Até você partir

Onde lhe encontrar?

Buscando o irreal em pessoas reais, tão vazias de si mesmas, como eu, transbordando sentimentos que nem são meus.

Enquanto te busco em sonhos, em lembranças que não são minhas, me perco em palavras que não compreendo.

Sentimento sublime por alguém que não conheço, de uma vida que não foi minha. Um eterno desencontro de almas amantes.

Partir para lhe encontrar ou perder-me enquanto vivo buscando tuas lembranças que não passam de sons aos meus ouvidos? Lembranças das quais não me recordo ter vivido, mas com um sentimento de saudade que é todo seu.

Sua súplica de “Não me deixe” soa como um martírio para mim.

Escondo-me para encontrar-lhe. Ouço tua voz. Vejo tua sombra. Sinto teus sinais.

Voz ouvida de um rosto nunca encontrado. Um tempo vivido ou um tempo perdido? Uma vida de desencontros.

Tudo que já foi passado pode ser esquecido? Um eterno talvez. Uma vida repleta de lembranças de épocas em que não vivi, me vendo em corpos que não eram meus, caminhando através de recordações de lugares que não percorri, buscando um amor numa dança de desencontros lastimáveis.

Sentimento de alma que será vivido inúmeras vezes em diferentes corpos que não compreendem coisa alguma, mas que possuem um silêncio ensurdecedor dentro de si, comum entre eles.

Vidas que passam num instante como o murchar de uma rosa. O destino se fazendo espinho e se divertindo com a crença de duas almas que buscam a dádiva do reencontro que já sabem não mais ser possível.