Orei, e o pior aconteceu!
Orei, e o pior aconteceu!
_____________________________ Magno Aquino
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Orei e me tranquilizei; após inúmeras ligações e e-mails desisti de argumentar com a operadora de celular e internet, proverbiei: ”mais tem Deus pra dar que o diabo pra tirar!” de origem bem mineira e efetuei o indevido pagamento mesmo tendo “oficialmente” por duas vezes cancelado o contrato de serviços que de nada me serviam.
Não me digam pra acionar o PROCON, a mocinha que lá atende, do mesmo calvário padece. Choquei. O “trem” aqui é de amargar!
Orei e me tranquilizei; a caminho da praia minha conversa com o Senhor girava em torno da minha gratidão pela folga no meio da semana e um pedido pra Ele me “ensinar” a ser cauteloso, atento, centrado, criterioso, desconfiado, cuidadoso, mineiro e todos os adjetivos aplicáveis e bons quando o assunto são os meus proventos; parcos, porém preciosos.
Oração e tranquilidade, salmo 40 na área!
Apeei da van e aspirei profundamente o “ar do mar”, inconfundível cheiro bom e, o pior aconteceu!
De novo! O dinheiro da volta e do lanche que estava no bolso da bermuda, SUMIU! Assim tipo vapt! Assim tipo vupt! Ah, Deus...
Pensa num sujeito desolado! Eu. Não orei nem tranquilizei, nem pensar eu conseguia; um nó na garganta dificultava respirar, amargou-me a saliva. Uma sensação horrível de abandono me tomou por refém. (agora eu sei o que a minha filha sentiu quando a esqueci no shopping; duas vezes, e aquela vez na C&A).
Ta, tudo bem, eu sei que eram só “vinte mangos” mas não era o dinheiro em si, pelo menos naquele momento não era; eu orara minutos antes, lembra? Tranquilizara-me. Desapontei feio.
Estive confiante; Deus cuidaria de tudo após a oração tão bem feita olhando pra baixo pra não distrair enquanto orava. “Essas coisas agora seriam coisas do passado; sem débitos indevidos, contas fantasmas a me assombrar o orçamento, sem procons.” Aquilo sequestrou a minha fé. Por essa eu não esperava.
E o acordo com Deus? Tão bem feito... Lembra de Josué logo após o vexame militar na cidade de Ai? Js 7: 9. Solidarizei. Jefté chegando em casa e dando de cara com a filha? Jz 11: 34 35 (“Jef” eu te entendo...) Meus sentimentos misturados e a minha compreensão comprometida por eles e um vazio de dar dó.
“Ah, isso não deveria acontecer aos crentes. Logo eu, dizimista, ofertante, missionário, voluntário pra um monte de coisas...” Pensava. Tava tão feliz com a matéria da Ultimato “A turma de Jesus” (a revista tem sumido de Viçosa pra cá, êita, os Correios!) Feliz com essa coisa de ser um amigo de Jesus, e como é então que Deus deixa acontecer um trem desses? Minha cabeça ardia.
Eu estava que nem Josué, doido pra botar a culpa em Deus; assim quem Sabe talvez ele mandasse quem achou meu dinheiro, devolver. (“AONDE!” Em bom goianês da Elê.) Bati pernas por aí e Deus, longânimo como só Ele não se constrangeu com meus lamentos e acusações: “Pô, Pai, devia cuidar melhor de mim, né?”
Daí foi que danei a pensar nos desapontamentos relatados na Bíblia: o “desapontamento” de Deus com lúcifer e a sua gang; o “desapontamento” com Adão, ah, Eva. A lista não acaba, tem Babel, bezerro de ouro e por aí vai; Davi! Vich! Noé acordando do pileque... Abraão... Salta essa.
Davi tem dois lados nessa história, “desaponta” e a sua prole era a encarnação do desapontamento. Penso nas vezes que desapontei minha mãe, muitas vezes; desapontei a igreja, tantas vezes; minhas filhas, ufa!
As pessoas, e incluam-me aí, tem o hábito ruim de ampliar a dor e perda pessoais; não compreendendo os motivos, resumem tudo a uma ciranda cruel de ações malignas somadas ao desinteresse divino. Caos.
Não sou deísta, estava desapontado. Ponderando e considerando a “periferia” dos fatos, cai a ficha, Deus não é o meu assessor nem minha babá e não é serviço d’Ele evitar minhas perdas. Sou apenas humano, ingrato e murmurador. Tem hora que nem eu me aguento.
Aprendo com os “desapontamentos” de Deus conosco, entre nós, com os que sofro e causo e aprendo mais nessa hora: “Deus, na verdade nunca me desapontou; uma coisa que deveria saber há tempos.” Não posso perpetuar esse meu pueril proceder e culpar Deus por todas as coisas ruins que acontecem aos crentes. Ralhar com Deus é estupidez; cobrar de Deus é insano.
Deus e eu não somos da mesma patente.
O pastor Zilvan me pega aqui quando buscar as meninas na escola; nesse meio tempo zanzeando pela praia, encontro o meu banquinho preferido, me assento e gasto tempo observando pescadores consertando os seus barcos, outros à-toa. Putz! Ainda agora eu tava considerando a hipótese de escrever sobre o meu vale da sombra da morte, meu vale de ossos secos, meu vale de Hinom; mas nem vale a tinta. Vinte reais não valem tudo isso que estive sentindo. Aprendi.
Da próxima eu peço uma cópia do contrato, exijo nota fiscal, espero o recibo; da próxima guardo o dinheiro da volta pra casa, e do lanche na bolsa em vez de largar no bolso largo da bermuda de playboy junto com celular, câmera, chaves e sabe-se lá mais o que levo nesses bolsos.
E paro de uma vez por todas de “espiritualizar” cada vez que perco algum objeto ou dinheiro, cada vez que alguém me trapaceia e todas as vezes que tiro um extrato no banco. Pra Deus “conseguir” me ajudar terei que tomar jeito e me organizar melhor. Temer mais e reclamar menos.
A carona chegou.
Sola Scriptura! 3º ano de leitura bíblica