QUADRAGÉSIMA QUARTA AULA DE TEOLOGIA.

QUADRAGÉSIMA QUARTA AULA DE TEOLOGIA.

POR HONORATO RIBEIRO.

Todo evangelho de João relata sempre os judeus criticando e ameaçando Jesus por, segundo eles, violação da lei mosaica e se afirmando ser o filho de Deus e Deus. Vejamos: “Embora eu dê testemunho de mim mesmo, o meu testemunho é digno de fé, porque sei donde vim e para onde vou; mas vós não sabeis donde venho nem para onde vou. Vós julgais segundo a aparência; eu não julgo ninguém. E, se julgo, o meu julgamento é conforme a verdade, porque não estou sozinho, mas comigo está o Pai que me enviou.”

O discurso de Jesus aos fariseus começa a dizer-lhes que ele é a luz do mundo, isto é, a luz do entendimento do Reino dos céus à humanidade. Jesus inaugurou a sua igreja com a economia da fé e não economia do mundo capitalista. E nem ensinou a ninguém a buscar bens, teres ou cura somente do corpo e a alma espiritual sem valia nenhuma. Ele inaugurou o Reino dos céus e não o reino terrestre e economia terrestre. Ele veio lá do alto e trouxe a Boa Nova, o Projeto do Pai com uma doutrina do amor à humanidade, não somente a eles judeus, mas universalizou a salvação para todos. [“Amai uns aos outros como eu vos amei” Aqui está a universalidade que Jesus deixou para a humanidade]. Na sua parusia e escatologia, no juízo final, toda humanidade será julgada. Não importa a crença ou igreja ou ateísmo, mas são todos julgados. Os bons para a vida eterna e os maus para a morte eterna. Aqui se apresenta a Igreja católica no julgamento, isto é, Jesus Cristo, a pedra fundamental dessa Igreja Universal.

Quando Jesus disse que ele veio do alto para o baixo e afirmou que eles não sabiam de onde ele veio e nem para onde ele iria; afirmou, também, que ele veio do Pai celestial, e, que ele dá testemunho do Pai; e que o Pai vive nele e ele no Pai, quiseram apedrejá-lo. Foi então que Jesus disse-lhes: “Ora, na vossa lei está escrito: “O testemunho de duas pessoas é digno de fé”. [Dualismo: Jesus e o Pai]. [Deut 19, 15]. E prosseguiu: “Eu dou testemunho de mim mesmo; e meu Pai, que me enviou, o dá também”. Jesus confessa que o testemunho dele vem do Pai, isto é, Deus, Javé, o mesmo que eles adoravam e acreditavam, e o mesmo que Moisés adorava, mas eles estavam cegos nos seus radicalismos e fanatismos religiosos. Jesus disse para eles: “Vós sois cá de baixo, eu sou lá décima”. Perícope difícil de ser compreendida. Aqui Jesus anuncia a sua paixão, morte, ressurreição e ascensão. Vamos fazer uma exegese desse relato tão difícil. Vós sois cá debaixo, isto é, nasceu biologicamente do pai e da mãe, aqui na terra. Cresceu, viveu e, depois, irá morrer e vai para a sepultura. Jesus, antes de o mundo ser criado, isto é, o universo, o cosmos, ele já existia; por isso ele disse: “Eu sou lá de cima, do alto, isto é, do céu. Vós sois desse mundo, eu não sou desse mundo, isto é, daqui da terra. [e quem o seguir também não é desse mundo]. Ele irá subir geograficamente? Subi há dois sentidos teológicos. O primeiro é subir com a cruz para o Calvário e doar-se morrendo para a remissão de todos. A segunda é a sua ascensão. “Para onde eu vou não sabeis”. Jesus está afirmando que, depois de sua morte de cruz, ele ressuscitará e se ascenderá para os céus. [Aqui é um relato dos anos 90]. Nesse relato, o evangelista coloca na boca de Jesus o que iria acontecer depois da páscoa. Esse relato foi escrito como os acontecimentos Após a páscoa, não nos anos 20, da pregação de Jesus na vida pública com os seus ensinamentos aos seus discípulos. Há uma cronologia dos anos 90 e a dos anos 20, quando Jesus anunciava o Reino de Deus. Aqui há o relato da comunidade de João que juntos escreveram o episódio antes da páscoa e depois da páscoa. E é preciso separar e entender os dois textos fazendo-se uma boa exegese.

“Eu sou do alto, vós sois debaixo”. [Dualismo]. “Eu sou” é uma afirmação de que ele é Deus. [É a mesma voz que falou para Moisés, na sarça ardente: “Eu Sou” é a identidade de Deus]. Nessa perícope é óbvio que explica uma sucessão progressiva da paixão: Do chão à cruz, da cruz à ressurreição, da ressurreição à ascensão. Para nós e para os doutores da lei, fariseus e nós também, não entendemos o que é ressurreição, ascensão e vida eterna. É um grande mistério. É querer entrar na mística e isso é impossível. Está em outra dimensão; e nós daqui de baixo, a nossa lógica e bom senso será abandonado. Só seguimos a Jesus com fé na sua paixão e morte; eles, os fariseus saírem das sinagogas e nós sairmos das igrejas para anunciar e valorizar os ensinamentos de Jesus e viver esses valores: “Amai uns aos outros como eu vos amei”. Esse é o maior valor ensinado por Jesus. Todo esse discurso que Jesus fala afirmando: “Eu sou a porta”... “Eu sou o porteiro que abre a porta para as ovelhas” “Eu sou o bom pastor”... É que há muitos, principalmente nos dias de hoje, que não são bons pastores e nós temos consciência disso. São mercenário que se enriquecem às custas dos ignorantes, que vão atrás de milagres patológicos, que dão dinheiro em nome de Jesus. Esses são realmente os anti-cristos citado no Apocalipse e nas epístolas de João. Os falsos profetas que são pastores e no mesmo tempo são deputados, senadores e ganham um salário absurdo, [mais do que o presidente dos Estados Unidos], a enganar os que não possuem a sabedoria do evangelho. [Católico sem catequese]. Jesus nunca pregou sucesso e poder econômico e nem a igreja católica ensina. Também a Igreja fundada por Jesus não é responsável para assistência hospitalar, nem dá educação escolar para ninguém e nem ensinar a ficar rico levando o seu nome. [Coisas do capitalismo selvagem]. Estes maus pregadores são mercenários e enganadores. Não são cristãos e nem tampouco pastores das ovelhas, cujas ovelhas ouvirão a sua voz, pois são mercenários e ladrões como afirmou Jesus. Jesus nunca pregou capitalismo e nunca morou em mansão. Veja o que Jesus disse: “As raposas têm sua toca; as aves do céu têm seu ninho. Mas o Filho do Homem não tem sequer uma pedra para colocar a cabeça”. Isso é verdade, pois ninguém sabe onde Jesus morava e como era a sua casa. Ele era um peripatético [ensinamento dos filósofos da Grécia], caminhando, ensinando os seus discípulos como poderiam viver à perfeição como co-herdeiros dos céus. Jamais Jesus foi capitalista. Nessa perícope que Jesus afirma ser o bom pastor, a porta, o porteiro que abre a porta para suas ovelhas e as ovelhas ouvem a sua voz, não se trata de parábola, mas de uma alegoria, que é bem diferente de parábola.

Os discursos que Jesus sempre fazia eram em parábolas e alegorias na língua de Jesus, o aramaico. Mas no grego, parábola é bem diferente de alegoria. Para se entender o que é parábola é preciso que haja várias personagens nela, mas a finalidade é única: a misericórdia, a caridade. É o caso da parábola do Bom Samaritano, que somente ele é o personagem protagonista da história. O que agiu com amor e misericórdia ao próximo e fez a caridade. É uma catequese muito obvia para ser vivida pelos cristãos: Vá e faça o mesmo; seja como o samaritano. [Lc 10, 25-37]. Alegoria as personagens são metafóricas e todas fazem parte da história. Exemplo: as ovelhas, os ladrões e salteadores, a porta, o porteiro o pastor, o aprisco, o mercenário. [Jo 10, 1-21]. Todo esse relato que o evangelista narra é uma alegoria.

Os exegéticos afirmam que todos os relatos bíblicos são relatos parabólicos, outras são alegorias, por isso é difícil de entender para quem não aprendeu teologia. A Igreja tinha razão de não deixar os leigos lerem a Bíblia, pois, sem saber profundamente teologia e etiologia bem como cristologia e eclesiologia fica muito difícil para os leigos. Sem esse estudo não é possível entender os relatos dos que escreveram esse livro sagrado inspirado por Deus. Não se pode entregar a Bíblia para pessoas sem essa visão teológica a pregar sem ter essa cultura teológica. Por essa razão é que, no começo do século XIX e XX, surgiram falsos pregadores, que cada um criou sua igreja e na fachada um nome a enganar os fracos de fé sem preparo catequético. São os pentecostais que sugiram nesses dois séculos, com assistencialismo de cura e de vida econômica. Cura biológica e a espiritual? Não, esta não atrai ninguém. Não há um entretenimento para se fazer um prosélito.

Aqui, nessa perícope, há uma grande advertência de Jesus para esses falsos pregadores que em nome de Jesus se dizem fazer milagres e expulsar os demônios. Veja o relato como é forte: “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus”. “Muitos me dirão naquele dia: “Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres?” E Jesus responderá: “E, no entanto, eu lhes direi: nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus”. [Mt 7, 21-23]. Fazendo exegese: Naquele dia, o dia da parusia e escatologia, no juízo final. [Ele há de vir julgar os vivos e os mortos]. Não é somente para evangélicos pentecostais, mas para muitos pregadores, inclusive pastores católicos, que agem do mesmo jeito como falsos pregadores e maus pastores. [Pelas suas pregações e shows, letras das músicas que são somente de louvor, mas não tem valor catequético]. São realmente operários maus. Estes ouvirão a voz de Jesus dizendo-lhes: “Nunca vos conheci”. Conhecer, isto é, como bom pastor que cuida das ovelhas e não as despreza. Mas afirmo: a Igreja Católica nunca ensinou fetichismo religioso. [Todos os presbíteros estudam o Direito Canônico]. Mas muitos se esquecem até mesmo de rezar o breviário.

Não confundir homilia e catecismo ou a própria doutrina da igreja quando se ler a Bíblia, pois ela é um conjunto de livros sagrados e quem escreveu foi inspirado por Deus. E ela é um livro literário teológica-etiológico, que precisa de quem entende de teologia para explicar as metáforas e a simbologia que são narradas nela. Hoje a Igreja está convidando os leigos para estudarem teologia para ser discípulos missionários de Jesus Cristo. É preciso ter o coração voltado para o alto para ser evangelizador. A aprendizagem da teologia não é cultura humana, mas de Deus: Teo=Deus. Logia é o estudo para se compreender quem é Deus em Jesus Cristo. É ser nova criatura, um novo Adão, uma nova Eva. Assim foi Jesus um novo Adão; assim foi Maria, a nova Eva. A geradora de Deus, Jesus Cristo.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 15/07/2013
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