SEXAGÉSIMA TERCEIRA AULA DE TEOLOGIA.
SEXAGÉSIMA TERCEIRA AULA DE TEOLOGIA.
POR HONORATO RIBEIRO.
No evangelho de João, Jesus faz o famoso discurso de despedida. Agora vou para aquele que me enviou, e ninguém de vós me pergunta: Para onde vais? Mas porque falei assim, a tristeza encheu o vosso coração. Entretanto, digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá! Porque, se eu não for, o Paráclito não virá [O Espírito Santo] a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei. [É o próprio Jesus em espírito que falou pelos profetas, que virá]. E, quando ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do juízo. Convencerá o mundo [Convencerá os homens a se converterem] a respeito do pecado, que consiste em não crer em mim. [Nos meus ensinamentos]. Ele [o Espírito Santo continuará com a mesma missão de Jesus] o convencerá a respeito da justiça, porque eu me vou para junto de meu Pai e já não me vereis; [Jesus fala de sua ascensão aos céus] ele o convencerá a respeito do juízo, que consiste em que o príncipe deste mundo [satanás] já está julgado e condenado. [Jo 16, 5-11]. Davi, Isac, Tobias, Paulo, Pedro fizeram, também suas despedidas antes de morrer. Paulo fala: “Combati o bom combate; guardei a fé, agora me resta a coroa da glória.”.
“Este é o meu mandamento: amai uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando.” Esse mandamento é novo, porque Jesus se deu por amor a sua própria vida derramando o seu sangue para a remissão dos pecados de todos. Aqui é a grande Aliança feita ao Pai através de seu sangue. No livro do Levítico houve, no Monte Sinai a Aliança dos Dez Mandamentos. Mas não houve derramamento de sangue para remir os pecados da humanidade. Por isso é que Jesus afirma: “Eis que eu vos dou um novo mandamento. Que vos amei uns aos outro como eu vos amo”. Esta é a grande aliança que Jesus fez ao Pai dando a sua vida para a salvação de todos. [A aliança que ele fez ao Pai e a humanidade foi o amor] Mas o evangelho de João afirma que este amor é recíproco. “Amai uns aos outros, isto é, o cristão deverá viver no amor entre si; amor recíproco. Como eu posso amar o meu inimigo se ele não me ama? Não há um amor recíproco entre mim e o meu inimigo. Eu amo o inimigo, mas é bem diferente do amor recíproco, pois não há reciprocidade entre mim e ele. É bem diferente do amor que tenho para com a minha mãe, pai, irmão e meus amigos íntimos, porque há reciprocidade. Com o inimigo eu posso amá-lo, é meu dever como cristão, mas não posso viver ao seu lado como eu vivo com os meus amigos orando e confiantemente a viver juntos. Mas esse relato é realmente uma catequese que Jesus está fazendo para os apóstolos e discípulos: “amai uns aos outros como eu vos amo”. Este, o amai uns aos outros, Jesus fala para os seus discípulos e apóstolos. E foi este amor entre si reciprocamente é que a multidão ficou admirada e dizia: “Como eles se amam! Parece que só têm uma alma e um só coração!” E assim cresceu o cristianismo pela união dos cristãos e o amor recíproco entre eles. E nós cristão, como vivemos o cristianismo dos apóstolos? Que grande catequese João escreve para todos nós cristãos!
No evangelho de João é mais restrito e radical o amor. Não é universal, mas somente para os cristãos. É bem diferente do evangelho de Mateus sobre o amar o próximo e os sinóticos. Porque é universal esse amor. Como cristão devemos amor a todos sem exceção, mesmo os nossos inimigos.
Vejamos no evangelho de Mateus. “Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. [Lei antiga citado no livro do Levítico]. Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. [Mateus 5, 43-48]. Veja que em Mateus ele relata o amor universal. Não é preciso amor recíproco, mas amar não somente os amigos, mas, também os inimigos e aqueles que nos maltratam e nos odeiam. Então alguém poderá ficar confuso e dizer: Quem dos dois está certo? É o evangelista João ou o evangelista Mateus? Os sinóticos? Cada um faz teologia diferentemente. E ambos estão fazendo catequese. Em João, Jesus catequiza os apóstolos e discípulos. Mateus catequiza os cristãos universalmente. [Mostra o nascer da igreja católica]. E a Igreja como nos ensina? Ensina amar como Jesus amou e não vai dizer que um está certo e o outro não, pois os quatro evangelhos são canônicos, isto é, oficiais e aprovados pelo Concílio de “Trento”. E Jesus continua a orientar: “Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? [cobradores de impostos]. Se saudais apenas vossos irmãos, que fazem de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito”. [Mt 5, 43-48]. Somente o agir com fé e ação praticando o amor universal e recíproco é que seremos filhos de Deus. “Nisso sereis os meus discípulos”. O amor universal se estende a um faminto, um sem roupas, um sem moradia, um enfermo e encarcerado, o excluído, nisso estamos nos aperfeiçoado a ser perfeitos a que fomos chamados.
O evangelho de Mateus é chamado de evangelho da justiça e o de João o da glória, pois, Jesus afirma uma auto-revelação entre ele e o Pai a ponto de dizer: Eu não sou desse mundo; eu nasci do Pai, foi ele que me gerou. Eu desci do céu, [não nasci em Belém e nem em Nazaré]; pois foi meu Pai quem me gerou. “Eis o meu Filho muito amado em que ponho a minha afeição”. [Mt 3, 17]. Jesus Cristo foi gerado antes de todos os séculos; foi ele que falou pelos profetas. Agora ele está falando, inspirando, dando coragem aos seus seguidores: bispos, presbíteros, diáconos, pastores e a sustentar a sua Igreja católica por meio do Espírito Santo. Ele continuará assistindo e governando a sua Santa Igreja Católica Apostólica. É Ele a pedra fundamental. A pedra angular, a rocha. Por isso é que ela é infalível e nenhum poder terá força para lhe destruir. “Eis que estarei convosco [o Espírito Santo] até a consumação dos séculos.