A festa dos Tabernáculos - Ed4

Se voltarmos ao exato momento da entrada de Israel em Canaã, depois de quatro décadas infrutíferas pelo deserto, duas solenidades foram comemoradas logo que entraram – a circuncisão e a Páscoa.

Comentamos sobre seus motivos quando analisamos o livro de Josué.

No entanto, neste momento do retorno de Israel do seu exílio de sete décadas em Babilônia, uma outra festa será comemorada.

“E firmaram o altar sobre as suas bases... e ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, holocaustos pela manhã e à tarde. E celebraram a festa dos tabernáculos, como está escrito; ofereceram holocaustos cada dia, por ordem, conforme ao rito, cada coisa em seu dia” (3.3-4).

Israel entrando em Canaã precisava relembrar que a Páscoa era o motivo maior para sua entrada na terra prometida. Podiam entrar lá pois o sangue daquela festa havia sido aplicado em suas portas no passado, não por aquela geração propriamente, mas por seus pais que, ainda que em desobediência, os representavam como povo eleito.

“Mas com quem se indignou por quarenta anos? Não foi porventura com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto? E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes? E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade” (Hb 3.17-19).

No entanto, Israel voltando do julgamento e do castigo do exílio precisava entender outra coisa – que não haviam descansado na promessa do redentor que cumpriria todas as exigências divinas de perdão e santidade. Antes, se envolveram, se fascinaram, se enredaram pela justiça que vinha da lei.

“Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou à lei da justiça. Por quê? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras da lei; pois tropeçaram na pedra de tropeço” (Rm 9.31-32).

“Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.9).

A festa dos Tabernáculos falava deste descanso que vem pela fé exclusivamente, sem as obras da lei, e que a epístola aos Hebreus continua ensinando.

“Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa [a Abraão e sua semente] de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás.

Porque também a nós [judeus daquele período em que se escreveu esta carta] foram pregadas as boas novas, como a eles [a geração do deserto], mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram.

Porque nós, os [judeus] que temos crido [no sacrifício do Cordeiro Jesus], entramos no repouso” (Hb 4.1-3).

Esta festa falava tanto do passado – “para que saibam as vossas gerações que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas” (Lv 23.43) – como também acenava para o futuro, quando da reunião de todo o Israel salvo em sua terra, mas não antes da festa anterior a esta – o Dia da Expiação, e como bem ensinou Paulo.

“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios [nesta era da Igreja corpo de Cristo] haja entrado.

E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades” (Rm 11.25-26).

Podemos resumir estes dois lados da mesma moeda, do passado negligente bem como da esperança da reconciliação de Israel com seu Deus, no mesmo contexto da epístola aos Hebreus.

“Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência” (4:11).

Nosso próximo tema fala de uma decisão intransigente e discriminatória, pela ótica desta geração má e adúltera.