A ruptura de Israel - 1Re4

A história de Israel é cheia de inimizades e rupturas. Já vimos algo em nossas primeiras notas em Gênesis e Êxodo.

Começando por Jacó que veio grudado aos calcanhares de seu irmão Esaú, sua saída de casa foragido da cólera de seu irmão, depois seus filhos que lhe trouxeram muita tristeza ao coração, e passando para José escravizado no Egito, discórdias no deserto, as dez vezes que tentaram o próprio Senhor (Nm 14.22)... penso que o símbolo maior desta falta de união entre eles se encontre no momento mais sublime de sua história – quando da entrada em Canaã, onde as promessas de Deus desde Abraão começam, duas tribos e meia acharam por bem ficar aquém do território prometido e demarcado.

É como se nos contentássemos em pleno voo do arrebatamento a nos deixar extasiar por alguma galáxia interessante. Bem podia clamar o profeta Isaías sobre seu povo, e estendendo a nós também.

“Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado algum remanescente, já como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra” (Is 1.9).

Como indicou nosso Senhor na sua sabedoria divina, um pouco de fermento levedará toda massa. Não poderia haver outro desfecho para Israel senão sua ruptura já indicada por tantos tristes episódios.

Neste caso, tudo re-começou com Salomão e sua necessidade em agradar suas tantas esposas pela idolatria. O templo do Senhor erigido com tanta riqueza não foi garantia contra as intempéries das suas escolhas em vida.

“Porque sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era perfeito para com o Senhor seu Deus, como o coração de Davi, seu pai... Assim fez Salomão o que parecia mal aos olhos do Senhor” (1 Re 11.4-6).

A resposta do Senhor foi a altura.

“Pois que houve isto em ti, que não guardaste a minha aliança e os meus estatutos que te mandei, certamente rasgarei de ti este reino, e o darei a teu servo. Todavia nos teus dias não o farei, por amor de Davi, teu pai; da mão de teu filho o rasgarei; porém todo o reino não rasgarei; uma tribo [Benjamim] darei a teu filho [Roboão], por amor de meu servo Davi, e por amor a Jerusalém, que tenho escolhido” (11.11-13).

Por causa da falta de tato de seu filho Roboão ao agravar o jugo de seus súditos, Jeroboão (escolhido pelo Senhor para levar a cabo esta divisão) leva consigo as 10 tribos do norte, restando a Roboão somente Judá e Benjamim ao sul, denominada Judá.

A partir daqui, duas nações independentes seguirão seus caminhos. E Jeroboão, empossado agora de seu novo cargo, trará uma abominação que será uma pedra de tropeço amarga para Israel e que será a base da condenação ao cativeiro Assírio.

Numa estratégia em semelhança de adoração, uma idolatria abominável aos olhos de Deus será forjada. Aliás, acho que já dissemos em outra nota, a semelhança é a mais eficaz arma de Satanás para nos enganar.

“E disse Jeroboão no seu coração: Agora tornará o reino à casa de Davi. Se este povo subir para fazer sacrifícios na casa do SENHOR, em Jerusalém, o coração deste povo se tornará a seu senhor, a Roboão, rei de Judá; e me matarão, e tornarão a Roboão, rei de Judá. Assim o rei tomou conselho, e fez dois bezerros de ouro; e lhes disse: Muito trabalho vos será o subir a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito. E pôs um em Betel, e colocou o outro em Dã. E este feito se tornou em pecado; pois que o povo ia até Dã para adorar o bezerro” (1 Re 12.26-30).

Além deste pecado, outro ainda mais grave será instituído.

“E fez Jeroboão uma festa no oitavo mês, no dia décimo quinto do mês, como a festa que se fazia em Judá [a Páscoa tradicional e divina era comemorada no 7º mês ao 14º dia], e sacrificou no altar; semelhantemente fez em Betel, sacrificando aos bezerros que fizera; também em Betel estabeleceu sacerdotes dos altos que fizera. E sacrificou no altar que fizera em Betel, no dia décimo quinto do oitavo mês, que ele tinha imaginado no seu coração” (12.32-33).

Estas abominações lhe renderão uma memória em forma de testemunho divino que se atrelará a todos os reis subsequentes.

“Contudo [Jorão, filho de Acabe] aderiu aos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com que fizera Israel pecar; não se apartou deles” (2 Re 3.3).

“E fez [Pecaías, filho de Menaém] o que era mau aos olhos do Senhor; nunca se apartou dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com que fez pecar a Israel” (2 Re 15.24).

E assim a triste e condenatória fórmula será reprisada para todos os reis de Israel, inclusive Jeú de quem se diz que fez a vontade do Senhor em sua ‘limpeza’ espiritual.

Mas o que queremos frisar nesta humilde nota é a SEMELHANÇA que procede do coração humano. Nada substitui o real, o divino, o invisível. Todas as vezes que elementos visíveis de adoração são ‘esfregados’ em nossos olhos, devemos redobrar nossa atenção. Gosto deste rápido testemunho de Paulo e da exortação de João que falam muito à nossa igreja Laodiceia.

“Porque Demas me desamparou, amando o presente século” (2 Tm 4.10).

“Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 Jo 2.15-17).

Passemos então a dois profetas e suas ações discrepantes.