Substância e figura, a batalha espiritual

“Se estiver embotado o ferro, e não se afiar o corte, então se deve redobrar a força; mas a sabedoria é excelente para dirigir.” Ecl 10; 10

A Bíblia é rica em figuras de linguagem, sendo que, metáforas e alegorias ocupam grande espaço em seus textos. Essas coisas são relativamente simples de se interpretar, mas, caso se esteja despreparado, é possível cair em grande confusão. Quando o Salvador diz “Eu sou a porta”, ninguém tem problemas para entender o sentido; assim como se passa pela porta para entrar em casa, “ninguém vem ao Pai senão por mim.” Seria estúpido ficar cogitando sobre o tipo de madeira, qual modelo de maçaneta, detalhes ausentes na intenção do autor, e desnecessários à compreensão dos ouvintes.

A armadura dos cristãos descrita em Efésios 6; 10 ss, tem sido muito mal interpretada, de modo que, as "armas" que foram dadas para que fôssemos santos, agora nos fazem guerreiros. Alguns, de posse da “armadura” saem por aí desafiando ao inimigo, e empreendendo quixotescas batalhas convencidos que essa é a vontade do Senhor. Quanto a vencer o inimigo, Jesus “despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.” Col 2; 15 Ele, Jesus, já venceu, nossa tarefa é resistir às suas investidas, as tentações.

Estar cingido com a verdade, como ensinou Paulo, nada mais é que o que ele disse noutra parte: “...Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo”. Ef 4; 25 Quanto à couraça da justiça, o “colete-a-prova-de-balas” da época, refere-se a um caráter santo de tal forma, que nenhum dardo de acusação penetra; ser inatacável exceto por calúnia. “Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.” I Ped 1; 16 Calçar os pés na preparação do evangelho, tem a ver com nosso modo de vida, testemunho. O texto diz preparação, não, pregação do evangelho. O bom proceder, gera interêsse dos que nos cercam, aí, convém estar “...sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,” I Ped 3; 15

O escudo da fé é precioso para evitar depressão, pois, contrário ao que se ensina hoje, a fé sadia não determina nada, espera submissa Naquele que confia. Caso demore, podemos ser tentados a duvidar, e o inimigo vai tentar fazer isso, mas, sejamos como Jó, que tinha lá seu escudo, já em seus dias; “Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo os meus caminhos defenderei diante dele.” Jó 13; 5 O capacete da salvação protege nossa mente, evitando que saiamos de igreja em igreja, batendo cabeça como se estivéssemos perdidos. Guarda ainda contra os ventos de doutrina, as novidades que pipocam todo dia.

Finalmente, a espada do Espírito, a Palavra de Deus, é o “paiol” de toda munição e esconderijo de todas as armas. A sadia interpretação bíblica, derrota o inimigo que tenta falsificar, aquí se trava a verdadeira batalha; não, combater ao “inimigo” com macumba gospel, a do sal grosso, copo d’água etc. Muitos têm sido induzidos a crer que essa brincadeira de cabra-cega, seja lutar contra o inimigo. Judas ensinou: “...a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” V 3 Não pelo direito de crer, mas, pelo conteúdo de nossa fé, em quê devemos crer, aí se trava a batalha.

A luta que deve ser contra as tendências pecaminosas da alma e do corpo, foi deslocada para enfrentar circunstâncias adversas como enfermidades, desemprego, pobreza... as pessoas voltaram as costas para a cruz, e estão cultuando ao bezerro de ouro. Resistir ao diabo não é uma sessão de auto-exorcismo, mas, rejeitar as tentações e firmar-se na Palavra de Deus. Levar a santificação às últimas consequências, “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12; 4

Claro que nossa natureza tende a errar o caminho, nos chama mais atenção um que oferece moedas que outro que aponta para a renúncia embora esse último, é que seja mais esperto, por causa da recompensa prometida, com bem disse Jim Elliot; “Não é tolo aquele que abre mão de algo que não pode reter, em troca do que não pode perder.” A vida eterna. Façamos pois, a escolha sábia, não a natural.

“O asno prefere palha ao ouro.” Estobeu

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 12/08/2011
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