O Jardim de Nossa Vida
A humanidade perde a cada dia mais a sua real missão neste plano: a evolução. Sempre foi dado ao homem o dom da ignorância e do saber para que, provido do bom senso e do livre arbítrio, possa escolher qual o melhor caminho a ser trilhado. É claro que a inconstância dos tempos e o passar da correnteza e a destituição da verdade, afastam-nos do verdadeiro caminho.
Mas por que então falar na evolução se tanto quantos falam, tantos quantos nos afastam dela? É muito simples, meu irmão. A evolução é a única constância da vida. Tanto ciência como religião, que a meu ver vivem um caminho uno, concordam com a evolução. Darwin quis assim e Deus também.
O homem nasce, cresce e morre, assim como a semente da rosa. Que plantada em solo fértil nasce, mas é claro que existem solos que precisam de ajuda de fertilizantes, mas o importante é plantar a semente. Existem também aqueles que plantam para que outros, que por tantos motivos, não tem solo para plantar.
Quando a rosa nasce ela é uma simples mudinha. Indefesa, diante do giro do mundo. Mas com o passar do tempo ela cresce. Floresce. Não dá frutos, mas nos dá lindos ornamentos. Pontos brilhantes de luz no meio dos jardins da vida. Algumas são vermelha paixão, vermelhas fogo. Outras são brancas. Existem as amarelas. As rosas cor de rosa e todas as outras.
Cada uma, por mais semelhante que seja a outra é diferente. Seja pela cor, pelo doce aroma, pela forma como é cuidada. Seja, também, pelo número de espinhos. Isto porque não é sempre que a rosa pode ser defendida por alguém. Muitas vezes, é sozinha que ela terá de defender-se do mundo. Das mãos que tentam a tirar do solo.
É claro, que muitas mãos salvam as rosas de lugares imundos e decadentes para lugares, que por mais que não pareçam, são bons. Assim como a vida: que por caminhos adversos roga-nos peças e provações, mas noutros, leva-nos para junto da estrela brilhante e do luar.
Shakespeare já dizia: plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. É assim a vida da rosa. Ela mesma decore sua alma, com o branco e o púrpuro. Com o vermelho e o amarelo. Nunca espera que ninguém lhe traga flores, mas quando trazem, ela retribui com um doce e meio perfume de outono.
Não é só de doçura que vive a flor. Quando está ameaçada ou quando pensa estar, ela sempre mostra seus espinhos. Aqueles que ficam mais em baixo, mais próximos da raiz, são os mais duros e resistentes, pois é lá que reside à força da roseira. Já os da ponta são mais fracos, são apenas para alertar. Mas a roseira sempre sabe, mesmo quando a praga é eminente, que seu jardineiro fiel está sempre próximo, olhando e esperando o momento certo para agir.
As rosas precisam de cuidados. E é este cuidado, meus irmãos, que o jardineiro dá. Pode não parecer, mas ele sempre cuida. Mesmo quando a roseira parece seca, não é por falta de água. Mas por falta de forças para absorver a água que cai. Não é por descuido que as pragas tomam conta, mas é para que a roseira cresça sempre mais forte que as provações vêm.
Meus irmãos e minhas irmãs, que nós sejamos as roseiras de Deus. Que sejamos secos quando não tivermos força para absorver, que tenhamos pragas para crescermos e evoluirmos. Que tenhamos sempre a certeza que este fiel Jardineiro está sempre a olhar por nós. Sejamos sempre cheios de espinhos, mas que estes sejam as defesas contra nós mesmos: que somos nossa pior ameaça.
E como sugere Shakespeare, que nós plantemos nossos jardins, cheios das mais diversas flores, ao invés de esperarmos por alguém que nos traga flores. Pois é dando que se recebe. É amando que encontramos o amor. É perdoando que somos perdoados. Pois é morrendo que se nasce para a vida eterna.
Mas, meus irmãos queridos e minhas irmãs queridas, que quando alguém nos trouxer flores, ah! Que possamos retribuir com o mais lindo sorriso e o mais acalorado abraço.
Luz Plena a todos.