DEUS, FAMÍLIA E SEXO
O Deus da Bíblia é do género masculino. É Deus e não Deusa. É Ele e não Ela. A Trindade integra apenas o Espírito Santo, o Filho e o Pai.
O Pai tem funções legislativas. É Ele que detém a Autoridade, o Domínio e a Soberania. É Ele que ordena, decreta, decide. Pai nosso... seja feita a Tua vontade na terra como no céu. (Mateus 6:9/10).
Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança. Primeiro o homem e depois, a partir deste, Deus formou a mulher para lhe fazer companhia e lhe dar filhos. (Génesis 2:18/25)
O Homem veio a ser pai-humano à semelhança do Pai-divino, exercendo domínio sobre os peixes, as aves, o gado, os répteis e também a mulher. (Génesis 1:26 e Génesis 3:16)
A história da humanidade, à luz da Bíblia, faz-se com homens que constituem as suas casas (conceito alargado de família, incluindo aqueles que habitavam sob o mesmo tecto), ou seja, o homem, os filhos, a esposa ou esposas, os servos, servas e concubinas. Aliás, a concubinagem foi definida como coabitação de pessoas que não são casadas legalmente (Webster´s Seventh New Collegiate Dictionary, 1971).
É assim que, nesta linha patriarcal, a casa e a genealogia é definida pelo homem-pai que garante a preservação da espécie, do povo, da nação, da tribo.
Muitas e destacadas figuras da História do povo de Deus foram pais de filhos de várias mulheres, desde o bígamo Lameque. (Génesis 4:19) Abraão teve um filho (Ismael) da serva Agar, Esaú teve três mulheres. Jacob que tanto trabalhou para conseguir Raquel, acabou por ter quatro mulheres. (Génesis 29:29/35, Génesis 30:1/43 e Génesis 31:1/17)
O próprio Moisés teve duas mulheres. Elcana, pai de Samuel, também foi bígamo, e o rei David, ascendente do Messias, teve oito mulheres. (II Samuel 3:2/5)
Mas o caso mais notável foi o do rei Salomão, com setecentas mulheres, mais trezentas concubinas, ou seja, mil ao todo. (I Reis 11:3)
Note-se que a poligamia (melhor dizendo poliginia) não era imposta, mas admitida pela Lei de Deus dada por Moisés ao povo de Israel. (Deuteronómio 21:15)
O factor económico era um dos mais determinantes, como ainda hoje parece ser em muitas culturas similares.
Na tradição judaica não há casamentos por amor, a não ser excepcionalmente. Competia aos pais negociarem antecipadamente, sendo as mulheres geralmente compradas, ou conseguidas através de outras contrapartidas. (Génesis 34:12, Êxodo 22:16, I Samuel 18:25, Génesis 24:1/67)
Depois de casadas, as mulheres estavam ao serviço do marido e, quanto a direitos, nem sequer herança tinham, a qual pertencia aos filhos varões.
Casos de amor, amor mesmo, além de serem raros são intersexuais, como o que existiu entre duas mulheres, Noemi e Rute (Rute 1:1/22); entre dois homens, Jónatas e David (I Samuel 20:17 e II Samuel 1:26); e entre um homem e uma mulher, Jacob e Raquel. (Génesis 29:20)
Passando para o Novo Testamento, encontramos José e Maria, os pais humanos de Jesus, cujo casamento fora anteriormente planeado pelos pais deles. (Mateus 1:18)
Mantém-se, e é explicitado pelo Apóstolo Paulo, o modelo patriarcal em que a mulher é sujeita ao marido (Efésios 5:22/28, I Timóteo 2:12/15) embora o mesmo Paulo faça a apologia do celibato e considere como motivação para casar, não o amor mas uma imperiosa necessidade sexual masculina. (I Coríntios 7)
Há todavia, um ensino que vem da Lei mosaica, segundo o qual os filhos devem honrar não só o pai mas também a mãe (Êxodo 20:12), e o conselho paulino de que os homens dêem honra à mulher como o vaso mais fraco. (I Pedro 3:1/7)
Sobre a relação pai-filho, o ensino de Jesus faz-se pelo exemplo da sua relação com o Pai, já que pouco se sabe sobre o seu relacionamento com José, seu “padrasto”. Essa relação caracterizou-se fundamentalmente pela sujeição à vontade do Pai (Lucas 22:42) e pela Sua identificação com Ele. (João 5:19/23, João 10:30)
Mas também, na parábola do filho pródigo (Lucas 15:11/32) se evidencia o amor paterno, ou seja, do pai para com os seus filhos.
Hoje, 2000 anos depois de Cristo, continua a haver pais e filhos. Mas o pai é também quem muda as fraldas aos filhos bebés e lhes dá biberão, colo e carinho, quem os lava e os veste, quem joga com eles e lhes conta histórias de embalar, para só me referir à primeira infância. Isto, ele pode ter de fazer sozinho ou em cooperação com a mãe.
Hoje, regra geral, existem relações de paridade entre o pai e a mãe e, na nossa cultura, cada vez mais se esbatem as competências específicas dos cônjuges. São geralmente ambos que sustentam a casa, financeiramente, e ambos que criam e educam os seus filhos. Ou seja: o pai tende a ser também mãe, e a mãe tende a ser também pai. Isto é, uma polivalência tendencial.
Quanto ao amor, há filhos que são mais amados pelo pai do que pela mãe, e há outros em que o inverso é que se verifica. Há também filhos que são rejeitados, explorados ou violados pela mãe ou pelo pai, ou por ambos. Uns e outros há, que atiram os filhos menores para a prostituição, explorando-os assim financeiramente. E até existem pais e mães que abusam sexualmente dos seus filhos menores. Os casos que vêm a lume através da comunicação social e da investigação são cada vez em maior número, embora, felizmente, correspondam a um universo minoritário.
Isto para acentuar que, apesar de tudo, ainda há muitos pais e mães dignos de serem honrados, amados e respeitados pelos seus filhos. Sobretudo, aceites num contexto sócio-cultural em que, tanto o pai como a mãe, podem amar, sentir e decidir em conjunto.
A mulher emancipou-se. Exerce funções profissionais “masculinas”. E o homem passou a executar também trabalhos “femininos”.
Talvez elas vejam futebol e eles telenovelas.
Eles também podem gostar de flores, de usar cosméticos, vestir cor-de-rosa, usar camisas de dormir, “lingerie” transparente, pondo brincos, e fazendo tratamentos de beleza.
Enquanto elas vestem calças de ganga, usam gravata, boina ou boné, fazem paraquedismo e praticam culturismo para obter corpos super-musculados.
É o unissexo que está na moda.
O mais certo é que os filhos venham a reproduzir esses modelos comportamentais e talvez a ampliá-los mais ainda!
Tudo tão diferente do que vem na Bíblia!
Um problema para os cristãos que ainda consideram as Sagradas Escrituras como única regra de fé e prática?
( in "Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas" )
http://www.estudos-biblicos.net/familia-OC.html
Leiria, Portugal, Março.2011