O cântico [profético] de Davi - 2Sm7
Sabe quando temos aquela vontade de gritar aos quatro ventos que o Senhor nos libertou de alguma grande prova ou nos agraciou com tremendo favor?
A carreira de Davi não foi fácil. Alguns anos sendo perseguido pelo ‘rei’ Saul, encurralado em morte iminente em algumas ocasiões, desterrado outras vezes, guerras constantes com seus inimigos na conquista de territórios para sua jovem nação, além de seus próprios erros a que todos nós também estamos sujeitos. Ele e o Espírito acharam por bem gravar um agradecimento todo especial que ficasse eternizado.
“E Falou Davi ao SENHOR as palavras deste cântico, no dia em que o SENHOR o livrou das mãos de todos os seus inimigos e das mãos de Saul” (2 Sm 22.1).
Mas sabemos que, quando o Espírito age, suas ações não se prendem somente ao presente, mas dilatam suas verdades para o futuro. É aquele “fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” (Ef 3.20).
O cântico falava tanto do livramento de Davi, quanto do livramento do verdadeiro Rei Jesus que era tipificado por ele. Mas também falava do livramento ainda futuro do remanescente de Israel que será ferozmente perseguido pela besta que sobe do mar e do abismo em tribulação muito próxima. Vamos a algumas análises.
Quanto à primeira vinda de Cristo, sabemos toda perseguição implacável que sofreu e sua necessidade de intercessão constante. Como não ver no clamor de Davi o verdadeiro alvo do Espírito no drama do Monte das Oliveiras?
“Estando em angústia, invoquei ao Senhor, e a meu Deus clamei; do seu templo ouviu ele a minha voz, e o meu clamor chegou aos seus ouvidos” (22.7).
“E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão” (Lc 22.44).
“O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia” (Hb 5.7).
E quanto à sua segunda vinda em glória, exatamente quando vai salvar seu povo perseguido e acuado no vale do Armagedom? Ouçamos duas passagens deste cântico e seu cumprimento futuro.
“Então se abalou e tremeu a terra, os fundamentos dos céus se moveram e abalaram, porque ele se irou. Subiu fumaça de suas narinas, e da sua boca um fogo devorador; carvões se incenderam dele. E abaixou os céus, e desceu; e uma escuridão havia debaixo de seus pés” (22.8-10).
“Desde o alto enviou, e me tomou; tirou-me das muitas águas. Livrou-me do meu poderoso inimigo, e daqueles que me tinham ódio, porque eram mais fortes do que eu” (22.17-18).
“E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul. E fugireis pelo vale dos meus montes, pois o vale dos montes chegará até Azel... Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos contigo” (Zc 14.4-5).
Davi foi implacavelmente perseguido e viu seu livramento e salvação. Jesus foi esmagado sob todas as circunstâncias humanas, divinas e demoníacas, mas obteve sua vitória e altíssimo galardão. O remanescente judaico futuro também será perseguido sem tréguas, mas obterá a mesma vitória e galardão proporcionais à sua provação.
Peço que o leitor e leitora façam uma releitura deste cântico sob estas três perspectivas e garanto que este cântico terá um novo sabor.
Possamos nós cantar como Davi.
“O caminho de Deus é perfeito, e a palavra do Senhor refinada; e é o escudo de todos os que nele confiam. Por que, quem é Deus, senão o Senhor? E quem é rochedo, senão o nosso Deus?” (22.31-32).
Findamos assim estas notas sobre o segundo livro de Samuel, e partimos certos de Sua infinita bondade para o primeiro livro de Reis.
Ficaria muito feliz e honrado se você me acompanhasse em mais esta jornada!