O AMOR DE MÃE NASCE NA ALMA E NÃO NO SANGUE

Depoimento recolhido no site Filhos Adotivos

www.filholsadotivos.com.br

Autoria: A autora se identifica como "Mãe coruja"

O sonho estava tão perto, como não pude perceber antes?

Fomos chamados, enfim chegara nossa vez na longa fila de espera pelo nosso segundo filho, que emoção, que alegria, o ar mal entrava em meus pulmões, não havia fôlego, só de pensar que estávamos indo buscar nosso pequeno... não dava para acreditar.

Enfim, chegamos no Abrigo que hospedava nosso filho.

Passa por um, passa por outro, mostram-se papéis, berçário, crianças, e... finalmente alguém nos diz: “pode entrar naquela sala, o menino que vocês vieram conhecer está logo ali no 1º berço!”

No “1º berço”: havia um nenezinho, fraquinho, pequenino, com conjuntivite nos olhos, mal conseguia abri-los, aqueles olhinhos pretos, inchados, fixos em nossa direção, como que, numa súplica:

“só quero ser amado”.

Naquele momento, ele esboçou um sorriso, que por toda minha existência jamais será esquecido. Aquele era o MEU FILHO!

Soubemos, que nosso filho fora abandonado em um hospital aos dois meses de vida, com infecção generalizada, meningite, desnutrição aguda, anemia, cianose, passando por 2 transfusões de sangue,

ficou na U.T.I. por duas semanas...

Era um histórico assustador, mas não vacilamos um só momento.

Toda mãe sonha em ter um filho perfeito, bonito, inteligente, mas na hora em que os olhares se cruzam, a intuição de mãe fala mais alto, e nesse momento, não importa cor, tipo de cabelo, saúde, histórico de vida, não importa nada, o que conta é o “daqui para frente”, ele é todinho seu. E assim o foi, trouxemos nosso filho para casa.

De imediato nosso pequeno foi cercado de muito amor por toda a família e amigos, apesar de doentinho, estava sempre sorrindo.

Levamos nosso filho ao médico, que após examinar, nos deu um conselho: “Devolva!”.

Eu com meu filho nos braços, ouvindo o parecer do médico, fiquei desesperada, sim desesperada!.

O que faria agora? Por onde começar a luta?

O médico falou que meu bebê ficaria anão, poderia ter seqüelas da meningite, sofrida com tão pouco tempo de vida, poderia ser um portador do temeroso vírus HIV, afinal de contas foram 2 transfusões de sangue, poderia ter problemas mentais, pois havia chegado ao hospital com cianose, tinha broncopneumonia...

Meu Deus, o que fazer?

Devolver, jamais passou por nossas mentes, ele era nosso!

Com a senssibilidade a flor da pele eu só conseguia chorar.

Meu marido, forte batalhador, grandioso homem, virou para mim e disse:

“Meu bem, se nosso filho tiver que parar de crescer mais cedo do que as outras crianças, se for portador de alguma deficiência, o que poderemos fazer? Assim é a vida, não chore.

O importante é lutarmos para recuperar esses seis meses de vida que nosso filho teve de sofrimento em função da ausência do LAR.”

Chorei por três dias e três noites, acordava no meio da noite para chorar, não achava uma saída, após o 3º dia, acordei, resolvi parar de chorar e ir à luta.

De lá para cá passamos por uns 15 médicos.

Se alguém me falava, olha tem um médico na “China” que vai curá-lo, lá íamos nós.

Nessa jornada, passamos com ele por médicos alopatas, espíritas, homeopatas, acupunturistas, massagistas, especialistas em florais, “benzedores”, etc.

Quando ele piorava, corríamos ao Pronto Socorro, para atendimento de urgência, e logo no início do dia seguinte, levávamos ao seu pediatra.

Remédios, remédios e mais remédios.

Quando tudo parecia melhorar, ele tinha outra recaída.

Chegou a ficar uma semana internado com dificuldades respiratórias.

Tudo parecia estar acontecendo.

E assim foi indo, o dia todo, todos os dias...

Depois que ele saiu do hospital, já mais fortalecido, começamos a fazer os exames.

Atualmente, ele se encontra recuperado, não tem nenhuma deficiência, não sofre mais de doença alguma, atingiu a altura normal, é uma criança que chama atenção dos outros na rua de tão lindo que é.

Com todo amor do mundo, ele ultrapassou todos os obstáculos.

Aprendi a ser forte, encarar os fatos da vida como nos são trazidos.

Ergui minha cabeça e lutei muito.

Hoje, tenho um filho que toda mãe sonha:

um menino dócil, amável, ativo, inteligente, bonito, e tão normal quanto qualquer outra criança da idade dele.

Porém, em especial: um enviado de Deus.

Escapou da morte para nos trazer a vida!

Assinado

Mãe coruja!

Antônio Oliveira
Enviado por Antônio Oliveira em 26/02/2008
Reeditado em 26/02/2008
Código do texto: T876792