23 DE AGOSTO DE 2012
Renato, não sei se ainda tem aquela mensagem anterior — a dos quinze anos. Com certeza vou evitar a repetição. Repetir talvez fique cansativo (estude, Renato; pense no futuro, vença, durma mais cedo, tenha responsabilidade, rapaz etc). Para não entrar na mesma vala, vou por outra vereda. Tenho notado que você não é muito chegado aos livros — está envolvido com Internet e seus encantos; isso é muito louvável! Mas vamos logo ao que disse textualmente um sujeito que conhece bem essa maravilhosa tecnologia:
“Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história.” Bill Gates
Ora, você completa hoje 16 anos de idade, embora seja um ótimo estudante, não é um bom leitor... Se me disser que não tem paciência, não tem hábito de ler estará cometendo um engano — vou explicar melhor: desde quanto aprendeu as primeiras palavras, ainda analfabeto, você passou a fazer uma leitura de seu pequeno mundo e, acredite, desde então nunca mais parou de ler. As pessoas, as coisas começaram, desde cedo, a ser identificadas pelas palavras que foram chegando ao seu conhecimento; através delas, você passou, então, a realizar a leitura do pequeno mundo que o cercava: uma briga de vizinho, chuva, frio, batida de carro, bronca de sua mãe e outros que tais se submeteram e se submetem à sua leitura — às vezes fazendo interpretações equivocadas, mas sempre lendo... saiba que o seu entendimento em relação a um fato (realizado com ajuda de substantivos, adjetivos, verbos pronomes etc...) passa a fazer parte de sua memória. Veja bem, outras pessoas também fazem leitura do mundo que as cerca, entretanto, tem gente que faz isso de forma mais atenta e, por sorte nossa, às vezes registra suas impressões através da palavra escrita. O que significa essa leitura mais atenta? Pode significar um trabalho que envolveu muita pesquisa; experiências pessoais boas ou ruins; captação do lado belo da vida — os poetas, por exemplo. O fato é que você tem direito e o dever de conhecer o que ainda não conhece e ampliar aquilo que já conhece, mas isso só será possível se você fizer uma re-leitura cuidadosa de pessoas (escritores) que resolveram escrever suas experiências e emoções vindas da leitura que fizeram de suas realidades, sejam elas quais forem... Finalizando, a vida é efêmera, assim sendo, ninguém tem tempo suficiente para passar pelos múltiplos caminhos feitos pela saga humana senão através de uma leitura consciente daquilo que alguém teve o cuidado de escrever. Guarde essa frase que fiz especialmente para você: Tenha certeza que sair do chão escuro e voar na claridade das alturas através das páginas de livros abertos é viver mais.
Jorge Lemos (orgulhosamente seu padrasto) e autor do livro São Tomé das Letras e o Pacifista
Renato, não sei se ainda tem aquela mensagem anterior — a dos quinze anos. Com certeza vou evitar a repetição. Repetir talvez fique cansativo (estude, Renato; pense no futuro, vença, durma mais cedo, tenha responsabilidade, rapaz etc). Para não entrar na mesma vala, vou por outra vereda. Tenho notado que você não é muito chegado aos livros — está envolvido com Internet e seus encantos; isso é muito louvável! Mas vamos logo ao que disse textualmente um sujeito que conhece bem essa maravilhosa tecnologia:
“Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história.” Bill Gates
Ora, você completa hoje 16 anos de idade, embora seja um ótimo estudante, não é um bom leitor... Se me disser que não tem paciência, não tem hábito de ler estará cometendo um engano — vou explicar melhor: desde quanto aprendeu as primeiras palavras, ainda analfabeto, você passou a fazer uma leitura de seu pequeno mundo e, acredite, desde então nunca mais parou de ler. As pessoas, as coisas começaram, desde cedo, a ser identificadas pelas palavras que foram chegando ao seu conhecimento; através delas, você passou, então, a realizar a leitura do pequeno mundo que o cercava: uma briga de vizinho, chuva, frio, batida de carro, bronca de sua mãe e outros que tais se submeteram e se submetem à sua leitura — às vezes fazendo interpretações equivocadas, mas sempre lendo... saiba que o seu entendimento em relação a um fato (realizado com ajuda de substantivos, adjetivos, verbos pronomes etc...) passa a fazer parte de sua memória. Veja bem, outras pessoas também fazem leitura do mundo que as cerca, entretanto, tem gente que faz isso de forma mais atenta e, por sorte nossa, às vezes registra suas impressões através da palavra escrita. O que significa essa leitura mais atenta? Pode significar um trabalho que envolveu muita pesquisa; experiências pessoais boas ou ruins; captação do lado belo da vida — os poetas, por exemplo. O fato é que você tem direito e o dever de conhecer o que ainda não conhece e ampliar aquilo que já conhece, mas isso só será possível se você fizer uma re-leitura cuidadosa de pessoas (escritores) que resolveram escrever suas experiências e emoções vindas da leitura que fizeram de suas realidades, sejam elas quais forem... Finalizando, a vida é efêmera, assim sendo, ninguém tem tempo suficiente para passar pelos múltiplos caminhos feitos pela saga humana senão através de uma leitura consciente daquilo que alguém teve o cuidado de escrever. Guarde essa frase que fiz especialmente para você: Tenha certeza que sair do chão escuro e voar na claridade das alturas através das páginas de livros abertos é viver mais.
Jorge Lemos (orgulhosamente seu padrasto) e autor do livro São Tomé das Letras e o Pacifista