SACRAMENTOS
INTRODUÇÃO
Desde o “princípio de todas as coisas” existe a necessidade do homem expressar suas ações e seus sentimentos: conquista, governo, senhorio, poder, alegria, tristeza, raiva, amor, ódio, gratidão, fé. Sentindo esta necessidade de se comunicar, o homem estabelece sinais que possam identificar e transmitir o que vai no seu pensamento.
A arqueologia, a música, a literatura, a poesia, revela-nos vestígios de um passado, quando povos, de diversos lugares e tempos, expressavam os feitos de sua história: sinetes, escritos em rocha, em barro, papiro, monumentos ou esculturas delicadas, canções, poesias, etc. São expressões que nos fazem lembrar.
Talvez seja esta a maior aventura do homem: entender e descobrir o signi¬ficado das coisas que Deus colocou no mundo como sacramentos da comunhão entre o Criador e sua criatura. Descobrir-se a si mesmo como um sacramento feito à “Imagem e Semelhança” de Deus, e vejam bem esta afirmativa bíblica: “Imagem e Semelhança” dAquele que fez todas as coisas, como expressão do desejo de comunicação do pensamento de Deus (ilimitado) para a mente e o coração do homem (limitado).
“No princípio era o Lógos (Palavra)”. Pela força e poder da Palavra o mundo se enche de significados. O vazio se torna cheio. Onde havia “caos” agora há vida.
SIGNOS & SÍMBOLOS
Para entendermos melhor a mística dos SACRAMENTOS, buscaremos compre¬ender o que são Signos & Símbolos. Sabemos que a mensagem da comunicação traz a necessidade de um emissor, um veículo e um receptor e estes juntos interagem: o receptor capta aquilo que o emissor disse através do veículo (signo, símbolo, significado, signi¬ficante). Sendo assim, o ser humano se comunica por palavras e ações, tendo assim uma linguagem verbal e não verbal.
A linguagem verbal é aquela que se expressa falando e a linguagem não verbal é constituída por gestos que tomam sentido, de acordo com a expressão: piscar o olho, dar as mãos, ajoelhar-se, bocejar, abraçar, esbofetear - todas estas expressões e gestos mostram a linguagem não verbal que temos. É isso mesmo: O corpo fala !
Já o signo ou sinal é todo processo pelo qual o significado (conceito) é representado pelo significante (ima¬gem), ou seja: é todo o objeto, forma ou fenômeno que representa algo distinto. O Símbolo também é um signo (sinal) mas cujo significante (imagem) é transparente a outro significado (conceito) que não seja o primeiro significado. Ex.: Cruz deixa de ser madeira sobreposta e passa a significar o cristianismo; o semáforo deixa de ser luzes que piscam para representar os sinais de trânsito; a Bandeira, deixa de ser simples tecido multicolorido para significar a Pátria;
Os Signos (sinais) e símbolos podem ser compreendidos em dois níveis: Denotativo e Conotativo. Denotar significa manifestar, indicar, mostrar. Conotar significa manifestar junto com sujeito (signo) um atributo.
Assim podemos afirmar que a pessoa Jesus tem uma “denotação” (ou manifestação) de homem, corpo-carne, de alguém que nasceu e pisou o chão da Palestina. Entretanto, este mesmo Jesus, expressa para nós a “conotação” (manifestação com atributo) do Deus que se fez carne e habitou entre nós, que traz a liberdade e nos concede a paz, Pão e Água da Vida que sacia a nossa fome e sede de justiça.
É a máxima de Santo Irineu, quando declara que “Diante de Deus nada é vazio. Tudo dEle é um Sinal”.
SACRAMENTOS - UMA VISÃO PANORÂMICA
Muitos teólogos contem¬porâneos admitem que Sacramento seja muito mais que Santa Ceia e Batismo, ou seja, admitem que o Sacramento é tudo, quando visto a partir e à luz de Deus: o mundo, o homem, cada coisa, sinal e símbolo do Transcendente.
Rubem Alves, no seu livro “Creio na Ressurreição do Corpo”, admite o conceito de que “quando as coisas despertam saudades e fazem brotar no coração, a memória do amor e o desejo da volta, dizemos que são sacramentos. Sacramento é isto: sinal visível de uma ausência, símbolo que nos faz pensar em retorno” e o Rev. Odilon M. Chaves assim o descreve no livro Nossa Fé, Nossa Crença: “Sacramento é um sinal visível de uma graça invisível de Deus”.
Contudo, o que nos diria João Wesley acerca desta coisas? Wesley tinha uma perspectiva simples de Sacramento e identificava apenas dois deles, os quais nós, como Igreja, guardamos e admitimos até hoje. E quais seriam eles ? O Batismo e a Santa Ceia.
RAÍZES DO SACRAMENTO NO ANTIGO TESTAMENTO
O povo hebreu do Antigo Testamento tem um campo fértil de sinais sacramentais. Suas festas, seu modo de vida, seus costumes, a reunião em família, e até mesmo um simples gesto de lavar as mãos, traziam em si, símbolos e sinais sacramentais.
Em Êxodo 12, encontramos um dos principais Sacramentos para o povo hebreu. A instituição da Páscoa que é observada até hoje no qual o partilhar de uma refeição comum em família torna-se símbolo do sacramento da passagem para liberdade. Assim também, o monte Sinai deixa de ser um simples monte e passa a representar a eternidade, a força e a presença de Deus (Êx. 19.18). Na Festa dos Tabernáculos (Lv. 23:42.42), o habitar em tendas deixa de ser uma necessidade de abrigo para significar, rememorar, como um sacramento, a peregrinação rumo à terra prometida. O Templo deixa de ser mais do que quatro paredes para significar a morada de Deus ( 2 Cr. 5:13-14) onde a fumaça significa a sua presença e a liturgia assume um caráter maior que mera letra, cânticos ou orações, para se tornar a resposta do homem ao amor de Deus.
Assim, também, temos o Salmo 19, no qual, segundo a ótica contemporânea, podemos identificar vários sinais de sacramento. “Os céus proclamam” - Esta afirmativa poderia passar desper¬cebida ou tornar-se motivo de ques¬tionamento para um menos avisado. Perguntaria alguém: como o céu pode proclamar alguma coisa ? Entretanto, na visão Sacramental, o céu é mais do que o espaço onde se encontram os astros e o firmamento mais do que a tênue camada azul da atmosfera. É a manifestação da obra criadora de Deus prestando-Lhe louvor e exaltando-O sobre todas as coisas. O Céu se torna sacramento da universalidade da criação de Deus e o firmamento, um sacramento do fundamento da sua palavra/ação. Assim poderia ser mais fácil cantar:
“Nos céus, e no mar, e na terra, nos bosques, nos prados em flor,
No fragoso alcantil, na amplitude celeste,
Um hino ressoa ao Senhor” (H.E. 120)
RAÍZES DO SACRAMENTO NO NOVO TESTAMENTO
Também no Novo Testamento encon¬tramos sinais sacramentais. Contudo, sem querer esgotar este assunto, encontramos em duas situações distintas, dois dos mais conhecidos e reco¬nhecidos por nós, protestantes, como Sacra¬mentos:
O BATISMO
“O Batismo é um ato da Graça Previniente de Deus, mediante o qual, o homem é admitido à comunhão do Corpo de Cristo, a Igreja”. Aulém, Gustaf – A Fé Cristã – pg. 323.
Na antiga aliança, a circuncisão era o meio pelo qual o homem do Povo escolhido, Israel, declarava pertencer a Deus. Em Jesus Cristo, o batismo passa a ser este sinal. A Palavra de Deus afirma que “Quem crer e for batizado será salvo”. O metodista, adota isso como regra de fé e prática. John Wesley afirma que “somos integrados em Cristo, no batismo, através da fé”, sendo o batismo “o Sacramento iniciatório que nos faz entrar na aliança com Deus”.
O texto de Mateus 3:16 nos leva para as paragens da Galiléia, as margens do Jordão. Quando Jesus deixa-se batizar por João, Ele mostra a riqueza e importância deste ato, como símbolo da nova aliança (Mt. 28.19b) e do novo nascimento - a conversão (Jo. 3.5). A respeito disso Wesley dizia que “o batismo não é o novo nascimento e que este e aquele não são a mesma coisa”, explicando em seguida que “um é obra externa (sinal visível da graça invisível) e outro obra interna”, ou seja, “a mudança operada por Deus na alma”.
Assim, na autoridade e no poder do Espírito os apóstolo batizavam os que iam se arrependendo pela pregação da Palavra (At. 2.37-38), observando com clareza a ordem de Cristo dada em Mt. 28.19b: “batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
Mas, o que entendemos sobre o Batismo como um ato de Deus? Não apenas pelo fato de que através deste o homem poderá ser admitido à comunhão da Igreja, dando-lhe sentido de pertença, mas também, porque carrega no seu conceito, ou melhor, no seu significado, o simbolo da graça preveniente de Deus. Aulén destaca que o Batismo é “o ato de Deus, e ao mesmo tempo, o ato de Cristo, mediante o qual Cristo constrói a Igreja na terra”. (pg. 324 - A fé cristã).
Através do batismo o homem se encontra com o seu Criador, pois reconhece que dele provém a graça que estava de antemão preparada para todos os homens. E assim o homem, como “objeto” do amor de Deus sente-se desejado, monopolizado , atraído por Ele, respondendo, então, afirmativamente ao sentido de pertença.
Por esta razão, o Batismo, como um Sacramento, torna-se simbolo de arrependimento, pois diante da majestade, glória e santidade de Deus, nos reconhecemos pecadores e carentes da sua misericórdia, amor e perdão. Quando assim reconhecemos, a sua graça alcança-nos em sua plenitude e sentimos transportados do “império das trevas, para o reino do Filho do seu amor”. Na visão de Aulén, “o Batismo translada o homem ao reino da graça”. (pg. 325 - A fé cristã).
Não obstante, observamos que a prática do batismo infantil foi uma questão muito aceita pela Igreja Primitiva, visto que se “o Batismo se fundamenta unica e exclusivamente na graça e no amor imerecidos de Deus”. Ademais, a criança sempre foi tida como pardígma do Reino de Deus. Se assim o é, merece de todos nós, especial distinção e consideração, visto que ela se torna o centro das atenções do Senhor Jesus quando afirma: “delas é o Reino de Deus”. Negar-lhe o batismo, o sentido de pertença, então, e negar os ensinos de Jesus a seu respeito. Além disso, o Batismo é o sacramento inicial para que a criança e também o adulto tenha acesso a instrução da doutrina cristã, pois no batismo, tanto adultos como crianças, assumem o compromisso de “crescer em todas as coisas naquele que é o cabeça, Cristo o nosso Senhor”.
A SANTA CEIA
“A Ceia do Senhor é o sacramento no qual Cristo vivo efetiva o seu sacrifício definitivamente consumado e eternamente válido. Assim como, na última noite, Cristo incluiu seus discípulos no sacrifício de amor que estava para ser consumado, assim também inclui Ele agora os discípulos de todos os tempos no sacrifício consumado do mesmo amor. No pão da vida e no cálice da bênção Ele se dá àqueles que são seus, renovando assim a comunhão da nova aliança”. Aulém, Gustaf – A Fé Cristã – pg. 329.
Vamos ter por base o texto de 1ª Co. 11.23-29. A refeição tomada em comum, à mesa, já carregava em si, os símbolos do sacramento Pascal do A.T. - a passagem (pulando) para a liberdade. Jesus dá novo sentido a esta celebração, atribuindo aos elementos já bastante conhecidos e comuns (cordeiro pascal, pão sem fermento, vinho, ervas amargas, etc.), especialmente o pão e o vinho, o significado de uma Nova Aliança entre Deus e o homem. Estes elementos, tornam-se, a partir de Cristo, mais que meros elementos manipulados do trigo e da uva, e mais que alimento do corpo. Simbolizam agora, Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo; corpo moído e sangue vertido na cruz do calvário - um memorial perpétuo “até que Ele volte”.
Wesley reconheceu a Santa Ceia como um Sacramento afirmando que participar dela era um dever do cristão, como meio de expressar sua obediência e fé em Cristo quando Ele mesmo instituiu: “fazei isto em memória de mim”. Dentro da perspectiva de Wesley, a outra razão para participarmos da Ceia devia-se ao fato de que nela encontramos o perdão: “A graça de Deus dada através desse ato confirma o perdão dos nossos pecados e nos capacita a deixá-los. Como nossos corpos são fortalecidos pelo pão e pelo vinho, assim as nossas almas o são pelos símbolos do corpo e sangue de Cristo”.
Um meio de graça. É assim que a Igreja reconhece a celebração da Ceia do Senhor. Não um ato isolado, mas sim um ato, que com a Palavra, assume características que dão sustentação a fé cristã.
Apesar de toda a discussão em torno da Ceia, desde as influências gnósticas, até a cisão da Igreja no Sec. XVI (a Ceia do Senhor foi um sacramento de muitas disputas e controvérsias quanto a forma que era celebrada e a quem era permitida participação) encontramos na Ceia do Senhor o cerne de todo Evangeho.
Com o passar do tempo e o advento de uma nova era nas Igrejas Cristãs, a Ceia assume seu real significado, já não importanto o ato ou a forma como ela é celebrada, mas sim, uma profunda e sincera valorização do seu significado como “a manifestação do amor divino que restaura e une os homens a Deus”. Esta mensagem é agora melhor compreendida pois, segundo nos afirma Aulén, o “conteúdo central do Evangelho vem ao encontro do homem de maneira concentrada e na forma de um ato”. (320 do Livro: A Fé Cristã). Participar do Sacramento da Ceia do Senhor é um ato individual. Contudo reduzí-lo apenas a um ato individual seria incorrer contra o propósito desta celebração. Assim, a partir da participação de cada um, a Celebração do Sacramento da Ceia do Senhor, vai tomando forma e corpo de comunidade, de integridade, de partilha, de união em torno da fé que nos sustenta e edificaa Igreja, o “Corpo de Cristo”.
O sentido de memorial nos remete a Cristo. Assim, na celebração litúrgica do Sacramento da Santa Ceia, indissoluvelmente, nos remete ao ato Sacramental de Jesus Cristo, na sua última ceia com os seus discípulos, num cenáculo em Jerusalém. Assim sendo, Aulén nos relembra que “a Ceia do Senhor é uma ação de Cristo” (pg. 331 do Livro: A Fé Cristã), pois foi sua iniciativa.
A fé cristã, afirma que o fato de ter Cristo instituído a Ceia antes de sua morte e participado dela depois de sua ressurreição, é elemento fundamental para cremos que Jesus se faz presente em cada ato Sacramental da Ceia do Senhor, pois Ele esta “acima da limitações do tempo e do espaço e, portanto, podia estar com os seus para sempre, até a consumação dos Séculos”. (pg. 332 do Livro: A Fé Cristã).
A Santa Ceia, deve, acima de tudo, nos lembrar da Cruz. A dor, o sofrimento e a morte do Senhor Jesus. O seu sacrifício em favor de toda a humanidade “feita de uma vez para sempre” (Hb. 9.12). Entrertanto celebramos na Santa Ceia, não apenas o amor sacrificial de Jesus, ou como nas palavras de Aulén, o “Amor Sofredor”, mas também, “o Amor Vitorioso” pela Ressurreição de Jesus.
Recebemos a Santa Ceia como uma dádiva. Aulén nos afirma que “a Ceia do Senhor é o sacramento da renovação com a comunhão da nova aliança no Senhor”. (pg. 336 do Livro: A Fé Cristã).
Lutero, sintetizou essa “comunhão” exemplificando-a como um meio de graça a saber: “de perdão de pecados, de vida e salvação”. (Catecismo Menor, de Lutero, conf. Pg. 336 do Livro: A Fé Cristã).
Mas a Santa Ceia não significa apenas isso. Nela também esta contida elementos escatológicos, com os quais nos identificamos e anseamos, pois Aquele que a instituiu prometeu celebrá-la conosco no Seu Reino. Assim, Aulén, afirma que “a Ceia do Senhor celebrada na terra é o antegozo da grande ceia no céu”.
Entretanto, nada há em nós, que possa causar tamanho contetamento com a celebração da Ceia do Senhor, senão o fato, único e inexcrutável, de que a sua grande dádiva é a nossa Comunhão com Cristo. Isso por si só, monopoliza todos os sentidos e nos transporta para próximo daquele que é o autor e consumador de nossa fé. Uma comunhão com Cristo, que se faz representar na “comunhão dos santos”, conforme a própria Igreja houve por bem ressaltar no Credo dos Apóstolo, simbolizando, assim, como nos afirma Aulén, “o Sacramento da Unidade” (pg. 338 do Livro: A Fé Cristã).
Se assim cremos ser verdade isso representa, também, para a Igreja de Cristo, um grande desafio, afinal, a “unidade cristã” deve ser pressuposto daqueles que receberam Jesus como Senhor e Salvador. É lamentável, que nem sempre seja assim, como vimos no passado, e ainda hoje no presente. Por esta razão a celebrtação da Ceia do Senhor é um ato sacramental da “unidade cristã”, o qual precisa se caracterizar a cada dia como sinais visíveis deste sacramento, em atitudes de amor ao próximo, resgantando a dignidade da vida daqueles que, tanto quanto eu ou você, carecem da graça e da misericórdia de Deus, e que por isso mesmo, merecem a mesma acolhida à “comunhão” com todos os meios de graça que dela advém.
A Santa Ceia é também adoração. Sobre isso Aulén afirma que é Cristo que a celebra e faz dela um Sacramento, afirmando que “Cristo é o verdadeiro celebrante, e como ato da Igreja, a Ceia é um ato de adoração, cujo elemento característico provém da ação de Cristo, o qual lhe fornece o conteúdo.” (pg. 338 do Livro: A Fé Cristã).
A Ceia é, portanto, o tema central de todos os atos da Igreja. Ela se constitui o elemento fundamental do evangelho que recebemos, o qual se nos dá a dizer através de Cristo em quem temos a certeza de que somos feitos filhos de Deus.
Assim sendo, já não nos é possível sermos impassíveis diante de tamanho amor e misericórdia. Por esta razão, a Santa Ceia carrega em si, elementos de nossa Gratidão a Deus “pelos inumeráveis benefícios que com ela nos agracia”.
Na Santa Ceia ainda encontramos outros elementos indispensáveis a nossa relação com Deus. A oração é mais uma delas. Reconhecendo que Cristo é quem preside este momento significativo na vida da Igreja, e por isso mesmo, crentes de que Ele está presente entre nós, temos a fé de que através da Santa Ceia falamos com Ele em oração. Aulén, ainda afirma, que isso ocorre porque “reconhecemos o nosso pecado” e a nossa oração tem como objetivo “unir-nos e reconciliar-nos com Jesus”. (pg. 339 do Livro: A Fé Cristã)..
Contudo, um dos maiores desafios da Santa Ceia é, como afirma Aulén, “o sacrifício do Serviço”. A celebração do Sacramento da Santa Ceia nos lembra que “Cristo se deu por nós e que por isso devemos dar as nossas vidas pelos irmãos”. É o amor sacrificial de Cristo por nós, apontando o padrão: “se de graça recebeste, de graça daí”.
CONCLUSÃO
Este é um assunto que não se esgota aqui. Existem muitos argumentos a respeito de Sacramento e do seu significado. Assim temos a definição de Leonardo Boff:. “Tudo é Sacramento ou pode tornar-se. Depende do homem e do seu olhar”.
Nesta abordagem procuramos estabelecer o Sacramento como um ato de Deus para o homem e a resposta do homem para essa manifestação de Deus. Tivemos a oportunidade de relembrar sobre Sígnos & Símbolos, abordando sobre o poder da linguagem e da comunicação, demonstrando que a comunicação eficaz necessita de um emissor, um recptor e um veículo. Este veículo poderá ser a linguagem verbal (a palavra) ou a linguagem não verbal (sinais, símbolos, gestos etc) os quais poderão ainda assumir aspéctos da linguagem denotativa (manifestar, indicar, mostrar) e/ou conotativa que significa manifestar junto com o sujeito, um atributo.
Abordamos ainda, uma visão panorâmica do Sacramentro, no Antigo Testamento, no qual todas as coisas criadas e a relação do Homem com Deus e de Deus com o homem eram repletos de sinais sacramentais, tais como festas, lugares, atos de adoração etc, bem como uma abordagem do Sacramento na ótica do Novo Testamento, o qual, apropriando-se dos sinais sacramentais do Antigo, assume novas características em (e com) Jesus.
Neste aspécto, desenvolvemos um breve panorama do Sacramento no Novo Testamento, apresentando especialmente os do Batismo e da Ceia do Senhor.
Nesse particular, enfocamos que o Batismo é um ato da graça preveniente de Deus e que ele é válido tanto para adultos quanto para crianças e que através dele assumimos a partenidade de Deus e o sentido de pertença.
Quanto a Ceia do Senhor, pudemos ver que foi um memorial instituido por Deus como meio de graça, por iniciativa de Cristo, despertando no ser humano sentimentos de adoração, confissão, louvor, dedicação e serviço e que além disso ela desperta um sentimento de uma íntima comunhão com Deus e com o próximo, verificado na Unidade Orgânica do Corpo de Cristo, a Igreja, e nos aponta o sentido escatológico de sua celebração, sendo por isso mesmo, o tema central de todo o Evangelho.
Falar sobre sacramento é, enfim, um convite para todos nós olharmos um pouco melhor para a criação, para nós mesmos, para o Criador, para Cristo. Para que possamos ver (enxergar) no nosso próximo alguém como nós; para ouvirmos os gemidos da natureza que agoniza, que suspira pela vida. Para vermos o Deus Pai a partir de Cristo; afinal, Ele mesmo afirmou: “Quem me vê a mim, vê o Pai” - Sinais de Sacramento que Deus nos revelou pelo seu Espírito que habita em nós.
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