QUINQUAGÉSIMA PRIMEIRA AULA DE TEOLOGIA

QUINQUAGÉSIMA PRIMEIRA AULA DE TEOLOGIA.

POR HONORATO RIBEIRO.

Nesta aula de orientação teológica, iremos estudar os sinóticos todos os relatos da Paixão e morte de Jesus. Quero explicar também, que a historicidade de cada evangelho canonicamente é bem diferente a interpretação, compreensão e o estudo da teologia de hoje como no período da Idade Média. Começamos por Mateus. Mateus afirma que Jesus foi crucificado entre dois ladrões, mas nenhum deles pediu clemência a Jesus; pelo contrário, blasfemaram, ultrajaram. Os que passavam o injuriavam, sacudiam a cabeça e diziam: “Tu que destróis o templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!” Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciões também zombavam dele: Ele salvou a outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se és rei de Israel, desça agora da cruz e nós creremos nele! Confiou em Deus, Deus o livre agora, se o ama, porque ele disse: Eu sou o Filho de Deus!

Fazendo-se uma exegese desse relato da Paixão afirmamos teologicamente que esse relato foi escrito após a Paixão, nos anos 80. Foi constituído pela comunidade de Mateus como forma de catequese ou pastoral. Não houve, entretanto, essa dramatização toda dos príncipes dos sacerdotes, escribas e anciões, pois, para eles Jesus era simplesmente um impostor, uma pessoa como qualquer uma que se alvoroçava em ter poderes de Deus sem o ter. Jamais eles iriam fazer tais perguntas a uma pessoa que eles condenaram e já estava pregado na cruz indefesa. Muitas coisas da paixão foram inseridas depois da páscoa como forma de catequese. Mateus diz que, quando Jesus morreu que a terra tremeu, fenderam-se as rochas. Os sepulcros se abriram e os corpos de muitos ressuscitaram. Saindo de suas sepulturas, entraram na Cidade Santa depois da ressurreição de Jesus e apareceram a muitos. [Mt 27, 39-53]. Esse relato é genuinamente apocalíptico. Nada disso aconteceu, mas que irá acontecer na parusia e escatologia, no juízo final. O evangelista não está preocupado em datas exatas dos acontecimentos, pois, ele escreve teologia e não jornalismo. Tudo isso irá acontecer, quando no juízo final.

Bem, agora, vamos escrever e explicar da paixão de Jesus Cristo no evangelho de Marcos. Já em Marcos ele diz que Jesus foi crucificado entre dois e esses o insultavam. Nenhum pediu a Jesus o perdão para entrar no paraíso. A comunidade de Marcos também afirmou que houve insultos pela parte dos príncipes dos sacerdotes, escribas e anciões. Como foi dito acima, nada aconteceu, mas uma orientação catequética para firmar aos cristãos que Jesus é o único salvador, o Emanuel. É realmente uma pastoral.

Agora iremos explicar a Paixão de Jesus por Lucas. Lucas mostra que Jesus é o homem pacífico, calmo, misericordioso, que se esqueceu de si mesmo e se preocupou com os outros. Quando foi preso um deles puxou a espada e decepou a orelha do servo do príncipe dos sacerdotes. Jesus apiedou-se do ferido. Jesus tocando na orelha daquele homem, curou-o. Indo com a cruz nos ombros ele encontra com umas mulheres chorando. Enquanto as mulheres choravam ao vê-lo o sofrimento de Jesus, Ele se apieda das mulheres e diz para elas: “Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, mas chorais sobre vós mesmas e sobre vossos filhos”. Houve os mesmos insultos como citam Mateus e Marcos. Mas o Jesus lucano é piedoso, calmo, misericordioso e perdoa a todos, até mesmo um dos ladrões que o prometeu o paraíso: “Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no paraíso”. [Lc 23, 35-43].

Veja como narra João no seu evangelho relatando sobre a Paixão. Para João Jesus é um homem decisivo, corajoso, destemido e com autoridade e poder divino. Quando chegaram para o prender, Jesus vai ao encontro deles e o pergunta: “A quem buscai?” Responderam: “A Jesus de Nazaré”. “Sou eu”. [Deus]. Quando Jesus afirmou que era ele, recuaram todos e caíram por terra por três vezes. João afirma que Jesus foi crucificado entre dois. Não diz que são ladrões; nem um pediu para Jesus quando estivesse no paraíso, lembrasse dele. Também não fala que houve insultos e blasfêmias. João relata no seu evangelho um poder divino se entregando como um cordeiro imolado, que depois iria destruir a morte ressuscitando gloriosamente. Eis a diferença entre um e outro, mas todos fazem teologia e cristologia; cada um de sua maneira com sua comunidade. Não houve essa dramatização toda de caírem por terra, quando Jesus disse-lhes: “Sou eu”, mas a comunidade com João faz uma catequese aos cristãos dizendo e afirmando sempre que Jesus é Deus; Deus encarnado para a salvação da humanidade. Por que não aconteceu essa dramatização toda? Porque na hora da crucificação somente os soldados subiram com Jesus ao Calvário e ninguém mais, pois a Lei romana não permitia, que amigos e parentes poderiam ver a crucificação de qualquer condenado à morte de cruz. Também não permitia que se retirasse o cadáver para o sepultamento. Teria de apodrecer na cruz. Os romanos tinham hábito de político de Estado. Todos os relatos dos quatro evangelhos foram escritos depois da páscoa e nos apresentam como uma catequese e pastoral para a comunidade cristã; nasceu, então, a união das quatro comunidades em uma só, formando uma única igreja cristã. [O cristianismo, que depois se transformou, no século IV de catolicismo]. Como surgiram os evangelhos? Surgiram pela tradição oral, isto é, de boca em boca até que foram se organizando e escrevendo o que nós temos hoje. Levou muitos anos até que se deu o final de cada um. Não foi de uma vez e nem por um só escritor, mas a comunidade era quem dava os detalhes e relatos de todos os acontecimentos, dos anos vinte, isto é, da pregação de Jesus e depois da páscoa.

No século XIX, houve um movimento fortíssimo em se afirmando que a história de Jesus era um “mito”, isto é, não houve esse homem por nome de Jesus Cristo. A Igreja católica, que sempre teve grandes historiadores, teólogos e exegetas, derrubou por completo esse movimento que afirmava que Jesus era um mito. Hoje não há mais polêmica; [dois terço no mundo inteiro acreditam no Jesus místico], está aprovado que Jesus é uma figura “Mística” e não mais um Mito como se procedeu com alarde o movimento. Mito é o imaginário, uma lenda. Uma figura hipotética. O Místico é verdadeiro, lógico e real. Houve muitos que se alvoroçaram ser o Cristo e foram muitos desses, mortos pelos romanos. Tudo deles desapareceu; mas os relatos do Novo Testamento, os evangelhos perpetuam a quase dois mil anos. Esta é uma prova cabal de que Jesus Cristo é mesmo o Filho de Deus, o Salvador do mundo. O Emanuel, o Deus conosco. Para João evangelista Jesus é Deus verdadeiro. O único salvador e redentor da humanidade.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 23/07/2013
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