O mal que em nós habita
O mal que em nós habita
____________________ Magno Aquino Miramontes
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Somos belicosos. Humanos sempre dispostos ao enfrentamento; sabemos responder “a altura” ao sermos ameaçados e/ou afrontados. Êita sangue crente!
Mesmo quando afirmamos o controle divino sobre o nosso comportamento, ainda assim nos indispomos fácil, fácil; uma reserva infame de nós mesmos que usamos sempre que se apresenta uma ocasião. Somos belicosos.
Ao nos aplicarmos à leitura e, por conseguinte ao conhecimento da Palavra de Deus, percebemos o Senhor ensinando-nos, capacitando-nos para as situações adversas; 1 Pe 3: 17 afirma: “Porque é melhor sofrer por praticar o bem, se for da vontade de Deus, do que por fazer o mal.”. O Espírito utiliza-se de Pedro e convoca-nos para um exercício puxado, administrar a situação tensa, administrar a resposta rude, a observação jocosa, ofensiva; aqui na Missão Vida nos tornamos administradores hábeis, coisas do ofício.
Administrar conflitos é uma arte.
Crentes administram conflitos.
Ser crente é uma arte.
Um arremedo de silogismo pra fraturar a monotonia do assunto.
No Evangelho escrito por São João 15: 19, Jesus previne-nos quanto às agruras que aguardam os crentes; as aflições se apresentam logo após a conversão, penso que ainda durante a festa dos anjos, (hoje mesmo tem festa lá no Céu, mais um mendigo virou crente) o inferno já trabalha objetivando o fracasso do novo crente.
Posso falar sobre isso horas a fio, (ao deixar as armas e o roubo e as drogas pela Bíblia, não me deixaram mais em paz, por muito tempo; ser crente é bom demais da conta, se não fosse todo mundo ou quase desistiria na largada, certamente).
Que atitude neste ou no mundo espiritual pode ser mais criminosa que a injúria? O descaso? A Igreja vem se esmerando na infame arte de injuriar e tratar de qualquer jeito.
E o fogo cerrado não ocorre nas ruas, somente; entre nós campeia o mal, que só encontra guarida por encontrar uma porta.
Uma expressão pode ampliar nossa compreensão do quanto facilitamos a progressão maligna em nós e através; Jesus, o Senhor, ao ensinar-nos a orar inclui “Livra-nos do mal” Mt 6: 13a NVI; compreendemos aqui a forma de sermos livres do mal, deixando que o Espírito conduza-nos a lugares seguros, por caminhos seguros.
Não enfrentamos as ciladas do diabo, nos desviamos delas; desviar do mal é assunto do salmo 1:1, e Jó é exemplo desse desviar: “Homem que teme a Deus e, evita o mal.” Jó 1: 8b, não obstante, nós recebemos quando não somos nós quem convidamos o mal e os seus agentes espirituais e/ou humanos pra estar conosco.
“Se o teu pé te faz pecar, se a tua mão te faz pecar, se o teu olho te faz pecar, pare de se orientar pelos “teus membros”.
“Livra-nos do mal” é parente próximo de “Resisti ao diabo,” E o resultado é um só: “e ele fugirá de vós!”
O Senhor ensina-nos a orar e a depender; são atitudes que exigem constância, evitar o mal é ato de resistência.
Não há concessões na Bíblia, nem meio-termo há; o mal na Bíblia é identificado e tratado como o mal, e cada vez que cedemos no falar, pensar e fazer, ao mal cedemos. Mal que se instala, aloja-se.
E Pedro discorre didaticamente sobre o triunfar sobre o mal: “Demonstrai compaixão e amor fraternal, sede misericordiosos e humildes.” Isso é guerra contra o maligno proceder! Minamos o inimigo recusando-nos a usar as mesmas armas; a nossa luta não é contra humanos (por mais detestáveis que alguns se apresentem de quando em vez).
A nossa luta é contra o mal por dentro e por detrás de gente que gasta energia e tempo na tarefa ingrata de parecerem bons, mas não se movem em direção à fonte de todo o bem, o Senhor.
Traduzir Jesus é simples: compaixão.
Sentimento algum assemelha-nos ao Senhor como o faz quando nos compadecemos, padecemos com, temos o mesmo sentimento, e pensamento.
“Não retribuindo mal com mal, tampouco ofensa com ofensa; ao contrário, abençoai; porquanto, foi justamente para este propósito que fostes convocados, a fim de também receberem benção por herança.” 1 Pe 3:9 KJA
Stott oferece-nos precioso comentário: “Pagar o bem com o mal é demoníaco; pagar o bem com o bem é humano; pagar o mal com o bem é divino.”
Dava pra encerrar aqui, mas preciso destacar um termo da epístola de São Pedro: Abençoai; a despeito da infâmia e das ofensas que sofrer, eu abençoarei.
Se fosse fácil todo mundo seria crente. Justamente aqui vemos solapar a fé; abençoar a quem me amaldiçoa, tratar com amor a quem me ofende, desejar e contribuir para o bom sucesso de quem maquina o mal contra mim.
Pagar o mal com o bem e ser de ponta a ponta parecido com Jesus.
(ex-interno do Centro de recuperação de Mendigos – Missão Vida)