VIGÉSIMA TERCEIRA AULA DE TEOLOGIA.
VIGÉSIMA TERCEIRA AULA DE TEOLOGIA.
POR HONORATO RIBEIRO.
Na Bíblia, quando se fala em “sabedoria” é um atributo de Deus, isto é. Deus é a sabedoria. Depois Jesus saiu do Templo e foi para o Monte das Oliveiras. Virou as costas para o templo, pois, a casa de Deus estava sendo profanada. Para Jesus o Templo não era mais para adorar a Deus. O Templo agora é Ele próprio. [Jesus]. Por isso Jesus profetizou o que iria acontecer com Jerusalém e o templo. “Jerusalém, Jerusalém”... Então, os habitantes da Judeia fujam para as montanhas. Aquele que está no terraço da casa não desça para tomar o que está em casa. [A vida é mais importante de que as coisas]. E aquele que está no campo não volte para buscar suas vestimentas. Ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentarem naqueles dias! Realmente, para uma mulher grávida e amamentando não tem forças para correr levando sua criança. “Rogai para que a vossa fuga não seja no inverno, nem em dia de sábado; [O inverno quando as chuvas caíam fortes desciam as enxurradas morro abaixo e formavam-se um rio. Nesse caso ninguém poderia passar. No dia de sábado os judeus não andava nem duzentos metros, pois o sábado era sagrado para eles e não podia ninguém fazer nada.]; porque a tribulação será tão grande como nunca foi vista, desde o começo do mundo até o presente, nem jamais será.” [Mt 24, 16-21]. Tudo isso aconteceu e o exército romano entrou de surpresa e acabou com tudo. Só ficaram ruínas. Os cristãos fugiram para a Síria e a Grécia. Os que não ouviram os conselhos de Jesus morreram todos. Essa profecia tem uma ligação com o que irá acontecer no fim dos tempos, quando Jesus, na sua parusia, aparecer como um relâmpago em toda extremidade da terra, isto é, a terra, o globo terrestre. Não irá ficar ninguém que não veja a chegada de Jesus para o juízo final. Tanto os justos como os injustos verão o Filho de Deus vindo nas nuvens com seus anjos para o julgamento final.
Depois que Jesus proferiu esse discurso duro ele faz um relato mais forte: “O juízo final”. Ele começa o seu discurso: “Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estão à direita: Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; estava na prisão e visitastes a mim. Perguntar-lhe-ão os justos: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te damos de comer, com sede e te damos de beber?” “Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos?” “Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?” Responderá o Rei: Em verdade eu vos declaro: Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes.” [Irmãos pequeninos são os excluídos, os “sem eira e sem beira”.]
Iremos fazer uma exegese desse relato do juízo final. “Esta poderosa sena dramática inclui elementos fazendo uma alegoria: Pastor, ovelhas e cabritos, mas não se pode minimizar a importância deste texto transformando-o em simples parábola; também não devemos tomá-lo como uma discrição “cinematográfica” do julgamento. O acento do texto recai sobre o amor ao próximo, valor moral supremo contrariamente ao costume do autor é o Filho que é apresentado como juiz e não Deus Pai. É assim que iremos ser julgados e a pertencer sendo os eleitos do Reino dos Céus.” O discurso é claro e evidente sobre os pequeninos, isto é, os necessitados, os excluídos os que estão marginalizados, representam o próprio Jesus. Ninguém será julgado a entrar no Reino de Deus por pertencer a uma igreja ou pertencer alguma religião ou entidade filantrópica. Aqui os valores é ver o faminto, o excluído como [o lascado] sendo o próprio Jesus Cristo. E, sobretudo, a caridade sem amor não é caridade. Deverá agir com amor ao outro; sentir as dores dos outros, sentir os sofrimentos dos outros. Não se trata de ter dó, pena, mas da justiça. Para Mateus este julgamento é universal. Não importa se tem ou não religião ou pertencer algumas seitas ou religião; ser ateu ou materialista. Não. Aqui o pastor que irá separar as ovelhas dos cabritos é Jesus. Primeira chave hermenêutica universal desta perícope: “não se trata de ter uma religião pura, dogma e catecismo sem revelação. É preciso fazer caridade, fazer o bem até aos inimigos. [Que relato difícil!]. Segunda chave hermenêutica: viver a diaconia e ajudar, servir, ser solidário e viver a partilha com os que necessitam de ajuda. Terceira chave hermenêutica: É somente a bondade, e a humildade poderá fazer crescer o amor e a caridade aos necessitados.” A Teologia de Libertação é ver Jesus nos famintos e pobres excluídos. É uma teologia da morte de Deus: são os necessitados e excluídos deste mundo; são os bem-aventurados os pobres de espírito. Para ser justos e bendito do Pai é preciso viver o evangelho atraindo para dentro de si mesmo. Agora, ouvirão o contrário os que não usaram a caridade e o amor aos pobres necessitados. Os maus ouvirão do Rei a sentença: “Voltar-se-á em seguida para os da esquerda [esquerda os que vivem nas trevas] [os cabritos] e lhes dirá: “Retirai-vos de mim, maldito! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. Porque eu tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes. Também estes lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos? Em verdade eu vos declaro: “todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, [excluídos e famintos] foi a mim que o deixastes de fazer. E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna.” [Mt 25, 31-46]. E a chave da hermenêutica mais autêntica para serem os eleitos, os justos é praticar a caridade para com os pobres necessitados. Sem caridade não poderá ser chamados de cristãos e nem tampouco agradar a Deus. “Nem todo aquele que diz: Senhor, Senhor entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus”. [Mt 7, 21]. Aí está a clareza se muitos que pensam que mudar de igreja é que estão salvos ou se encontraram com Jesus. Ou pertencerem à alguma instituições religiosas. Estão enganados. [Eis a carteira de identidade do cristão: “a caridade”]. Porque a caridade é amor; e o amor é o próprio Deus encarnado em Jesus Cristo.
Mateus afirma que, quando Jesus morreu, “eis que o véu do templo se rasgou em duas partes de alto a baixo, “a terra tremeu”, fenderam-se as rochas. Os sepulcros se abriram e os corpos de muitos santos ressuscitaram. Saindo de suas sepulturas, entraram na Cidade Santa – Jerusalém – depois da ressurreição de Jesus e apareceram a muitas pessoas”. Nem Marco nem Lucas e nem João falam nesse episódio, que nos parece mais um relato de um fenômeno apocalíptico. Um relato cheio de alegorias, midraxe em que os falecidos saíram dos túmulos e apareceram ao povo de Jerusalém. Já imaginou os falecidos saírem dos túmulos e aparecessem a todos nós? Seria uma assombração coletiva. Mateus afirma que a terra tremeu! A terra pode-se entender o Globo Terrestre. E isso é impossível de ter acontecido. É outro assunto difícil de ser entendido para leigos. Será que o Planeta Terra tremeu? Houve realmente um terremoto? Afirmo: É uma visão apocalíptica que irá acontecer no tempo escatológico, isto é, no fim do mundo com a vinda de Jesus no julgamento final. [A parusia]. Ele narra uma escatologia daquilo que irá acontecer no juízo final. É uma profecia escatológica agora, antes da páscoa, e a outra após a páscoa. Não podemos interpretar como fundamentalistas, mas fazendo uma exegese. Esse relato se trata de uma explicação teológica e escatológica, na parusia e escatologia no final dos tempos. Somente Mateus fala que a terra tremeu e as rochas se partiram. Mas, aqui, se trata de uma visão, como já disse: apocaliptica que a comunidade de Mateus narra para o leitor o que irá acontecer no final dos tempos os corpos ressuscitarão. Mas na realidade não houve nada disso, nesse relato de Mateus, quando Jesus morreu. Essa maneira de escrever é para nos mostrar que Jesus morreu diferente de qualquer ser humano e sua morte deu-nos uma nova vida pela ressurreição. São relatos teológico-etiológicos e não se pode ser entendido ao pé da letra. Mas Jesus morreu como qualquer ser humano sem essa dramatização toda; inclusive, Jesus permaneceu calado o tempo todo sem dar uma palavra sequer em todo seu trajeto da paixão. O que se ler da Paixão é gênero literário, um pouco difícil de ser entendido, principalmente para os fundamentalistas. A única palavra que Jesus pronunciou antes de dar seu espírito ao Pai foi: “Tu és o meu Deus”.
A diferença da morte de um ser humano comparando-se à morte de Jesus é que Jesus assumiu todos nossos pecados e nos deu a vida eterna destruindo a morte ressuscitando gloriosamente. Ele inaugurou o Reino dos céus em cada coração dos convertidos. Tudo o que Jesus nos ensinou foi trazido do céu; é linguagem celestial. Por isso fica difícil de entender os valores deixados por ele, pois somos terrestres. Nós nos transformamos como filhos de Deus após a sua ressurreição. Antes não éramos. Somente Jesus é o filho Unigênito de Deus. Por isso é que Paulo afirma que “Nós somos templo de Deus e o Espírito Santo habita em nós. O Projeto de Deus foi realizado e implantado aqui com raízes profundas. Os ensinamentos doutrinários de Jesus são valores eternos e espirituais. O projeto do Pai trazido por Jesus, o pão que desceu do céu, embora fosse ensinado e inaugurado aqui, ele é do céu, lá de cima, não é daqui de baixo. Jesus fala-nos as coisas do Céu numa linguagem de comparações: as suas parábolas e as suas alegorias. Jesus afirma-nos que todo aquele que lhe segue, segue-o subindo no Calvário. [As bem-aventuranças].
Falando-se da escatologia individual será, quando cada um de nós partir desse mundo para o outro; em outra dimensão. Será que estamos preparados? Morte biológica irá para a sepultura. A morte biológica todo ser humano passará por ela; mas pela ressurreição de Jesus todo ser humano ressuscitará para a vida eterna e não haverá mais morte. [Nem dor e nem tristeza]. Mas os maus ressuscitarão para a morte eterna. E quem são os maus? Os que não praticam a caridade, o amor e não enxergam Cristo num necessitado, num excluído. [Num lascados].
Tempos atrás havia uma morte bonita assistida pelo presbítero, ungido e sacramentado, com uma vela nas mãos do moribundo e o crucifixo nas mãos dele em agonia da morte; e em derredor dele os familiares até ele fenecer. Isso está desaparecendo essa morte bonita assistida por seus familiares e o presbítero fazendo a Unção dos Enfermos que é um sacramento. [Tg 5, 13-16]. É bom que leia a epístola de Tiago para compreender melhor o sacramento da Unção aos Enfermos. Hoje a pessoa morre abandonada no hospital sem nenhuma assistência sacramental e sem seus familiares ao derredor. São poucos hoje que têm uma morte bonita.
Jesus, antes de ser condenado à morte de cruz, ele celebrou a Nova Aliança com o Pai transformando o pão em seu corpo e o vinho em seu sangue. Instituiu o sacramento da Eucaristia [Palavra grega que significa a transubstanciação do pão e do vinho no corpo de Jesus], e o da ordem sacerdotal [ordenação presbiterial] ao celebrar a santa ceia. E assim foi realizado e confirmado o sacerdote eterno conforme a ordem de Melquisedeque. Este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote de Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão quando este regressava da derrota dos reis e o abençoou, ao qual Abraão ofereceu o dízimo de todos os seus despojos, é, conforme seu nome indica primeiramente “rei da justiça” e, depois, rei de Salém, isto é, rei da paz. [Hb 7, 1-2]. Melquisedeque é o símbolo de Jesus como sacerdote do Deus Altíssimo. Mateus usa as narrações do Antigo Testamento na vida de Jesus afirmando que tudo agora é novo com a Nova Aliança de Jesus com o Pai. Peço-lhe que imprima.
hagaribeiro.