a gente seja mais cego do que os discípulos de Emaús, pois, quando eles comeram o pão, descobriram que era Jesus. Imediatamente voltaram à Jerusalém alegres para contar aos apóstolos e discípulos que eles viram Jesus e, que realmente Ele havia ressuscitado.
E nós, cristãos, como agimos ao encontrar com Jesus disfarçado em um forasteiro? Será que, quando participamos da mesa eucarística e da palavra evangélica enxergamos o Jesus que não é forasteiro? Quem é Jesus para você? Como você enxerga Jesus hoje, neste mundo cheio de injustiça? Enxerga como um forasteiro ou como o Jesus ressuscitado e misericordioso vivo e glorioso?
Sabemos realmente o que é Páscoa? Vivemos a Páscoa? Ou páscoa é comprar no supermercado doce de chocolate e ensinar às nossas crianças o coelhinho da páscoa? Sem os ensinamentos do Mestre dos mestres vivemos uma vida completamente vazia sem nenhum sentido. Ser cristão é se encher da sabedoria das bem-aventuranças que é o retrato verdadeiro de Jesus e o nosso também.
Jesus ao caminhar sobre as águas do mar, os apóstolos viram-no como um fantasma e tiveram muito medo. Os discípulos de Emaús viram Jesus como um forasteiro. Maria Madalena viu como um jardineiro [Muitas vezes ele aparece como jardineiro] e ela não o reconheceu. Nós também muitas vezes não reconhecemos Jesus num faminto, num maltrapilho, num forasteiro, [num trabalhador da última hora]. Devemos estar de olhos abertos [olhos cheio de luz espiritual] para enxergarmos Jesus verdadeiramente nessas pessoas [excluídas], que passam por nós disfarçados como um estrangeiro e não duvidar, pois Ele é o Jesus Ressuscitado e vive sempre entre nós de maneira bem diferente aos nossos olhos da carne. Vê a Jesus com os olhos do alto e não daqui debaixo.
O evangelho de Mateus conta que Jesus deu-nos um conselho contando-nos uma parábola, a fim de quem o ouvir, entender melhor o que ele está ensinado o caminho da salvação. Foram muitas parábolas que Jesus contou, mas esta é bem ilustrativa. Veja o que Ele nos aconselha: "Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e numerosos são os que por aí entram". (Mt 7, 13). Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que encontram. (Mt. 7, 14).
Se há uma porta estreita e outra larga a gente quer, na lógica, passar pela larga, pois é bem mais fácil passar. Porém, não é o caminho do Reino de Deus, porque quem entra pela porta larga, simbolizando o mundo das trevas, vai encontrar os ensinamentos que ele oferece e é bem fácil aprender: o individualismo, a vaidade, o prazer da carne de ser arrogante; de ser egoísta, cair no vício das drogas, do vício da luxúria, da urgia, das farras, da prostituição, do domínio de escravizar o outro pelo poder, da falta de amor e caridade, e, por aí a porta larga vai se estreitando, estreitando, até não poder mais sair. Fica se afundado, afundando até o pescoço, porque não é o caminho de Deus. Já, se entrar pela porta estreita, a mais difícil de passar, vai aprender: amar, perdoar, ter uma vida voltada para o bem comum; vai se aperfeiçoando, aprofundando na sabedoria de Deus enchendo-se da luz do alto e fazendo a vontade de Deus. Vai se transformando num bom samaritano e vai se aperfeiçoando cada vez mais e vai encontrar a verdadeira felicidade. Por quê? Porque a porta estreita vai se alargando, alargando de tal maneira que a pessoa vai se enchendo das graças de Deus, da virtude, da sabedoria da palavra e pondo em ação a sua fé, na crença do reino de Deus. A fé vai aumentando e a luz vai brilhando; a felicidade e a paz viverão naquela pessoa eternamente, porque soubera escolher o caminho do Reino de Deus. Veja que a porta larga foi se estreitando, ao contrário da porta estreita, foi se alargando no sentido das bem-aventuranças, da felicidade e da paz em Deus. Mesmo com crises e sofrimentos ela vai adentrando a entrar na porta do céu que é Jesus. Ele é o porteiro para abrir a porta para as ovelhas entrarem.
hagaribeiro.