vício

VÍCIO

Defronte da vida, curtindo os últimos resquícios de sol eu pude senti-lo tão próximo e tão vivo que cheguei a pensar que jamais tivesse ido. Era tudo tão intenso, era tudo tão maravilhosamente verdadeiro e genuinamente falso quando eu estava ao teu lado, nunca o vi chegar, sempre o vi partir, nunca ouvi de tua boca um olá, mas o teu adeus estava presente em cada frase que teus lábios pronunciavam com tamanha doçura que chegava a disfarçar a mentira que você insistia em contar-me sorrindo, e como o fazia bem. Doía o peito, mas preferia me embriagar em teu olhar de gente que sabe o que faz e esquece o que fez, me perder na volúpia dos seus beijos era o que me fazia adormecer nas noites gélidas de inverno e acordar na falta deles era como ter o chão sob seus pés e não poder alcançá-lo.

Hoje busco um motivo pra viver, algo que não seja o teu abraço, quero distância dele, em você eu quis me encontrar, mas não fiz nada mais do que me perder. Luto todos os dias em busca da graça da vida, pois, a que ainda via você fez o triste favor de retirar-me. Teu nome não posso mais pronunciar sem sentir uma estranha mistura de repulsa e desejo, sobretudo tem vencido a repulsa seguida e apoiada pelo medo e rancor de voltar novamente ao nada, ao princípio do fim. Teu nome profano é sinal de que falhei em parte da minha vida, justamente quando o deixei fazer parte dela. Vivo o hoje sem pensar no amanhã buscando a vitória, a glória dos pecadores que alcançaram o perdão e que encontraram nas mãos de almas caridosas o afeto que acolhe e cura. Afastei de mim o teu vício, as tuas garras e desta vez quem parte para longe e diz adeus sou eu, vou e não me espere, não eu não vou chegar tarde e nem vou passar alguns dias fora, eu simplesmente não vou voltar. Encontrei o meu caminho e você não faz parte dele.

TATIANE MORAIS

Criado em 18/02/2012

Tatyanemorais
Enviado por Tatyanemorais em 19/02/2012
Código do texto: T3508117