Levaram-me as asas e o coração

E cá estou. Jogada no chão. Ainda presa em meu casulo. Só que agora está pior. Além de estar presa neste casulo repulsivo, estou machucada. Pisaram tanto em mim. Por que? Me pisaram simplesmente porque eu tentei sair de meu casulo. Antes tivesse ficado quieta, e esperado a noitinha, quando não teria ninguém por perto, para sair. Se tivesse feito isso, agora estaria borboleteando por aí, e não aqui, sangrando, impossibilitada de me mexer, pois tinham arrancado-me as asas também. Mas veja só! Quem é esse ser maravilhoso que por aqui passa e encanta a todas as criaturas vivas com esse sorriso lindíssimo? Psiu! Olhe para cá! Fale comigo!

- O que aconteceu com você?

- Fui pisoteada por alguns seres de má fé.

- Isso deve ter sido horrível.

- Com certeza foi.

- Acho que te amo.

- Coincidência! Eu também amo você.

- Jura?

- Sim. Você é muito importante para mim.

- Não sabe o quanto fico feliz por ouvir isso, minha pequena borboleta sem asas.

- Por favor, me ajude.

- Claro!

- Ei, aonde você vai?

- Vou embora. Não te amo mais.

- Espere! Você ainda não terminou de me ajudar! Você prometeu me ajudar! Eu achei que você me amasse! Volte! Me ajude, por favor! Eu preciso de você! Eu posso mudar! EU TE AMO!

Meus lamentos foram em vão. Ele já havia partido. Melhor eu voltar para dentro de meu casulo. De onde nunca eu deveria ter saído.