Seu nome é João! - Lc3
Sabe aquelas velhas cobranças? Quando você é novo... – Já tá namorando? Depois... – Quando vai casar? E a seguir... – Quando vem o filho?... e o segundo?!....
A história é bem velha. João Batista nem tinha nascido e as exigências sociais, rituais, familiares e culturais já se amontoavam sobre ele. Não admitimos nada diferente do padrão imposto por Adão caído.
Vimos em nossa nota passada, quando o anjo Gabriel prometeu um filho a Zacarias, que este filho já tinha seu nome declarado pelo anjo.
“Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João” (Lc 1.13).
O nome do escolhido para trilhar os caminhos do Senhor já estava antecipado eternamente nos conselhos divinos. Não havia lugar para escolha humana. Mas não é o que acontece no momento em que o menino é levado para o ritual de sua circuncisão e oficialmente seu nome proclamado.
“E aconteceu que, ao oitavo dia, vieram circuncidar o menino, e lhe chamavam Zacarias, o nome de seu pai. E, respondendo sua mãe, disse: Não, porém será chamado João. E disseram-lhe: Ninguém há na tua parentela que se chame por este nome.” (1.59-61).
A sociedade já tinha o nome do menino – Zacarias, como o pai. Sempre foi assim, pra que mudar?! Mas Deus gosta de quebrar nossos conceitos e rituais vazios.
“E perguntaram por acenos ao pai como queria que lhe chamassem. E, pedindo ele uma tabuinha de escrever, escreveu, dizendo: O seu nome é João. E todos se maravilharam” (1.62-63).
Três pontos interessantes podemos notar aqui.
Primeiro – o nome do menino ‘é’ João, e não ‘será’ João. Nos arcanos de Deus, e por promessa única, seu nome já estava definido.
Segundo – ainda que Isabel tivesse fé, atrevimento e determinação suficientes para se interpor diante da anormal situação, foi o homem mudo pelo castigo do anjo que teve que dar o veredicto final. Nossa sociedade sempre prefere o mudo sem recursos aos pequeninos ‘sem valor’.
E terceiro e mais maravilhoso – como Zacarias estava impedido de falar, uma tabuinha teve de ser providenciada para que o nome do seu filho – o precursor do Senhor! – tivesse seu nome registrado para sempre.
É assim que Deus age para com seus filhos eleitos.
“Mas, a todos quantos o receberam [a Jesus como Senhor e Salvador], deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1.12-13).
Para todos os eleitos de Deus, em todos os tempos – sangue, carne, vontade e parentesco humanos não pesam nos projetos de Deus.
E assim como o nome de João teve que ser registrado formalmente pela escrita, como testemunho de sua eleição antes do seu nascimento, também o nome de todos os eleitos já foram escritos na eternidade passada como testemunho eterno para os dias finais.
“A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, ainda que é” (Apocalipse 17.8).
João nada fez para que seu nome estivesse lá. E nenhum de nós também! – “para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama” (Romanos 9.11).
Na santa cidade que um dia descerá dos céus, somente os convidados oficiais terão sua entrada franca e desimpedida.
“E não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro” (Ap 21.27).
Os nomes dos escolhidos de Deus percorrem de uma eternidade a outra – e ninguém pode mudar este graciosa e terrível verdade!
Isaías também foi instruído sobre algo que tinha que registrar para seu mundo de então e para os finais que já se descortinam ante os olhos atentos.
“Vai, pois, agora, escreve isto numa tábua perante eles e registra-o num livro; para que fique até ao último dia, para sempre e perpetuamente. Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor” (Isaías 30.8-9).
Podemos concluir – por enquanto – a questão da eleição nesta análise do evangelho de Lucas, usando como figuras tanto a esterilidade de Isabel, como vimos na nota passada, quanto o registrar de um nome em uma simples tabuinha.
A seguir veremos até onde João Batista conseguiu prosseguir em sua fidelidade e resignação.