DANIEL em foco - Dn1
Encontramos Daniel, quarto profeta maior na linha sucessiva bíblica.
Livro de pequena dimensão, mas de longo alcance, podemos seguramente concebê-lo como uma introdução ao Apocalipse, visto que muito das suas figuras, imagens e pensamentos são ampliados e concluídos por João.
Figuras como – o exílio do profeta, sua fraqueza e restauração ante a gloriosa revelação recebida, a construção majestosamente ímpia de uma imagem global para adoração, o ‘marketing social’ em alta voz ‘incentivando’ sua adoração, a recusa do remanescente em atender ao apelo ‘ditatorial’, o furor do inimigo sobre os que se recusam a esta falsa adoração, os 10 dedos da estátua, o chifre pequeno e sua arrogância, o tempo determinado pela expressão ‘um tempo, dois tempos e metade de um tempo’, a atuação poderosa de Miguel e o juízo final – comprovam o que dissemos no parágrafo acima. Tudo será reabordado em Apocalipse como desfecho glorioso de seu livro, bem como de toda a Palavra de Deus.
Sua mais notável profecia das setenta semanas tendo como alvo o povo de Israel pelas eras subsequentes, e que será inclusive retomada nas pregações do Senhor Jesus, são concluídas com harmonia e maestria no livro final da Revelação. Desnecessário abordarmos o tema, visto a enormidade de estudos já lançados.
No entanto comentaremos, devido à força doutrinária das figuras, sobre a interpretação de Daniel ao sonho de Nabucodonosor de “uma árvore no meio da terra”, seus 7 tempos de loucura e o banquete de Belsazar com 1000 de seus maiorais.
À complexidade natural das suas profecias recheadas de símbolos, soma-se o fato de que elas têm um cumprimento próximo e outro muito distante. Em certos pontos quase não identificamos onde finda a execução do tipo (ou sombra, como uma silhueta imperfeita) e começa o antítipo (a imagem final sob plena luz). Aliás, esta marca registrada percorre toda a Escritura inspirada.
Ninguém deveria esperar compreender Daniel sem compará-lo com todos os profetas do Antigo Testamento, bem como ninguém entenderá Apocalipse sem confrontá-lo com tudo o que foi escrito antes para nosso proveito.
Todos os 66 livros canônicos – de Gênesis a Apocalipse – estão intimamente ligados, como num organismo vivo onde a harmonia do todo depende da atuação perfeita de cada órgão. A falta de compreensão adequada de qualquer parte, levará inevitavelmente à má interpretação do conjunto.
E nisto, praticamente todas as escolas cristãs têm errado significativamente. Leituras parciais, inconstantes, meramente humanas, desconexas e desleixadas, presas ao velho vinho do ‘vício doutrinário’, sem o propósito santo de buscar “primeiro o reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6.33), são os motivos maiores para toda esta confusão teológica e doutrinária em nosso meio cristão e o desprezo dos que nos cercam.
Ninguém deveria se espantar que tais atitudes têm sido – e mais ainda serão – recompensadas na medida do olhar perscrutador de nosso justo Juiz em seu bendito retorno.
Os dias finais se aproximam velozmente, e desnecessário é dizer que pegará a grande massa do cristianismo levedada – em sonolência espiritual como Israel no passado.
“Mas, irmãos [falando agora à Igreja corpo de Cristo], acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva [pois Deus espera que conheçamos o tempo em que vivemos]; porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite... mas vós, irmãos, já não estais em trevas [como Israel e os povos estão], para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão” (1 Ts 5:1-2,4).
“Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” (Dn 12.10).