A última viagem de Elias - 2Re3
Chegou o tão merecido descanso do grande profeta Elias. Sua partida seria um tanto diferente do convencional, mas antes o Senhor tinha para ele uma visita programada em três sítios bem conhecidos. Seu futuro sucessor não deixará de forma alguma de acompanhá-lo.
“E disse Elias a Eliseu: Fica-te aqui, porque o Senhor me enviou a Betel. Porém Eliseu disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim foram a Betel” (2 Re 2.2).
Betel (casa de Deus) é aquela cidade onde Abraão edificou um altar ao Senhor nas suas peregrinações por Canaã, quando ainda se chamava Luz. Também é o local em que Jacó, fugido de casa, teve a visão noturna de uma escada que subia aos céus e anjos subiam e desciam por ela. Em sua visão, Deus lhe havia dito – “Eu sou o Senhor Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência; e a tua descendência será como o pó da terra” (Gn 28.13-14).
Neste momento crucial de paganismo que Elias tinha que combater e condenar, Deus está dizendo a todo seu povo nesta primeira parada – ‘Esta é a minha terra, minha casa que santifiquei para meu povo’. Moisés havia dito antes da parte do Senhor desta forma:
“Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel” (Ex 19.5-6).
Acompanhemos de perto sua segunda viagem.
“E Elias lhe disse: Eliseu, fica-te aqui, porque o Senhor me enviou a Jericó. Porém ele disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim foram a Jericó” (2.4).
Jericó foi a primeira cidade que Josué destruiu logo sua entrada em Canaã. Haviam acabado de passar pelo Jordão a seco e já se preparavam para destruir aquela cidade de fortes muros. Acho que o Senhor estava dizendo a todos – “Como vocês não tiveram diligência em prosseguir destruindo seus inimigos, mas se contentaram com a mistura de gente entre vocês, EU mesmo destruirei estas nações e reinarei sobre vós, queiram ou não!”
Além de lembrá-los que tudo começou ali, lembrava também os altos desígnios do Senhor para aquele povo e também a diferença entre o estado de quando entraram, como povo santo e consagrado, e o estado rebelde e idólatra que Elias era obrigado a confrontar todo dia. Ezequiel diria desta forma.
“Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada, hei de reinar sobre vós” (Ez 20.33).
Mas dali, Elias será levado para mais longe.
“E Elias disse: Fica-te aqui, porque o Senhor me enviou ao Jordão. Mas ele disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim ambos foram juntos” (2.6).
Observe o caminho inverso que Deus levou Elias e seu futuro substituto. Saíram da casa de Deus, retornaram ao princípio das conquistas em Jericó e saíram da terra prometida pelo Jordão nos moldes do mesmo milagre que entraram – o Jordão aberto.
“Então Elias tomou a sua capa e a dobrou, e feriu as águas, as quais se dividiram para os dois lados; e passaram ambos em seco” (2.8).
Acho que a interpretação é mais que óbvia. Assim como o Senhor os havia conduzido à terra que manava leite e mel, agora o Senhor indicava claramente que os removeria de lá caso não se arrependessem. Moisés aliás já havia antecipado tal situação.
“Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus... Teus filhos e tuas filhas serão dados a outro povo, os teus olhos o verão, e por eles desfalecerão todo o dia; porém não haverá poder na tua mão... O Senhor te levará a ti e a teu rei, que tiveres posto sobre ti, a uma nação que não conheceste, nem tu nem teus pais” (Dt 28.15-36).
Com tudo isto em mente, podemos lembrar as palavras preciosas de Paulo para a nação de Israel como um todo.
“E também eles [judeus como nação], se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar” (Rm 11.23).
Seu Deus e nosso Deus só aguarda aquelas majestosas, suplicantes e oprimidas oito palavras gritadas por um povo cercado pelo inimigo mais cruel que está muito prestes a se erguer.
“Eis que a vossa casa se vos deixará deserta. E em verdade vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor” (Lc 13.35).
Sigamos em nossa próxima nota os passos ditosos e abençoados de Eliseu.