Levemente Azulada
Se um dia, ou quando eu partir,
não sei o que fica. Fico eu
como um cara sem cara,
uma areia sem marcas,
um deserto de ondas onde me joguei
com saudades, saudades que
saudadeavam minha vida e a dos outros,
outros, outros e nenhum outro.
Fica a chuva no telhado
e borrifos no rosto em um abraço,
saudando o andropogom branco
do choro da noite, antes do sol,
depois da lua de véu de núpcias.
Quando eu for, quero levar
só uma sacola de supermercado,
a de plástico, com minha saudade,
translúcida, sutil, levemente azulada,
com o sopro que não pode ficar.