Os carecas e o shampoo
“Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a lei do SENHOR e para cumpri-la e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos.” Ed 7; 10
A compilação do velho testamento, em muito se deve ao trabalho do sacerdote Esdras, que, segundo o relato, se ocupou de três coisas a respeito; Buscar a Lei, cumprir e ensinar. Num contexto de cativeiro e vergonha, quando servir a Deus não representava vantagem temporal alguma “ ... este Esdras ... era escriba hábil na lei de Moisés, que o SENHOR Deus de Israel tinha dado;” Ed 7; 6 Um estudioso da Lei por ela apenas, não por outra vantagem qualquer.
Nesses dias difíceis, onde se combate o preparo antes que a heresía, não seria má idéia termos aquele como paradigma. Outro dia usei uma alegoria dos comerciais de remédios, sobre pregadores da libertação em Cristo, cujas algemas da cobiça inda são visíveis. “A persistirem os sintomas, o médico deve ser consultado.” Avisam, temendo serem responsabilizados por eventuais danos. Não é possível estar em Cristo, ministerialmente, exibindo os mesmos sintomas de um ímpio qualquer. Por uma questão de coerência, o que anuncia as virtudes do shampoo contra calvíce, não deve ser careca, senão ninguém compra.
Mas, desgraçadamente, a carecada tem vendido de balaio. Põem a peruca do sofisma e fazem parecer que possuem cabelos naturais... Primeiro, sequer buscam a lei de Jesus, impõem à ela, sua “teologia”, logo, não a cumprem até porque, a desconhecem. Entretanto, ensinam, com o fito de agregar em volta de sí, não de Cristo. Acreditar que se pode manipular Deus, o Todo-Poderoso com um mantra ou mandinga qualquer, é como pensar que dá pra ir à lua de bicicleta; Alguém já disse: “É glorioso demais para ser fácil.”
O Salvador jamais ofereceu facilidades, antes, fez saber das aflições necessárias, e as dificuldades inerentes ao caminho, mas confortou com a segurança de Seu amparo fiel. Faz-se muita coisa “em nome de Jesus” tomando-O, em vão. Paulo ensina: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5; 17 A transformação necessária que segue à conversão é radical. Isaías usa duas metáforas notáveis. Na primeira, o espinheiro se torna uma árvore preciosa, “Em lugar do espinheiro crescerá a faia...” Is 55; 13 depois, os predadores se tornam mansos comedores de ervas, “O lobo e o cordeiro se apascentarão juntos, e o leão comerá palha como o boi;” 65; 25
Em Cristo, pois, além de passarmos da morte para a vida, passamos da carne ao espírito, das coisas efêmeras às eternas, da mentira à verdade. O reino de Deus e sua justiça passa a ser nossa prioridade. A mensagem das facilidades temporais que acaricia o homem natural, é a antítese da cruz, que leva a Vontade de Deus às últimas consequências, como fez O Senhor.
A Salvação não é algo que se passa por decreto, ou impondo as mãos e determinando, tampouco, induzindo alguém a confessar o que ainda não creu. É, antes, fruto do trabalho do Espírito Santo que mediante à Palavra convence e capacita a fazer escolhas que sozinho o homem não conseguiria; um compromisso assumido, que não consiste apenas em evitar o mal, mas, em esforçar-se por conhecer e praticar aquilo que aprende ser, o desejo do Criador.
Os recem nascidos de Cristo não desejam honras, bens, acabam de ser içados do lodo à rocha, um lugar honroso e rico e querem mais daquele que começam a aprender amar. “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2; 2
Em suma, não se deve vetar o ensino da Palavra, mas, que seja feito por alguém que a cumpre primeiro; a velha questão do cisco e do argueiro que Paulo desenvolveu assim : “E estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência.” II Cor 10; 6 Prontos a requerer lealdade a Cristo, depois de serem leais...
“Quem tem a casa feita de vidro não deve atirar pedras nas dos outros.”
George Herbert