Mical – a esposa sem filhos - 2Sm2
Todos conhecem a história de Mical, filha de Saul que foi desposada por Davi, e nas palavras dele mesmo – “Dá-me minha mulher Mical, que eu desposei por cem prepúcios de filisteus” (3.14).
Ela havia sido desposada por outro homem, quando Davi fugia das perseguições de Saul. E agora, reinando sobre Hebrom ao início de sua carreira, pede sua mulher de volta. Tentaremos nesta, e nas próximas notas, traçar o perfil tipológico de Davi nas suas semelhanças com seu Senhor perseguido e prometido a reinar.
Mical se liga afetivamente a Davi da mesma forma que Israel um dia foi desposada pelo SENHOR.
"Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o SENHOR; pois eu vos desposei..." (Jr 3.14).
Mical e Israel se ligaram aos seus maridos somente depois que ambos pagassem um certo preço de resgate.
“Então disse Saul: Assim direis a Davi: O rei não tem necessidade de dote, senão de cem prepúcios de filisteus, para se tomar vingança dos inimigos do rei... Então Davi se levantou, e partiu com os seus homens, e feriu dentre os filisteus duzentos homens, e Davi trouxe os seus prepúcios, e os entregou todos ao rei, para que fosse genro do rei; então Saul lhe deu por mulher a sua filha” (1 Sm 18.25-27).
“E o Senhor nos tirou do Egito com mão forte, e com braço estendido, e com grande espanto, e com sinais, e com milagres; e nos trouxe a este lugar, e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel” (Dt 26.8-9).
Ambos agiram além das expectativas, como bem atesta Paulo quando afirma que Deus “é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos” (Ef 3.20).
Mas o que mais impressiona é a atitude de desprezo das duas mulheres. Mical, no momento mais sublime da vida nacional e espiritual de Israel e do seu rei – quando Davi transportava a arca do Senhor para Jerusalém – o despreza em seu coração.
“E sucedeu que, entrando a arca do Senhor na cidade de Davi, Mical, a filha de Saul, estava olhando pela janela; e, vendo ao rei Davi, que ia bailando e saltando diante do Senhor, o desprezou no seu coração” (6.16).
Um dia, também Jesus transportou sua própria arca para Jerusalém, nos dias da sua carne, na esperança que fosse reconhecido como Messias autorizado de Deus. E qual a resposta do povo?
“Mas toda a multidão clamou a uma, dizendo: Fora daqui com este, e solta-nos Barrabás... Falou, pois, outra vez Pilatos, querendo soltar a Jesus... Mas eles clamavam em contrário, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o” (Lc 23.18-21).
E como já acentuamos antes – “E, engordando-se Jesurum, deu coices (engordaste-te, engrossaste-te, e de gordura te cobriste) e deixou a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação” (Dt 32.15).
Jeremias também já adiantava em teor profético.
“Deveras, como a mulher se aparta aleivosamente [deslealmente] do seu marido, assim aleivosamente te houveste comigo, ó casa de Israel, diz o Senhor” (3.20).
As duas terão castigo à altura do seu pecado.
“E Mical, a filha de Saul, não teve filhos, até o dia da sua morte” (6.23).
“E, avistando [Jesus] uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente” (Mt 21.19).
E assim como as servas dos servos de Davi dariam o louvor digno a Davi – “E ainda mais do que isto me envilecerei [tornar desprezível], e me humilharei aos meus olhos; mas das servas, de quem falaste, delas serei honrado” (6.22) – também Paulo faria esta distinção.
“E para que os gentios glorifiquem a Deus pela sua misericórdia, como está escrito: Portanto eu te louvarei entre os gentios, e cantarei ao teu nome” (Rm 15.9).
Tenhamos nós um coração manso e humilde que se alegra com os que se alegram com o Senhor, pois em breve nosso Senhor chamará sua noiva para estar com ele para sempre. Estamos todos prontos para este dia?!
A seguir veremos outra faceta da vida de Davi, porém antes do seu reinado.