No Entardecer
Ela chorava copiosamente e inconsolada. Não saberia se
amaria outra vez e no fundo do seu coração, já tinha a
resposta. O vazio predominava em seu íntimo, deixando-a
quase sem ar. As lágrimas queimavam sua face e olhando o
sol se pôr naquele lindo entardecer, chegou na conclusão que era a mulher mais infeliz do mundo.
A vida valeria a pena, agora?
Seus sonhos morreram naquela manhã e ela estava quase morta para o mundo. Como viver a vida, recusando prosseguir no dia-a-dia? Não conseguia encontrar a resposta. Seu coração gritava e ela rangia seus dentes, enlaçada pelo desespero.
O sol estava se despedindo aos poucos e as ondas do mar nunca estiveram tão suaves. Ela notou enfim, que mesmo com o coração em pedaços, seus olhos conseguiam captar a beleza pura daquele momento único. Sentia o perfume doce que impregnava o ar e a brisa que a tocava levemente, fazendo arrepiar sua pele.
Foi nesse momento, como num passe de mágica, que ela desvendou completamente a grande e espetacular maravilha que é viver.
Procurou sentir suas lágrimas e não mais as encontrou.
Procurou pelo grito que havia teimado em sair dos seus lábios, mas o mesmo se desfez.
Levantou-se aos poucos, com seus olhos fixos no pedacinho alaranjado do sol que acabava de sumir atrás do mar. O sol que silenciosamente dizia para a sua alma: " Amanhã voltarei ainda mais belo para encantar o mundo e você...também voltará para enriquecê-lo com sua alegria?
E dentro de si, seu coração renascendo outra vez pulou e duas palavrinhas saíram dos seus lábios:
Eu voltarei.