Quadragésima terceira aula de teologia.
QUADRAGÉSIMA TERCEIRA AULA DE TEOLOGIA.
POR HONORATO RIBEIRO.
Os religiosos defendiam radicalmente o judaísmo, que tinha como profeta, Moisés e o pai Abraão. O Deus Javé era o Deus dos profetas que eles adoravam, mas não viviam o que ensinavam. Não se preocupavam com o povo. Não eram bons pastores. Eram mercenários. Eles esperavam o Messias para a libertação de Israel, mas sua vinda para a libertação do seu povo devia ser um rei forte e dominador; um forte político. Como eles não tinham mais reis e nem profetas e estavam sob o jugo do poder romano, esperava o Messias de outro jeito e com outra atitude; e com a mesma doutrina do dente por dente, olho por olho. Por isso eles não viram em Jesus esse poder político e dominador e nem como o Messias. Viram Jesus no meio de prostitutas, ébrios, cobradores de impostos e gente de má classe social. Tanto os escribas, fariseus e toda cúpula do alto clero se uniram para protestar contra as obras e ensinamentos que Jesus realizava, principalmente, quando agia em dia de sábado. Para eles o sábado era mais importante do que o ser humano. Mas ao levar Jesus perante Caifás houve muitas acusações falsas, mas Jesus se mantinha calado. Então O sumo sacerdote, Caifás lhe rogou: “Nada tens a responder ao que essa gente depõe contra ti?” Jesus, no entanto, permanecia calado. Disse-lhe o sumo-sacerdote: “Por Deus vivo, conjuro-te que nos diga se és o Cristo, o Filho de Deus”? Jesus respondeu que sim. Mas eles afirmaram que Jesus estava blasfemando, não precisaria de outra prova senão confirmar-se ser Deus. [Mt 26, 57-66]. Afirmam os exegetas que jamais Caifás poderia ter feito essa pergunta para Jesus e nem Jesus responder: “Sim. Além disso, eu vos declaro que vereis doravante o Filho do homem sentar-se à direita do Todo-poderoso, e voltar sobre as nuvens do céu”. [Mt 26, 64-67].
Primeiro Caifás não via naquela criatura ser ele o Messias e nem iria pedir ao Deus Altíssimo para Jesus responder sim ou não. Por que não? Porque eles sabiam que Jesus era um pobre carpinteiro de uma cidade paupérrima sem nenhuma representação geográfica e social. [Zona rural]. Para eles Jesus era um pobre coitado sem status nenhum social. E os milagres e prodígios de Jesus para eles eram pelo poder de Beelzebul. [Beelzebul o príncipe dos demônios]. Outro relato confuso é dizer que Jesus tinha blasfemado. Blasfêmia para os judeus seria injúria contra Deus ou blasfemar contra Deus. Em Jesus afirmar que ele era o Filho de Deus, o Messias não houve blasfêmia nenhuma. Ainda mais Caifás e os sacerdotes iriam interrogar um homem pobre, carpinteiro, que vivia entre os publicanos, prostitutas, sem classe social, de uma cidadezinha paupérrima da Galileia? Não acredito, também, que os sacerdotes do alto clero mandariam cuspir no rosto de Jesus e bater nele. Fazendo-se uma boa exegese e uma teologia e etiologia do relato de Mateus, compreende-se que essa perícope foi escrita nos anos oitenta, depois que já havia sido morto e ressuscitado o homem, Filho de Deus, Jesus Cristo. Essa perícope escrita com boa inspiração divina e com uma visão teológica serviu para uma catequese como ato de fé cristã. Afirmando o quanto Jesus sofreu por toda humanidade. Esse relato poderá ser compreendido como Jesus teria dito para seus discípulos que ele era o Messias, e Filho de Deus, o pão descido do céu, quando em sua vida pública. Declarar que “vereis o Filho do homem sentar-se à direita do Todo-poderoso, e voltar sobre as nuvens do céu”. Jesus falou para os discípulos a sua parusia e não perante aos religiosos. Os evangelistas escreveram sem preocupação de dados aferíveis como se escreve os jornalistas; e nem em que época aconteceu, mas sim afirmando quem é Jesus Cristo para a nova comunidade. É uma forma de catequese para os catecúmenos; os primeiros cristãos convertidos. Para os cristãos Jesus é o único salvador, o Messias esperado e também o juiz que julgará toda a humanidade no dia do juízo final. È esse o relato que o evangelista escreveu perante Caifás. [Usou-se uma metonímia]. Quem ler esses relatos nos evangelhos tem que saber uma coisa essencial: Há relatos que foram escritos nos anos vinte, isto é, o que realmente Jesus falou e, na maioria são relatos que foram escritos após a páscoa, isto é, nos anos oitenta e noventa. Esses relatos se unem na própria redação como se fosse todo relato escrito no tempo em que Jesus anunciava o Reino dos céus, ou melhor, na sua vida pública. Também eles fazem um midraxe e um paralelismo do Antigo Testamento colocando no Novo Testamento para mostrar que tudo agora é novo com a vinda de Jesus. Mas os redatores dos evangelhos não são jornalistas para anunciarem em foco os acontecimentos diários. Eles escreveram teologia-etiologia e fazendo catequese e pastoral à suas comunidades cristãs. Também eles escrevem uma cristologia e que é uma alta teologia difícil de o leigo entender, principalmente o evangelho de João. A cristologia de João é uma cristologia divina: “Eu e o Pai somos um só.”
Os judeus não enxergavam Jesus como o libertador e nem como o Messias prometido. Jesus foi condenado porque foi arrogante e com discursos fortes contra o clero, e toda cúpula religiosa; corrigiu a Moisés, fez vários milagres no dia de sábado; fez um discurso forte contra o Templo; entrou nos privilégio de Deus e a maior crítica foi contra a economia judaica e romana que era o Templo, o grande tesouro econômico. Profetizou a destruição do templo, isso foi para os religiosos e a alta cúpula do clero uma grande ameaça contra eles. Sentiram ameaçados e destruídos com a atitude de Jesus desafiando-lhes como autoridades eclesiásticas, que eram. Mas tudo aconteceu e o Templo e o clero foram arrasados e destruídos pelo exército romano. Tudo se transformou em sangue e ruínas. Acabou-se o clero, os doutores da lei, escribas e fariseus e até hoje não existe mais. Há o Estado de Israel, mas os holocaustos, os reis, os profetas, o templo, não existem mais. Conservam apenas o judaísmo, o Antigo Testamento, mas aquelas coisas do tempo de Jesus, não há mais. Tudo aconteceu como Jesus profetizou: “Não ficará aqui. pedra sobre pedra; tudo será destruído”. [Mt 24. 1-2]. Essa profecia é a mesma da sua parusia, no dia do juízo final: A escatologia. Então haverá uma nova terra e um novo céu. Peço-lhe que imprima.
hagaribeiro.